Novo sinal do endurecimento do regime, apesar de suas promessas iniciais mulheres afegãs
O novo regime Talibã anunciou (26) que as mulheres afegãs que desejam viajar longas distâncias devem estar acompanhadas por um homem de sua família imediata. Trata-se de um novo sinal do endurecimento do regime, apesar de suas promessas iniciais.
Burca para as mulheres afegãs
Durante seu primeiro governo, os talibãs obrigaram as mulheres a usar a burca. Elas só tinham permissão para sair de casa acompanhadas por um homem e impedidas de trabalhar ou estudar.
Quando retornaram ao poder em agosto deste ano, o movimento Talibã, que precisa do reconhecimento da comunidade internacional e de ajuda humanitária, afirmou que seria mais aberto que durante o regime anterior.
“Vemos cada dia um pouco mais quem os talibãs são de verdade, quais os seus pontos de vista para os direitos das mulheres. E é uma imagem muito, muito sombria”, declarou Heather Barr, da ONG Human Rights Watch.
Prisioneiras
“Esta nova ordem vai mais longe na direção de transformar as mulheres em prisioneiras “, acrescentou Barr.
O ministério da Promoção da Virtude e Prevenção do Vício anunciou outras medidas, como por exemplo a proibição de ouvir música nos veículos.
Não está claro no momento até que ponto as recomendações serão implementadas. Mas no sábado combatentes talibãs instalaram barreiras em alguns pontos da capital, Cabul, para informar os motoristas.
A diretriz foi divulgada poucas semanas depois de o ministério solicitar aos canais de televisão do país que não exibam “novelas com mulheres”, além de exigir que as jornalistas usem o “véu islâmico” diante das câmeras.
O Talibã não explicou o que considera “véu islâmico”. Se apenas um lenço na cabeça ou se deve cobrir o rosto. Pois a maioria das mulheres afegãs usa roupas que cobrem muito mais.
Direitos das mulheres afegãs
Ao mesmo tempo, o regime apresenta sinais no sentido contrário. Em várias províncias, as autoridades locais aceitaram abrir as escolas para as meninas, embora muitas delas ainda não possam frequentar as aulas.
No início de dezembro, um decreto em nome do líder supremo do movimento Talibã, o mulá Hibatullah Akhundzada, pediu ao governo para cumprir os direitos das mulheres. Mas sem mencionar o direito à educação.
Fonte: RFI