Deformidade na coluna é mais comum em meninas e afeta cerca de 22% da população em geral
O movimento Junho Verde foi criado pela Scoliosis Research Society (SRS) entidade internacional fundada em 1966, que se dedica à pesquisa e educação no campo das deformidades da coluna vertebral. O objetivo é destacar a necessidade crescente de educação, detecção precoce e conscientização do público sobre a escoliose e sua prevalência na comunidade.
A campanha ganhou força a partir de 2013, quando foram publicados os resultados do estudo Ensaio de Escoliose Idiopática do Adolescente (BrAIST), no New England Journal of Medicine.
A principal descoberta foi que o uso de órtese em adolescentes com escoliose moderada é um tratamento eficaz na redução do número de cirurgias. No estudo, 72% do grupo que usou a órtese evitou a cirurgia, contra apenas 48% do grupo controle.
Adolescentes são as principais vítimas
Segundo Walkíria Brunetti, fisioterapeuta especializada em RPG e Pilates, a escoliose é uma deformidade da coluna que leva a coluna a se movimente para os lados. “Por isso, pacientes que apresentam a patologia têm a coluna em um formato de S ou de C. Dependendo da intensidade da curvatura, pode ser considerada mais grave ou mais moderada”.
“O desalinhamento causado pela escoliose prejudica a qualidade de vida, bem como reduz a funcionalidade do paciente para as atividades da vida diária. Além disso, a doença pode evoluir e afetar outros órgãos, como coração e pulmões. O impacto na saúde mental é enorme, principalmente nos adolescentes”, diz a especialista.
Fatores de risco
Cerca de 70% das escolioses são idiopáticas, ou seja, não é possível identificar a causa. Mas, há alguns fatores de risco envolvidos na deformidade, como:
– Histórico familiar
– Má postura
– Sedentarismo
– Obesidade e sobrepeso
– Assimetria corporal
A escoliose é mais prevalente em adolescentes e jovens adultos. Afeta mais meninas que meninos.
Um dos fatores que mais chamam a atenção é a assimetria corporal. “Muitas crianças nascem com pequenas diferenças nos lados do corpo. Um ombro mais levantado que o outro, uma perna mais curta que a outra, um lado do tronco mais rotacionado. São assimetrias mínimas, quase imperceptíveis, que podem levar a deformidades na coluna, como a escoliose”, comenta Walkíria.
“A escoliose também pode estar ligada à fase escolar devido a fatores como mobiliário inadequado, longa permanência na posição sentado e mochilas pesadas. Somado a esses aspectos, temos nos adolescentes os períodos dos estirões de crescimento, que contribuem para as alterações posturais na infância e adolescência”, ressalta a fisioterapeuta.
Quando procurar um médico?
Quanto mais cedo a deformidade for identificada, melhor será a resposta ao tratamento conservador, para que não seja necessária uma cirurgia no futuro.
“O alerta é para os pais e pediatras, que desde cedo precisam ficar atentos a essas assimetrias corporais. Caso os pais notem essas diferenças, é preciso procurar um especialista o quanto antes. É preciso reforçar que a escoliose é uma condição silenciosa, não causa sintomas na fase inicial da deformação da coluna”, lembra Walkíria.
“Nos casos mais graves e não tratados, a escoliose pode causar sintomas sistêmicos, ou seja, em outras partes do corpo, como falta de ar, perda de apetite, cansaço e fraturas nas costelas”, comenta a fisioterapeuta.
Fisioterapia na escoliose
A fisioterapia é o recurso mais usado para tratar a escoliose, nos casos leves e moderados. A assimetria dos membros inferiores é tratada com palmilhas, que ajudam a estabilizar essa alteração. O uso do colete é reservado para as fases de estirão de crescimento quando a escoliose não está controlada ainda, justamente para evitar a cirurgia.
“Já a fisioterapia tem papel essencial para a recuperação dos pacientes com escoliose. O foco é corrigir a postura e fortalecer os músculos que sustentam a coluna vertebral. Normalmente, usamos a Reeducação Postural Global (RPG), o Pilates e a GDS Cadeias Musculares”, diz Walkíria.
GDS Cadeias Musculares é um método de fisioterapia que atua na prevenção e na manutenção da postura e consciência corporal. Cada cadeia muscular é trabalhada para estruturar a postura e desenvolver uma percepção aprimorada do corpo afim de alcançar a postura correta.
Cirurgia deve ser último recurso
A cirurgia é o último recurso, já que se trata de um procedimento de alta complexidade, que demanda cirurgiões especializados e equipamentos específicos. Além dos custos, a reabilitação da funcionalidade pode ser mais demorada.
“Por isso, o movimento Junho Verde foca no diagnóstico e tratamento precoces para evitar a cirurgia. Nesse contexto, a fisioterapia e as atividades que ajudam a fortalecer a coluna também são ferramentas importantes para tratar a escoliose”, finaliza Walkíria.