Governo busca avançar em pautas e evitar novas derrotas no Congresso
Com a aproximação do fim do ano legislativo, o governo Luiz Inácio Lula da Silva tenta reorganizar a articulação no Congresso e avançar em pautas para evitar novas derrotas, aprovando um pacote de medidas que une impacto fiscal e apelo popular.
Reorganização da base no Congresso – Governo tenta recompor base e evitar novas derrotas com avanço de pautas fiscais e sociais
O líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), afirma que a articulação foi retomada após os reveses das últimas semanas.
“Estamos ajustando a base e recompondo a interlocução. O governo vai terminar o ano votando muito”, disse.
Para o líder do PT no Senado, Rogério Carvalho (PT-SE), o governo passou a tomar novas medidas que devem ajudar no fortalecimento no Congresso.
“A reorganização dos cargos entre os partidos do centro deve ajudar no reforço da base”, disse Carvalho.
Desde a derrota da MP alternativa ao IOF, o governo passou a fazer um “pente-fino” nas indicações de cargos feitas por partidos de centro.
Resistência na Comissão Mista de Orçamento
Na Comissão Mista de Orçamento, o Planalto enfrenta resistência para barrar o dispositivo incluído pelo relator Gervásio Maia (PSB-PB) que obriga o pagamento de emendas parlamentares até junho de 2026, três meses antes da eleição.
O Planalto considera o artigo um retrocesso por engessar a execução orçamentária e reduzir a margem de negociação política. Por outro lado, o Centrão argumenta que o calendário dá previsibilidade a prefeitos e impede retenções de recursos.
Estratégia econômica: LDO e pacote fiscal
A equipe econômica tenta incluir na LDO referências às medidas de compensação da isenção do IR e, ao mesmo tempo, reorganizar o cronograma fiscal depois do revés com a MP do IOF. Diante da perda de R$ 46 bilhões em arrecadação prevista até 2026, o Ministério da Fazenda trabalha para fatiar as propostas e, assim, reduzir resistências no Congresso.
Além do novo projeto das bets, o pacote prevê ações sobre limitação de compensações tributárias, aumento da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) das fintechs e lei do devedor contumaz, que endurece o combate à sonegação reincidente.
“Segundo o líder petista Lindbergh Farias (RJ), o governo deve enviar em breve, em regime de urgência, um projeto para tratar das fintechs e das bets, como forma de tentar recompor a arrecadação após o revés com a MP do IOF. No entanto, apesar do entusiasmo governista, líderes da Casa afirmam que o orçamento provavelmente não deve ser destravado já na próxima semana.
Medidas recentes aprovadas
O governo deu uma demonstração de força ao conseguir aprovar a MP que trata da redução dos impactos tarifários nas contas de luz. Editada após a derrota sobre o marco das eólicas offshore, a MP cria um teto para os subsídios do setor elétrico e foi relatada pelo senador Eduardo Braga (MDB-AM).
“Essa medida é fundamental para dar previsibilidade ao setor e evitar novos aumentos na conta de luz”, disse.
Outras medidas com prazo mais curto também estão na lista de prioridades:
Programa Gás do Povo, que beneficia 15,5 milhões de famílias;
Reestruturação da Funasa, órgão vinculado ao Ministério da Saúde.
Ambas têm validade até dezembro e são vistas como termômetro da capacidade de articulação da base.
Disputas ambientais e indicações no STF
Enquanto tenta estabilizar a agenda econômica, o Planalto trabalha para manter os 63 vetos de Lula à Lei do Licenciamento Ambiental, aprovados pelo Congresso em julho. A oposição, liderada por Tereza Cristina (PP-MS) e pela bancada ruralista, pressiona pela derrubada dos vetos que restringem o autolicenciamento de obras e a dispensa de consultas a povos indígenas e quilombolas.
No campo institucional, Lula deve anunciar nas próximas semanas a indicação do substituto de Luís Roberto Barroso no STF. O favorito segue sendo o advogado-geral da União, Jorge Messias, mas o presidente pretende conversar com Rodrigo Pacheco (PSD-MG) antes de formalizar a escolha.
Segurança pública na pauta
A crise de segurança no Rio de Janeiro recolocou o tema na agenda legislativa e deu novo fôlego à PEC da Segurança Pública. Relatada por Mendonça Filho (União-PE), além do pacote antifacção, enviado à Câmara no fim da última semana.
“A gente está tratando de uma PEC que exige uma discussão aprofundada. Não é ela que muda o status quo da segurança no Rio, mas faz o país discutir responsabilidades”, disse o relator.
O texto, inspirado em proposta do ministro Ricardo Lewandowski, portanto, deve ganhar uma versão mais descentralizadora, ao mesmo tempo, ampliando a autonomia dos estados e também incluindo a Receita Federal como força de apoio no combate ao crime organizado. Além disso, a expectativa é que a votação ocorra em dezembro.
Novas propostas fiscais e sociais
Na frente fiscal, o governo tenta aprovar o projeto que dobra a alíquota das apostas on-line, de 12% para 24%, e busca apresentar a proposta como exemplo de “justiça tributária”. A articulação é liderada por parlamentares da base e conta com o apoio direto de Haddad.
O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), reforçou o discurso de que o Legislativo faz sua parte:
“Aprovamos mais de 40 propostas sobre segurança pública e seguiremos dando prioridade ao tema”, afirmou.
Em conclusão, além das pautas econômicas e de segurança, o Planalto quer consolidar o programa Pé-de-Meia. Que garante poupança a estudantes do ensino médio, como marca social da gestão. A proposta passou a integrar o piso constitucional da Educação e é tratada no governo como símbolo de continuidade das políticas redistributivas.
Fonte: infomoney



