Future Sound Awards reconhecerá talentos que criarem músicas com ajuda de IA; veja os critérios para participar do concurso
O Future Sound Awards lançou um concurso global para reconhecer criadores de músicas feitas com a ajuda de IA. A organização vai avaliar as inscrições com base em critérios como inspiração, processo criativo, vocais, letra, batida e número de execuções em uma parada dedicada.
Em meio a debates éticos e jurídicos cada vez mais acalorados sobre a IA, o regulamento do concurso estabelece que músicas com material protegido por direitos autorais serão desclassificadas. Contudo, os três primeiros colocados dividirão um prêmio total de US$ 10 mil.
O jurado Jeff Nang, produtor musical radicado em Londres, declarou via Zoom: “Vou avaliar o conteúdo lírico. Quero algo que não tenha sido simplesmente gerado pelo ChatGPT. Algo que alguém tenha editado e colocado um pouco mais de sabor humano.” Marcas como Disney e JP Morgan já utilizaram composições personalizadas de Nang. “Mesmo sendo um projeto com IA, ainda acredito que ele se beneficia do toque humano.”
A Fanvue, uma plataforma por assinatura que hospeda modelos virtuais, atletas, DJs e outros criadores, lançou no ano passado o World AI Creator Awards. Esta é uma competição mais ampla dedicada à criatividade com IA. Que começou com o primeiro concurso de beleza para mulheres geradas por IA e agora se expande para o universo da música, patrocinando o prêmio.
Future Sound Awards vai reconhecer músicas com IA, veja mais detalhes sobre o concurso a seguir
O Future Sound Awards é uma “verdadeira celebração da democratização da música, e temos grandes ambições de transformar o prêmio no Grammy da música com IA”, disse Narcis Marincat, chefe de inteligência artificial da Fanvue, em comunicado.
O concurso surge em um momento em que a IA se torna uma ferramenta cada vez mais popular entre músicos — de amadores a profissionais. Todavia, segundo o Relatório de Negócios de 2025 do International Music Summit, mais de 60 milhões de pessoas usaram softwares de IA para criar músicas em 2024.
Mas, enquanto alguns abraçam a IA como parceira criativa, outros temem que ela possa afetar suas carreiras — e a própria essência da criatividade.
No início deste ano, mais de mil músicos — incluindo Kate Bush, Annie Lennox, Imogen Heap, Billy Ocean e Riz Ahmed — protestaram contra uma proposta de reforma na lei de direitos autorais do Reino Unido. Temendo que a mudança facilitasse o uso de suas obras por empresas de IA sem autorização, a menos que optassem ativamente por sair.
A proposta foi aprovada na semana passada. E no ano passado, uma banda de metal enfrentou tantas críticas por usar uma capa de álbum gerada por IA — um fã chegou a chamar a escolha de “um grande tapa na cara de qualquer artista real e vivo” — que acabou substituindo a arte por uma nova.
Destacando o potencial criativo da IA
A TwoShot, parceira do concurso, deve verificar todas as músicas inscritas. Desse modo, criadas pelos usuários a partir de uma biblioteca de áudio com direitos liberados e totalmente rastreável.
Além disso, como os usuários da plataforma também podem fazer upload de seus próprios áudios, a ferramenta analisa automaticamente as faixas para detectar conteúdos protegidos por direitos autorais.
Sobretudo, as inscrições aprovadas aparecerão em uma parada musical promovida pela plataforma de distribuição de áudio SoundCloud. E qualquer pessoa maior de 18 anos pode participar com faixas de qualquer gênero ou idioma. Não há taxa de inscrição.
O jurado Jeff Nang afirma que vai avaliar as obras com os mesmos critérios que aplica a músicas não criadas por IA. “Você sempre busca estrutura, estilo e bom gosto”, disse.
Nang é cofundador da Controlla Voice, que permite aos usuários criar cantores com IA, e já chegou a montar corais inteiros a partir de sua própria voz usando o produto. “Adoro ver o que a nova geração de criadores musicais tem feito com essas ferramentas”, afirmou.
Outro jurado do prêmio, Josua Waghubinger, é um dos expoentes dessa nova geração
O músico austríaco, conhecido pelo nome artístico Butterbro, tornou-se o primeiro artista a entrar na parada oficial de singles da Alemanha com uma música totalmente gerada por IA: Verknallt in einen Talahon, composta com a plataforma musical Udio.
Sobretudo, a canção mistura o estilo tradicional europeu conhecido como schlager com um pop animado, contando a história de uma jovem alemã apaixonada por um imigrante.
Via Zoom, Waghubinger disse esperar que o Future Sound Awards incentive uma conversa sobre como as plataformas podem respeitar os músicos ao mesmo tempo em que promovem a inovação. Lembrando aos artistas que experimentar com IA não significa abandonar sua própria voz criativa.
“É importante lembrar de manter a diversão ao experimentar novas tecnologias. E nunca esquecer que somos nós, humanos, que decidimos se queremos continuar no centro disso tudo”, afirmou.
“Vejo a IA tanto como uma ferramenta quanto como uma colaboradora, dependendo de como é usada”, acrescentou Waghubinger, “com o toque humano permanecendo no centro.”
Fonte: forbes