Serão cerca de 1,5 milhão de toneladas a mais da safra brasileira
A safra brasileira de cereais, leguminosas e oleaginosas deve alcançar 263 milhões de toneladas em 2022. Essa foi a estimativa feita no mês de maio pelo Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA), divulgado pelo IBGE. Esse levantamento, dessa forma, foi comparado ao previsto no mês anterior. Desse modo, a produção deve crescer 0,6%. O que representa 1,5 milhão de toneladas a mais. No entanto, a estimativa é de que a safra deste ano seja 3,8% maior do que a de 2021, quando a colheita foi de 253,2 milhões de toneladas de grãos.
De acordo com gerente de agricultura do IBGE, Carlos Alfredo Guedes, o crescimento da estimativa se explica pelo desempenho de produção do milho, do trigo e da soja. “A produção do milho deve alcançar novo recorde. A colheita da segunda safra está começando agora. E as condições climáticas são boas. Especialmente em Mato Grosso e Paraná, que são os principais produtores desse grão”, explica. A segunda safra responde por 77% da produção brasileira desse cereal.
O milho, com a soma de suas duas safras, deve totalizar 112 milhões de toneladas. É um crescimento de 0,1% frente ao mês anterior e de 27,6% na comparação com o que se produziu no ano passado. O atraso no plantio e a falta de chuvas causaram uma forte queda na produção do grão em 2021. O que não deve acontecer neste ano. Entre os estados com maior crescimento na segunda safra do milho frente à produção de 2021 estão Paraná (178,3%). Bem como, Mato Grosso do Sul (80,9%), Mato Grosso (17,1%) e Goiás (9,9%).
A soja é o grão de maior peso representando 45,1% do total
Já a soja, que está com a colheita praticamente finalizada nos principais estados produtores, deve somar 118,6 milhões de toneladas. Principal produto de exportação do país, essa cultura teve a safra atingida pelos efeitos da estiagem nos estados do Sul. Em parte de Mato Grosso do Sul e em São Paulo. Os problemas climáticos fizeram a produção da soja cair 12,1% na comparação com 2021.
“A soja foi plantada na época certa, mas faltou chuva em grandes estados produtores em novembro, dezembro e janeiro. Isso afetou muito a produção. No Rio Grande do Sul, por exemplo, a produção de soja caiu 55%. Em relação ao ano passado, no Paraná, a queda foi de 38,7%”, detalha Guedes. Mesmo com a queda na produção, a soja segue como grão de maior peso no grupo. Representando, dessa forma, 45,1% do total.
O arroz é outra cultura com queda na produção na comparação com o ano passado. Nesse sentido, a produção do cereal deve chegar a 10,6 milhões de toneladas neste ano, uma queda de 8,4% na comparação com o colhido em 2021. “A queda tem relação à falta de chuvas no Rio Grande do Sul, que responde por cerca de 70% da produção do arroz no país. Embora seja uma cultura irrigável, os produtores tiveram de racionar a água da irrigação. Essa falta de água fez a produção cair 10,4% na comparação com 2021”, explica Guedes. Dessa maneira, ele acrescenta que a quantidade produzida de arroz deve ser suficiente para atender a demanda interna do país. Juntos, o arroz, a soja e o milho respondem por 91,7% da produção nacional de grãos.
O feijão também deve atender ao mercado interno
Outro produto importante na mesa do brasileiro é o feijão, cuja produção deve chegar a 3,2 milhões de toneladas neste ano. O aumento frente ao produzido em 2021 é de 2%. “Os problemas climáticos no Sul afetaram a produção da primeira safra. Entretanto, com a oferta menor, veio a elevação do preço e isso fez com que os produtores aumentassem a área de plantio na segunda safra. Então há esse aumento bem considerável na produção”, diz o pesquisador. Por isso, o feijão também deve atender ao consumo do mercado interno.
Assim, além do milho, outra cultura que deve ter produção recorde neste ano é o trigo. A produção desse cereal de inverno foi estimada em 8,9 milhões de toneladas. Um crescimento de 12,1% em relação à previsão anterior e de 13,6% na comparação com o ano passado. “Com a guerra entre Ucrânia e Rússia, que são dois grandes produtores e exportadores de trigo, os preços desse produto cresceram. Isso fez os produtores brasileiros expandirem as áreas de plantio. Se tiver uma boa condição climática, a produção deve ser recorde em 2022”, diz Guedes. Ressaltando que, apesar disso, o Brasil ainda precisará importar o produto. Uma vez que o consumo interno é de cerca de 12 milhões de toneladas.