Líder afirmou que a aplicação da lei islâmica é a chave do sucesso
O líder supremo do movimento Talibã, Hibatullah Akhundzada, pediu ao mundo que pare de “interferir” nos assuntos do Afeganistão. Ele afirmou (1) também que a aplicação da lei islâmica é a chave para o sucesso do país.
Akhundzada, que normalmente vive afastado da vida pública, discursou em Cabul durante uma assembleia de autoridades religiosas convocada pelo regime, mas para consolidar seu poder.
“Eles dizem ‘por que não fazem isto, por que não fazem aquilo?’ Por que o mundo interfere em nosso trabalho? Não aceitaremos ordens de ninguém. Apenas nos curvaremos a Alá Todo-Poderoso”, disse Akhundzada em um discurso de uma hora transmitido pela rádio estatal.
Aliás, mais de 3.000 religiosos e líderes tribais estão reunidos desde quinta (30) na capital afegã. Sobretudo, para um conselho de três dias que pretende legitimar o regime talibã.
Além disso, a imprensa não recebeu autorização para comparecer ao evento. No entanto, especulou pois durante vários dias sobre a possível participação de Akhundzada no conselho.
Entretanto, o líder do Talibã não havia sido filmado ou fotografado em público. Isto desde a chegada ao poder do movimento fundamentalista em agosto do ano passado. Apenas mensagens de áudio de Akhundzada, foram divulgadas. Mas sem a possibilidade de verificação por fontes independentes.
A assembleia acontece uma semana depois de um terremoto
De acordo com algumas estimativas, Akhundaza tem mais de 70 anos. E, ainda mais, mantém, segundo analistas, um controle rígido sobre o movimento. Ostentando pois, o título de “Comandante dos Fiéis”.
Para conseguir, “chegou o momento de aplicar a ‘sharia’ (lei islâmica)”, disse.
“Com a sharia teríamos segurança, liberdade, um sistema islâmico e tudo o que precisamos”, acrescentou.
Mas a participação das mulheres teve impedimento na assembleia. Os talibãs consideraram que não era necessário. Pois, as mesmas, teriam representação dos homens de suas famílias.
O participantes do conselho teriam permissão para criticar o governo. Segundo o que disse uma fonte talibã no início da semana. E que além disso, temas delicados, como a educação das mulheres, seriam objeto de debate. Inclusive dentro do movimento.
Eles restringem vários direitos das mulheres e obrigam o uso de véus
No fim de março, o Talibã fechou as escolas de Ensino Médio para as meninas. Poucas horas, mas depois da reabertura. Já a decisão foi uma ordem de Akhundzada, de acordo com várias fontes do movimento.
Akhundzada não citou o tema em seu discurso.
“Não pode haver reconciliação”
Os talibãs retornaram em grade medida à interpretação extremamente rigorosa que já marcou seu primeiro período no poder.
Eles restringiam os direitos das mulheres, que foram excluídas dos cargos públicos. Como também, forçadas pois a usar o véu integral em público.
Também proibiram música não religiosa. Bem como, a representação de rostos humanos em anúncios publicitários. E além disso, a exibição de filmes ou séries em que aparecem mulheres sem véu. E pediram aos homens que usem roupas tradicionais e deixem a barba crescer.
“Não pode haver reconciliação entre o islã e os ‘kafirs’ (infiéis). Nem no passado, nem agora”, afirmou.
Mas apesar das fortes medidas de segurança ao redor da assembleia, dois homens armados conseguiram se aproximar da Universidade Politécnica de Cabul. Onde foi local do encontro. E, assim sendo, foram mortos na quinta (30).
Por fim, fontes talibãs afirmaram que os dois abriram fogo a partir do teto de um imóvel próximo. Mas foram “eliminados rapidamente”.