O envelhecimento da população e a preocupação com a agenda ESG (Environmental, Social and Governance) vai encarecer as linhas de produção
Em 2023, o mundo não será o mesmo que estamos acostumados a ver. Desde a queda das torres gêmeas, 21 anos atrás, os bancos centrais de diversos países respondem a qualquer tipo de crise mediante uma oferta generosa de moeda, como ocorreu com o caso do Lehman Brothers e a covid-19.
A quantidade disponível de dinheiro nos Estados Unidos, hoje, é quase cinco vezes maior do que dez anos atrás. Surpreendentemente, não houve, durante esse período, nenhum surto inflacionário.
Os motivos que explicam são vários, como a ascensão da China, nos últimos 20 anos, como exportadora quase que ilimitada de produtos baratos, o pouco cuidado com o meio ambiente, a tecnologia e a demografia (pessoas mais novas poupam mais e gastam menos, ou seja, são “deflacionárias”).
Contudo, tudo isso parece estar mudando: o gigante asiático entrou em rota de conflito com o país norte-americano. Assim, as cadeias produtivas vão se encurtar, diminuindo a exportação de “deflação” da China para o Ocidente. Sem contar a política não tão pró-mercado de Xi Jinping. Que vai “ferir” o rendimento da economia do país e a capacidade deste de produzir cada vez mais barato.
Por outro lado, o envelhecimento da população e a preocupação com a agenda ESG (Environmental, Social and Governance) vai encarecer as linhas de produção. Sem que a tecnologia possa fazer o caminho contrário.
Este processo já é sentido nos índices de inflação mundiais. Além disso, a guerra entre Rússia e Ucrânia encareceu o preço da energia, via gás e petróleo, penalizando todo o globo, em especial, a Europa.
O mundo em 2023
Os níveis inflacionários em alguns países de todo o continente, na Zona do Euro e nos Estados Unidos chegaram, na metade do ano, a bater os dois dígitos. E, apesar de já terem arrefecido, continuam ainda em níveis muito altos.
É certo que a inflação tem vetores distintos nos Estados Unidos e na Europa. No primeiro, a pressão da demanda – principalmente pelos serviços – é imensa.
Um número assustador: no país, que acumula aproximadamente 6 milhões de desempregados e 10 milhões de vagas abertas, muitas prestadoras de serviço estão funcionando com capacidade reduzida por falta de mão de obra.
Assim, o mercado de trabalho pressiona a inflação, possibilitando que esta afete os preços. Na Europa, este “inchaço” já tem um componente mais volátil, graças ao alto custo da energia e à dependência da Rússia.
Além disso, a China ainda enfrenta mais uma severa onda de covid-19, e as previsões de crescimento para este ano e para o próximo já chegam a 3% e 4%, respectivamente.
Desta forma, mesmo a inflação não assustando o país, o produto, somando à nova tendência antimercado adotada pelo governo e aos surtos de coronavírus, resulta em crescimento menor.
Este é o mundo que se apresentará ao Brasil em 2023: Estados Unidos e Europa enfrentando juros maiores e nível de atividade menor, para tentar deter o surto inflacionário. E China desacelerando e prejudicando, em parte, as exportações do País.
Em suma, ano que vem, sem dúvida, será mais desafiador, com menos liquidez e crescimento mundial inferior.
O copo meio cheio? Estamos nos preparando melhor para conter o problema inflacionário, com possibilidade de emergirmos como opção de investimentos. Só dependerá das decisões do novo governo.
Fonte: contabeis