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O banco de sementes tem se tornado cada vez mais importante para evitar essa realidade

O que é um banco de sementes e para que ele serve?

A preocupação com a biodiversidade e com o futuro se tornou o nosso presente, e chegou à nossa porta antes do esperado

Um banco de sementes é um local onde são mantidas condições adequadas para conservar amostras de sementes de diferentes espécies de plantas. A estratégia tem sido cada vez mais importante para o nosso planeta e nossa sobrevivência.

Assim, a preocupação com a biodiversidade e com o futuro se tornou o nosso presente, e chegou à nossa porta antes do esperado. Saber que duas em cada cinco plantas estão ameaçadas ou correndo risco de extinção já seria suficiente para perceber isso.

Por consequência, muitos alimentos também podem desaparecer de nossas mesas. Desse modo, o banco de sementes tem se tornado cada vez mais importante para evitar essa realidade. Além disso, ele tem a capacidade de regenerar uma área degradada ou, ainda, contaminar uma plantação agrícola com espécies invasoras.

Um banco de sementes pode também ser utilizado como indicador do potencial de regeneração de áreas a serem restauradas. Ele é mais eficiente quando é coletado mais de uma vez no ano, pelo menos duas vezes, na estação chuvosa e na estação seca.

Os bancos comunitários de sementes são tecnologias sociais de armazenamento, distribuição, doação e “empréstimo” de sementes nas comunidades.

Aliás, estima-se que existam mais de 1500 bancos de germoplasma em todo o mundo. O germoplasma é o conjunto de amostras de materiais genéticos que guardam as características genéticas de uma espécie. Pode ser parte do tecido vegetal, órgãos das plantas ou até mesmo a própria planta.

Banco Sementes

O germoplasma é a fonte de variabilidade genética disponível para o melhoramento de plantas. É uma fonte rica de diversidade genética, fundamental para o desenvolvimento de plantas transgênicas com características agronômicas aprimoradas, por exemplo.

Os bancos de germoplasma são locais onde são mantidas as coleções de amostras de indivíduos visando conservar a variabilidade genética existente em uma ou mais espécies. Assim, os recursos são chamados genericamente de “germoplasma” e podem ser sementes ou partes de plantas, embriões, sêmen, tecidos ou microrganismos.

Praticamente todos os países têm os seus bancos nacionais, focados em espécies de importância para o próprio país. Mas, sem dúvida, o mais importante é o Svalbard Global Seed Vault, localizado na remota ilha norueguesa de Spitsbergen, considerado o maior centro de germoplasma do mundo.

Os bancos de sementes em todo o mundo têm mais de 6 milhões de acessos conservados. A estimativa é que 10% desses acessos estejam guardados nos centros do CGIAR (Conselho de Pesquisa Agrícola Internacional).

O Brasil também tem bancos de germoplasma, como o banco de germoplasma de algas marinhas, localizado no Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo-USP.

O Banco Genético da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, em Brasília, conserva uma cópia de segurança dos Bancos Ativos de Germoplasma das espécies que têm sementes ortodoxas. Atualmente, o Banco Genético conserva as sementes de 115 mil acessos, de 1079 espécies.

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Iniciativa semeada há muito tempo

O primeiro banco de sementes do mundo sobreviveu à Segunda Guerra Mundial porque 12 cientistas preferiram morrer de fome a comer os grãos que estavam sendo preservados para as gerações futuras.

De lá para cá, a necessidade só cresce diante do quadro de mudanças climáticas, desastres naturais, crescimento da população mundial e menos variedades de espécies mais resistentes.

Portanto, o objetivo é assegurar a preservação do maior número possível de plantas para a posteridade. As amostras de sementes preservadas em condições de umidade estável, baixa temperatura constante e quase nada de luz ou escuridão.

Banco Mundial de Sementes, a nova Arca de Noé

Pouca gente sabe onde fica a ilha de Svalbard, localizada entre a Noruega e o Polo Norte. É lá que fica o Svalbard Global Seed Vault (Banco Mundial de Sementes), um enorme depósito de sementes de todo o mundo. É também conhecido como a “Arca de Noé” e o “Cofre do Apocalipse”.

O banco de sementes construído em 2008, próximo da localidade de Longyearbyen, no arquipélago Ártico de Svalbard, a cerca de 1300 km ao sul do Polo Norte. Sendo assim, é o maior banco de sementes do mundo.

O Svalbard Global Seed Vault é uma reserva de sementes para uso em caso de um evento apocalíptico ou uma catástrofe global. O objetivo é oferecer proteção de longo prazo para um dos recursos naturais mais importantes do planeta.

Assim, é uma grande estrutura de concreto construída a 100 metros para dentro de uma montanha coberta de gelo, com o objetivo de salvaguardar a biodiversidade das espécies vegetais e, assim, evitar sua extinção. Mais de 1 milhão de espécies de sementes do mundo todo estão guardadas neste cofre, construído para resistir a desastres climáticos e até a explosões nucleares.

Aliás, o Brasil já enviou sementes de importantes culturas para o Svalbard Global Seed Vault. Nos últimos anos, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) mandou mais de 4 mil sementes de diversas variedades, entre elas arroz, feijão, milho, cebola, pimentas e cucurbitáceas, que são melancia, pepino, abóboras, entre tantas outras.

Sementes em uso

Diversos estudos exemplificam o papel dos bancos de sementes na revegetação de áreas degradadas, chamadas pelos cientistas de áreas que sofrem perturbações.

Essa perturbação refere-se a áreas de pastagens, agricultura, terras que sofrem com chuvas e incêndios, beira de rios e lagos que oscilam o nível de água devido à sazonalidade, pântanos, regiões árticas e alpinas e florestas.

Essas áreas apresentam bancos de sementes adaptados aos tipos de perturbações sofridas. Ecossistemas de cerrado, que sofrem incêndios frequentes, apresentam sementes enterradas no solo com grande capacidade de germinação após o término do fogo. Beira de rios e lagos apresentam sementes de depleção, com capacidade de germinação e crescimento rápido, capazes de impedir a erosão destas áreas e o consequente assoreamento desses ecossistemas.

Contudo, a atividade humana também interfere nesses ecossistemas e o banco de sementes entra como um restaurador e administrador da vegetação.

Vantagens e desvantagens dos bancos de sementes

Não são uma opção viável para todas as plantas do mundo. Segundo estudo publicado na revista Nature Plants, 36% das espécies vegetais ameaçadas de extinção não podem armazenar em bancos de sementes. As chamadas plantas recalcitrantes (como as castanhas) não suportam um certo grau de dessecação e não podem facilmente conservadas.

Além disso, há inconvenientes como o elevado preço da sacaria e a necessidade de amplo espaço físico durante um período relativamente longo também são desvantagens.

Porém, há muitas vantagens para o futuro. Assim, permitem conservar e aumentar a diversidade das espécies. Ajudam a repor as sementes necessárias se perdidas devido a desastres naturais ou causados pelo homem, como a poluição.

Oferecerão variedade genética suficiente para poder desenvolver outras variedades, por exemplo, para criar culturas resistentes a pragas, tolerantes à seca ou para alimentar uma população mundial em crescimento.

Assim, também protegem espécies mais raras e valiosas porque os bancos de sementes permitem que o material genético tenha preservação e posteriormente reintroduzido em grande escala no meio ambiente.

E diante desse cenário, podem ser uma garantia para o futuro da agricultura e da nossa alimentação.

Fontes: olhardigital, iberdrola, eCycle