Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), em agosto, ficou em 0,9%, maior para o mês em 21 anos
A inflação não para de subir e bater recordes. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), em agosto, ficou em 0,9%. Maior para o mês em 21 anos. E acumulou 9,7% em 12 meses. Com isso, o BC está tendo que correr atrás com os juros: a Selic, a taxa básica da economia, já foi esticada da mínima de 2%, no começo do ano, para 5,25%, agora.
Analistas, portanto, já calculam que a taxa de juros deva continuar subindo até chegar aos 8% ou 8,5%. Trata-se, dessa maneira, de água congelante sobre um crescimento econômico que já está tendo dificuldades de engrenar.
Para muitos economistas, os juros altos já começam, portanto, a embutir o preço da sobrecarga deixada nas costas do Banco Central. Enquanto crise política colabora para piorar as contas públicas e o câmbio, estaria a sobrar para o BC a tarefa de tentar equilibrar a economia sozinho, só com o recurso do aumento de juros.
Produto Interno Bruto (PIB)
O resultado será, portanto, uma Selic ainda mais alta do que poderia estar e um Produto Interno Bruto (PIB). Ainda mais fraco no ano que vem.
“A tendência é que a economia volte para sua mediocridade [a partir de 2022], a um potencial de crescimento muito baixo, da ordem de 2%”, disse o economista e ex-ministro da Fazenda Maílson da Nóbrega.
Selic e Inflação
“O Banco Central está totalmente sozinho. E não vai, dessa maneira, conseguir fazer o que é necessário para conter a inflação enquanto o Executivo estiver trabalhando contra”, disse o economista-chefe da MB Associadas, Sérgio Vale.
“Sem isso, a Selic com certeza poderia subir menos e nós, infelizmente, podemos pagar o preço com o pior dos cenários: recessão com inflação.”
Sérgio Vale integra o bloco nascente de economistas que já acreditam em um PIB com chance de voltar a ficar negativo neste terceiro trimestre, depois de já ter caído 0,1% no segundo.
Dólar alto
“Toda instabilidade gera pressão sobre o risco”, diz José Márcio Camargo, economista-chefe da Genial Investimentos e professor da PUC-Rio. Mencionou, ainda, as dúvidas cada vez maiores do mercado financeiro com relação ao comprometimento do governo em cumprir o teto de gastos ou de evitar a criação de exceções para que ele possa ser furado.
“A instabilidade aumenta a taxa de juros cobrada pelos investidores para financiar a dívida pública e gera desvalorização cambial”, completa.
O câmbio desvalorizado e o dólar alto têm sido uma das principais fontes de inflação do país hoje. Isso, por meio de produtos como combustíveis e alimentos, que competem com as exportações.