Os níveis de gelo no mar da Antártica atingiram o menor nível da história no mês de junho
Os níveis de gelo no mar da Antártica atingiram o menor nível da história no mês de junho. O alerta veio da Organização Meteorológica das Nações Unidas, órgão ligado à ONU.
Para quem tem pressa:
- Os níveis de gelo no mar da Antártica atingiram o menor nível da história no mês de junho;
- O gelo está 17% abaixo da média, o que representa o nível mais baixo desde o início das observações de satélite;
- O alerta veio da Organização Meteorológica das Nações Unidas, órgão ligado à ONU;
- Esse fenômeno pode acelerar o aquecimento global e ameaçar muitas espécies.
Aliás, foi esse órgão que apontou que o mês de junho foi o mais quente já registrado no planeta. Com isso, houve um aumento do derretimento das geleiras.
Ainda segundo a ONU, o gelo está 17% abaixo da média, o que representa o nível mais baixo desde o início das observações de satélite.
Gelo da Antártica
Após um derretimento histórico em fevereiro, a camada de gelo da Antártica luta para se recuperar, por mais que o inverno já tenha começado no hemisfério sul.
Portanto, esse fenômeno pode acelerar o aquecimento global e ameaçar muitas espécies no oceano.
O manto de gelo antártico tinha um déficit de 2,5 milhões de quilômetros quadrados no final de junho, uma área ligeiramente menor que a da Argentina (2,78 milhões de km2), em relação à média entre 1991 e 2020, segundo o observatório europeu Copernicus.
Agora, sua extensão está “extraordinariamente baixa”, de acordo com Ed Blockley, que chefia o grupo Clima Polar no Met Office, o serviço meteorológico do Reino Unido.
Assim, para Jean Baptiste Sallée, oceanógrafo e climatologista do CNRS (Centro Nacional Francês de Pesquisa Científica) é “um evento sem precedentes e preocupante”.
Mudanças climáticas
Até pouco tempo, a camada de gelo da Antártica parecia escapar dos efeitos do aquecimento global.
Por 35 anos, ela se manteve estável ou até aumentou ligeiramente, atingindo uma extensão recorde de mais de 20 milhões de km2 em setembro de 2014, pela primeira vez desde 1979.
“Em 2015 tudo mudou. Em dois ou três anos perdeu-se o que se ganhou em 35 anos. Desde 2016, batemos recordes quase todos os anos e esses recordes não são independentes uns dos outros.” Disse, François Massonnet, climatologista da Universidade Católica de Leuven, na Bélgica.
Uma hipótese seria, segundo ele, que se trata de um fenômeno autossustentável. Assim, o oceano aquece mais fortemente durante o verão, devido à falta de gelo. Então, “quando o inverno volta, primeiro precisa liberar todo o excesso de calor antes de formar gelo marinho”, explicou ele.
Além disso, este gelo mais fino, derrete mais rápido quando o verão retorna.
Consequências
A redução do gelo marinho poderia exacerbar o aquecimento global. O oceano, mais escuro, reflete menos os raios do sol do que o gelo branco, por isso armazena mais calor.
Portanto, á medida que derrete, o manto de gelo também perderá seu papel de amortecedor entre as ondas e a calota polar no continente antártico. Aliás, isso poderia acelerar o fluxo de geleiras de água doce para o oceano.
Por último, a redução do gelo marinho ameaça o rico ecossistema que ele sustenta.
“O gelo forma terraços, túneis e labirintos que servem como refúgios onde os animais podem se esconder dos predadores. Dessa forma, o gelo marinho também é uma área de descanso, de muda e reprodução para muitos mamíferos e aves marinhas.” Disse, Sara Labrousse, pesquisadora de ecologia polar do CNRS.
Sendo assim, a redução do gelo marinho “pode colocar em risco diferentes populações”, alertou a pesquisadora.
Fonte: ONU