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Open Banking: as mudanças no sistema financeiro brasileiro

OPEN BANKING: as mudanças no sistema financeiro brasileiro

O Open Banking no Brasil está completando um ano hoje, 01 de Fevereiro de 2022. Introduzido no sistema financeiro brasileiro com a intenção de deixá-lo mais moderno, a ideia do Banco Central era a de amplificar a concorrência entre bancos. Dessa forma, a oferta de produtos e serviços seria aperfeiçoada a partir do compartilhamento de dados dos correntistas de uma instituição para a outra.

Durante este tempo, o projeto de sistema financeiro aberto passou por muitas mudanças que atrapalharam seu cronograma inicial. Uma das razões está relacionada ao open finance, compartilhamento mais amplo de informações financeiras, que inclui seguros, investimentos e operações de câmbio.

Com isso, a contratação desses serviços em instituições onde não se tem relacionamento deve ficar mais fácil. Já que, com seus dados financeiros, o consumidor poderá usar o histórico de uma empresa em outra, para assinar o produto que melhor lhe atenda.

Passado um ano, os números já são animadores para o Banco Central, segundo Juan Ferrés, CEO da Teros, empresa que desenvolve soluções tecnológicas para bancos. Isso porque, além das 100 instituições já certificadas para usá-lo, qualquer empresa de pagamento que usa o sistema Pix também será obrigada a aderir. “E temos mais de mil empresas no Brasil nessa situação”, destaca.

As fases do Open Banking

Três fases do O Open Banking já foram concluídas até o momento e a quarta está prevista para ser concluída em Março de 2022, são elas:

  • Primeira fase (01/02/2021): instituições financeiras começaram a uniformização de seus canais de atendimento e a divulgação dos produtos e serviços tradicionais oferecidos. Ainda sem compartilhamento de dados, mas com a facilidade para os correntistas de comparar as taxas cobradas pelos bancos.
  • Segunda fase (13/08/2021): clientes começaram a demonstrar interesse em compartilhar dados pessoais, informações bancárias e produtos contratados a fim de facilitar contratações futuras. 
  • Terceira fase (29/10/2021): a possibilidade de realizar transações usando o Pix de maneira segura sem ter que acessar a conta bancária. Isso marcou a integração entre o open banking e o meio de pagamentos instantâneos.
  • Quarta fase (15/12/2021): de maneira progressiva, até 25 de março, outros serviços financeiros serão incluídos no sistema. O intuito é acrescentar apólices de seguros, previdência complementar, investimentos e operações de câmbio ao conceito de open finance.

O atraso na implementação do Open Banking

Apesar dos atrasos, explica Juan, só o sistema ter saído do papel já é um ponto positivo, pois o Brasil entrou para o mapa mundial de banco aberto. Esta lista inclui diversos países desenvolvidos como o Reino Unido, um dos primeiros a implementar uma iniciativa de sistema financeiro aberto servindo de norte para outros governos.

“Os grandes bancos já estão usando o open banking, e isso permite que novos produtos sejam criados a partir do sistema. Além disso, já temos a perspectiva de open finance, com aumento da expectativa de ganho para outros setores, como os de seguros e investimentos. E isso vai fazer com que o processo financeiro se adapte à jornada do consumidor, diferente do que acontece hoje”, avalia.

Para a consultoria americana Deloitte, o programa tem efeitos para além da concorrência entre os bancos. “À medida que os limites entre os serviços financeiros e outros setores se rompem, o relacionamento das empresas com seus clientes, bem como a distribuição de risco e responsabilidade entre empresas e setores, vão mudar fundamentalmente”, alerta a empresa.

Brasileiros são favoráveis ao compartilhamento de seus dados

Uma pesquisa encomendada pela Quanto, plataforma de soluções financeiras, mostrou que 6 em cada 10 brasileiros estão dispostos a compartilhar informações de seus relacionamentos financeiros. Mas com a condição de que conheçam os benefícios que essa ação poderá trazer. Entre os principais interesses, estão: taxa de juros menor, maior satisfação e disponibilidade de produtos e serviços.

Explicar os benefícios do compartilhamento de dados, inclusive, tem sido um dos desafios de divulgação do open banking. Algumas instituições investiram fortemente na propaganda, mas ainda não há dados consolidados sobre o total de correntistas que já optaram pela função.

“O usuário é muito mais propenso a compartilhar seus dados quando ele entende os benefícios reais que terá”, comenta Victoria Amato, líder da área de negócios da Quanto. “Essa preocupação com a contextualização para o usuário deve ser essencial para que o open banking tenha no Brasil um impacto ainda maior do que o que vimos em países como Reino Unido e nos Estados Unidos”, completa.