Instabilidade na rede de serviço Cloudflare, atingiu plataformas famosas da internet como o ChatGPT, Down Detector e até o gov.br
A internet amanheceu “instável”nesta terça-feira (18) depois que a rede de serviço Cloudflare, uma das maiores fornecedoras de infraestrutura da web, apresentou falhas e interrompeu o funcionamento de centenas de sites. Em muitos casos, as páginas até chegavam a abrir, mas sem carregar o conteúdo. Para outros usuários, o acesso simplesmente não funcionava.
Essa instabilidade atingiu plataformas como o ChatGPT, Down Detector e até o gov.br. A rede social X (antigo Twitter), que nos últimos meses também passou a operar seus conteúdos através da Cloudflare, registrou falhas no carregamento do feed.
A página oficial de status da empresa confirmou que investigam a origem do erro. Como a Cloudflare atua como uma espécie de “ponte” para inúmeros sites do mundo inteiro, qualquer falha nessa estrutura provoca um efeito cascata, derrubando serviços que dependem da plataforma para funcionar.
O que é a Cloudflare?
A Cloudflare é uma empresa de infraestrutura que atua como intermediária entre sites e usuários, acelerando o carregamento de páginas e protegendo servidores contra ataques cibernéticos.
Em vez de acessar um site diretamente, o usuário passa primeiro pelos servidores da Cloudflare, agindo como um proxy reverso, que filtram ameaças, distribuem conteúdo em redes globais (CDN) e evitam sobrecarga durante picos de tráfego.
É por meio dela que um usuário sai de uma newsletter para um link externo, por exemplo. Quando essa camada apresenta falhas, uma grande quantidade de sites fica indisponível, causando o efeito de “queda em cadeia” visto nesta terça-feira.
Como funciona o proxy reverso
Proxy é um servidor na frente de um grupo de máquinas clientes. Quando computadores tentam acessar um site, o servidor proxy intercepta a solicitação e se comunica com servidores web em nome desses clientes, como um intermediário.
Proxy reverso: se o proxy “direto” fica em frente aos clientes, o reverso fica antes dos servidores web, interceptando solicitações dos clientes.
Assim, quando os clientes enviam solicitações ao servidor de origem de um site, essas solicitações são interceptadas antes. Ou seja, o proxy não apenas filtra as requisições, ele é quem faz as requisições ao servidor de origem.
Por que a queda da rede de serviço Cloudflare derruba tantos sites da internet?
Como já mencionado, o Cloudflare não é um serviço de hospedagem tradicional, pois atua como intermediário entre o servidor de um site e o dispositivo do usuário. Esse papel envolve duas funções fundamentais:
- Acelerar o carregamento de páginas: por meio da chamada CDN (rede de distribuição de conteúdo), que replica partes do site pelo mundo, diminuindo a distância entre o servidor e quem acessa.
- Proteger contra ataques: especialmente ataques DDoS, capazes de derrubar um site apenas pelo volume excessivo de requisições.
Quando esse “escudo” falha, toda a cadeia que depende dele deixa de funcionar. Assim, é como se a porta de entrada para inúmeros sites ficasse indisponível ao mesmo tempo.
O que se sabe sobre a falha
Os primeiros relatos começaram no início da manhã. Para parte dos usuários, os sites carregavam apenas a estrutura básica, menu, layout, mas nenhum conteúdo aparecia.
Para a maioria, a queda foi total: páginas não abriam, vídeos não carregavam e serviços pararam de responder. Ao acessar alguns sites, a mensagem informada era de “Please unblock challenges.cloudflare.com to proceed”.
Havia uma manutenção programada para esta terça-feira em um datacenter de Los Angeles, prevista para acontecer entre 10h e 14h no horário UTC, período que coincide com os primeiros relatos de instabilidade. Ainda não há confirmação de que os eventos estejam relacionados.
A empresa reconhece a instabilidade, classificou o problema como global e informou que equipes trabalham para restabelecer totalmente os serviços. Até a última atualização dessa matéria, porém, não havia previsão oficial para conclusão da correção nem detalhes sobre a origem da instabilidade.
Lembra dele?
Em setembro de 2024, a empresa entrou no centro da discussão sobre o bloqueio do X no Brasil. Para burlar a ordem judicial determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, a plataforma de Elon Musk passou a utilizar um recurso da Cloudflare chamado proxy reverso, que mascara os verdadeiros endereços de IP do site.
Ao operar “por trás” da Cloudflare, o X passou a compartilhar infraestrutura com milhares de serviços que usam os mesmos IPs. Isso tornou inviável o bloqueio técnico sem derrubar uma lista enorme de sites, incluindo páginas do governo.
Fonte: gzh




