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A piora nas condições das lavouras nos EUA de milho também deu suporte aos preços do cereal

Lavouras pioram nos EUA, e grãos sobem em Chicago

O USDA informou que o trigo de primavera americano tinha 64% das lavouras em boas condições até o último domingo

Os preços dos grãos negociados na bolsa de Chicago subiram hoje, impulsionados pela piora nas condições das lavouras nos EUA, que ainda sentem os impactos da falta de chuvas. Nas negociações da soja, os contratos de maior liquidez, para novembro, fecharam em alta de 2,05% (28,75 centavos de dólar), a US$ 14,2875 por bushel.

Segundo relatório do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) divulgado ontem, até domingo, 59% das lavouras de soja do país estavam em condições boas ou excelentes, 30% em situação regular e 11% apresentaram qualidade ruim ou muito ruim. Uma semana antes, eram 60%, 29% e 11%, nessa ordem.

Matheus Pereira, diretor da Pátria Agronegócios, diz que as chuvas registradas no Cinturão de Milho no último fim de semana ainda são insuficientes para reverter o quadro de déficit hídrico das lavouras.

“Vale lembrar que as precipitações ainda estão mal distribuídas neste momento em que estamos em um período crucial para o desenvolvimento da soja

Na ponta da oferta, a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) elevou hoje sua estimativa para a produção de soja no Brasil em 2022. A entidade agora espera uma colheita de 126,6 milhões de toneladas, alta de 0,6% em relação às 125,8 milhões previstas em julho. Mas ainda 8,6% abaixo das 138,5 milhões de toneladas do ano passa

Lavouras de milho nos EUA

A piora nas condições das lavouras nos EUA de milho também deu suporte aos preços do cereal. Aliás, os contratos para dezembro, os de maior liquidez, avançaram 1,11% (6,75 centavos de dólar), a US$ 6,14 por bushel.

O relatório do USDA, apontou, até o último domingo, que 58% das plantações de milho estavam em condições boas ou excelentes, 26%, em situação regular, e 16% apresentam qualidade ruim ou muito ruim. Na semana anterior, os números eram 61%, 25% e 14%.

Segundo a Dow Jones Newswires, os declínios superaram as expectativas dos analistas. Assim, com danos causados pelas condições de seca em alguns Estados do Cinturão de Milho ocidental compensando as boas safras do leste.

“Nossa leitura da produtividade de milho dos EUA está se tornando mais pessimista. Já que as chuvas não estão vindo no volume necessário e estamos no final dos estágios críticos”. Afirma o analista de Grãos e Proteínas Animais da hEDGEpoint Global Markets, Pedro Schicchi.

Ainda esta semana, o USDA divulgará seu relatório de oferta e demanda que pode trazer um corte nas perspectivas de produção das lavouras americanas para 2022/23.

Na ponta da demanda, o analista Daniel Flynn, do Price Futures Group, afirma que a temporada de exportações de milho do Brasil deve acabar em breve. “Isso vai direcionar os compradores para os mercados de grãos dos EUA, incluindo a China”, disse ele.

Enquanto isso, as vendas do Brasil ao exterior seguem aquecidas. Além disso, o país deve fechar o mês de agosto com 7,8 milhões de toneladas embarcadas. Segundo projeções divulgadas hoje pela Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec). Caso a estimativa se concretize, o volume enviado ao exterior será 90,2% maior que o despachado em agosto de 2021.

Trigo

O trigo também subiu em Chicago, reagindo à piora nas condições das lavouras nos EUA. No entanto, o avanço da colheita no Hemisfério Norte limitou o avanço nos preços. Os contratos para setembro, que são os de maior liquidez, subiram 0,22% (1,75 centavo de dólar), a US$ 7,7975 por bushel. Os papéis de segunda posição, que vencem em dezembro, fecharam estáveis, a US$ 7,9925 por bushel.

O USDA informou que o trigo de primavera americano tinha 64% das lavouras em boas condições até o último domingo, uma queda de 6 pontos percentuais em relação a uma semana antes. A fatia de plantações em situação regular foi de 23% para 28% em sete dias. Há ainda 8% das lavouras com qualidade ruim ou muito ruim, um aumento de um ponto percentual.

“Os preços reagiram a essa piora inesperada na condição das lavouras, uma vez que o mercado previa uma manutenção de 70% nas plantações em boas e excelentes condições”, disse Élcio Bento, analista da Safras & Mercado.

Exportação

Por outro lado, ele lembra que a tendência é para que os preços voltem a se acomodar. “Estamos em um momento de entrada da safra em boa parte do globo, então podemos ter um movimento de pressão. O mercado busca um ponto de suporte que é em torno de U$S 7,60 por bushel. Que não deve ficar abaixo disso, pois, mesmo com a colheita em andamento, ainda será uma safra mais apertada em relação ao ano passado”, pontuou Bento.

Sobre o corredor de exportação no Mar Negro, o analista afirma não acreditar em volumes expressivos de trigo saindo da Ucrânia. Uma vez que a produção caiu 13,5 milhões de toneladas.

“A Ucrânia tem um quadro de aperto na oferta. O que sobrou de trigo na safra passada [2020/21] é cerca de 4 milhões de toneladas. Esse é um volume adicional que quando entrar no mercado vai trazer uma pressão momentânea nos preços, mas que será incapaz de manter uma trajetória de forte baixa”, ressaltou Bento.

Fonte: safras