As quedas com resultados inferiores à média nacional foram em Santa Catarina (-5,1%), Paraná (-4,3%), Pará (-3,7%), São Paulo (-3,3%), Goiás (-2,9%), Amazonas (-2,9%), Espírito Santo (-2,2%), Minas Gerais (-1,7%), Bahia (-1,3%) e Rio de Janeiro (-1,1%). Completaram o conjunto de locais com índices negativos Mato Grosso (-0,4%) e Rio Grande do Sul (-0,2).
Produção Industrial em Setembro
Dos 12 locais que apresentaram queda no mês de setembro, em 8 o setor de alimentos esteve entre as principais influências nos resultados. Destaque para São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Pará e Minas Gerais.
“A inflação está impactando mais os produtos alimentícios, principalmente os da cesta básica. Isso afeta a cadeia produtiva. Observamos, ainda, que o desemprego está caindo, porém, a informalidade tem aumentado e o rendimento médio continua baixo. Assim, menos alimentos foram produzidos, já que as famílias estão deixando de consumi-los, visto a perda de poder aquisitivo causada pela inflação, e isso pode explicar a queda do setor”, disse Bernardo Almeida, analista da PIM Regional.
O estado de São Paulo apresentou o menor resultado na comparação mensal desde abril de 2022, quando atingiu a marca de -4,5%. Maior influência na indústria nacional, o estado continua sendo o termômetro dos resultados observados para o mês.
“Os setores de alimentos e derivados do petróleo foram os que mais influenciaram negativamente o resultado. Vale lembrar que São Paulo representa aproximadamente 34% da concentração industrial e no mês de setembro encontra-se 23,9% abaixo de seu patamar mais alto, atingido em março de 2011. Na comparação com os resultados pré-pandemia, está 2,5% abaixo de fevereiro de 2020”, avalia Almeida.
De acordo com o analista, pelo lado da oferta, os fatores negativos começam a ser suavizados, como o desabastecimento de insumos e o encarecimento das matérias primas. “Esses fatores, além das incertezas em relação à conjuntura macroeconômica do Brasil, afetam as tomadas de decisões dos produtores e dos consumidores, reduzindo o seu consumo para reter um pouco o poder aquisitivo”, aponta.
Outros destaques de recuo e avanço da Produção Industrial
Outras localidades que se destacaram negativamente em setembro foram Santa Catarina e Paraná, maiores quedas do mês em números absolutos.
“A taxa de Santa Catarina se baseia principalmente nos resultados dos setores de máquinas e equipamentos e de alimentos. É o segundo mês consecutivo de índice negativo com perda acumulada de 10,2%. Os resultados do Paraná, que obteve a segunda maior influência no resultado nacional, foram afetados principalmente pelos setores de derivados de petróleo, de veículos e de alimentos. Aliás, é a quarta taxa negativa consecutiva para a indústria paranaense com uma perda acumulada de 8,0%”, explica Almeida.
Pelo lado das taxas positivas, o Ceará, com crescimento de 3,7%, eliminou grande parte das perdas acumuladas no período de junho-agosto (-4,6%). Já Pernambuco, com alta de 2,0%, intensificou o resultado positivo observado em agosto, quando apresentou alta de 0,1%. A região Nordeste (0,6%) assinalou a outra taxa positiva no período.
Segundo Almeida, no Ceará, o setor de artefatos de couro, artigos de viagens e calçados foi o principal responsável pelos resultados. Seguido pelo setor de bebidas, muito atuantes na indústria local.
“A alta da produção industrial em setembro vem após três meses seguidos de resultados negativos, quando acumulou 4,6% de queda, e ajuda a eliminar parte da perda dos meses anteriores. Já em Pernambuco, o resultado é explicado principalmente pelo açúcar. Visto que aconteceu o retorno da safra do açúcar no Nordeste e a indústria pernambucana sofre grande influência desse setor em sua produção”, esclarece.
Outras bases de comparação
Frente a setembro de 2021, o setor teve alta em 8 dos 15 locais pesquisados. Mato Grosso (37,5%) e Amazonas (13,7%) assinalaram as expansões de dois dígitos mais acentuadas. Rio Grande do Sul (4,7%), Rio de Janeiro (4,4%), Região Nordeste (3,4%), Ceará (2,5%) e Pernambuco (1,7%) também registraram taxas positivas mais elevadas do que a média nacional (0,4%). Enquanto São Paulo (0,2%) completou o conjunto de locais com crescimento na produção.
Por outro lado, Espírito Santo (-14,7%) e Pará (-13,4%) apontaram os recuos mais acentuados. Paraná (-8,0%), Santa Catarina (-6,2%), Minas Gerais (-3,6%), Bahia (-3,0%) e Goiás (-0,6%) mostraram os demais resultados negativos. O IBGE ressalta que o mês de setembro de 2022 teve o mesmo número de dias úteis do que igual mês do ano anterior (21).
Já o acumulado no ano (janeiro-setembro)
Foi negativo em 8 dos 15 locais pesquisados, com destaque para Pará (-8,8%) e Espírito Santo (-4,9%). Santa Catarina (-3,9%), Ceará (-3,7%), Pernambuco (-2,9%), Minas Gerais (-2,3%), Paraná (-1,8%) e São Paulo (-1,5%) completaram o conjunto de locais com recuo na produção no índice acumulado no ano.
Por outro lado, Mato Grosso (25,7%) apontou a maior alta acumulada no ano. Bahia (5,6%), Amazonas (4,8%), Rio de Janeiro (3,9%), Rio Grande do Sul (1,7%), Goiás (1,4%) e Região Nordeste (0,9%) mostraram as demais taxas positivas no mesmo período.
No acumulado dos últimos 12 meses, 9 dos 15 locais pesquisados registraram taxas negativas. Mato Grosso (de 18,9% para 23,2%), Amazonas (de -1,2% para 1,2%), Região Nordeste (de -4,2% para -2,6%), Ceará (de -8,0% para -6,6%), Bahia (de -0,5% para 0,6%) e Goiás (de -0,2% para 0,7%) mostraram os principais ganhos, enquanto Espírito Santo (de -2,9% para -4,2%), Paraná (de -0,9% para -1,6%) e Minas Gerais (de -1,6% para -2,3%) assinalaram as maiores perdas entre os dois períodos.
Nesse período, houve recuo de 2,3% no índice geral, mas reduziu a intensidade de perda frente aos meses de julho (-3,0%) e agosto (-2,7%).
Fonte: agenciabrasil