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Fumio Kishida, 64 anos, prometeu criar um novo pacote de estímulo de dezenas de trilhões de ienes para conter os impactos da pandemia

Fumio Kishida declara vitória nas eleições no Japão

Fumio Kishida prometeu acelerar a recuperação econômica do Japão, procurando aprovar um orçamento suplementar até ao final do ano

Dessa forma, o Partido Liberal Democrata (PLD) venceu as eleições parlamentares de domingo, 31, no Japão, pavimentando o caminho para mais um mandato do primeiro-ministro, Fumio Kishida. O PLD teve um desempenho abaixo do que conseguiu em 2017, muito em razão da pandemia, mas elegeu mais deputados do que indicavam as pesquisas, mantendo a maioria no Parlamento.

O resultado fortalece Kishida, um tecnocrata ligado ao mercado financeiro, criticado pela falta de carisma. O principal objetivo de curto prazo do premiê é aprovar o orçamento do ano que vem, com gastos adicionais em defesa e proteção para as pessoas afetadas pela pandemia.

Escolhido como primeiro-ministro no mês passado, e enfrentando desconfiança, Kishida terá pela frente o peso político de ter de liderar os liberais após o pior resultado do partido em anos. Com pouco tempo no cargo, o premiê obteve aprovação de 50% – a mais baixa em duas décadas.

A aposta no perfil discreto do premiê pode ter custado ao PLD alguns assentos cruciais no Parlamento. O secretário-geral, Akira Amari, renunciou ao cargo depois de perder a eleição para deputado.

Alianças e as eleições de Kishida

Nas últimas décadas, os votos contra o PLD foram divididos entre a oposição, mas desta vez cinco partidos rivais decidiram cooperar em uma aliança para diminuir o domínio dos liberais. A aposta melhorou os números da oposição, mas foi insuficiente para tirar o PLD do governo.

O Partido Liberal Democrático (LDP, direita nacionalista) e o seu parceiro, o Komeito (centro-direita), ganhou 293 dos 465 lugares na Câmara Baixa do Parlamento, de acordo com a última contagem dos meios de comunicação japoneses. Embora se trate de uma pequena queda dos 305 lugares anteriormente ocupados pelos dois partidos, a coligação ainda tem uma maioria considerável.

“Faremos o nosso melhor para aumentar os salários dos trabalhadores, para que todas as pessoas beneficiem dos frutos do crescimento económico”, disse Kishida.

Promessas de Fumio Kishida

Apesar de Kishida não ter inspirado tanto a base do partido quanto seus antecessores, a burocracia do PLD ainda confia em seu nome para implementar suas políticas públicas. Assim, a eleição japonesa ocorre em meio a uma crescente instabilidade regional no Pacífico, com a tensão entre China e EUA marcando, desse modo, o acordo militar entre australianos, americanos e britânicos e graves tensões diplomáticas envolvendo Taiwan.

Nesse contexto, o Japão, um histórico rival dos chineses e aliado dos americanos, vê-se pressionado a abandonar a tradição pacifista em vigor desde a 2ª Guerra e aumentar seus gastos militares, especialmente depois da mudança na Constituição, em 2014, que ampliou a possibilidade de uso de seu Exército.

Durante a campanha, Kishida prometeu aumentar a defesa contra possíveis ameaças da China e da Coreia do Norte. Outro objetivo do premiê é melhorar a resposta do governo à pandemia. Dessa forma, Kishida se tornou líder do PLD há um mês, depois que Yoshihide Suga renunciou ao cargo após um ano à frente do governo, em parte devido ao descontentamento público com sua resposta à crise da covid-19.

Maioria

Após uma onda recorde de infecções que obrigou a realização dos Jogos Olímpicos de Tóquio de portões fechados, os casos diminuíram e a maioria das restrições foi suspensa. Kishida, de 64 anos, prometeu criar um novo pacote de estímulo de dezenas de trilhões de ienes para conter o impacto da pandemia na terceira maior economia do mundo.

“Os eleitores japoneses têm demonstrado muito pouco entusiasmo pelo novo primeiro-ministro”, disse Stefanel Angrick, economista da Moodys Analytics. “Kishida terá que convencer o público e os jovens membros de seu partido de que a continuidade não implica status quo, mas manter o que funcionou e melhorar o que não funcionou.”

Desde 2012, o PLD sempre ocupou pelo menos 60% dos assentos na Câmara Baixa. Um desempenho ruim ontem poderia causar perdas na votação para a Câmara Alta, no ano que vem, aumentando o risco de o Japão voltar a ter uma alta rotatividade de premiês. Aliás, desde a 2ª Guerra, apenas cinco nomes conseguiram permanecer cinco anos ou mais no cargo de primeiro-ministro, e algumas serviram apenas dois meses.

Entretanto, um destaque da eleição de ontem foi o Partido da Inovação Japonesa (Ishin), legenda nacionalista com base em Osaka que se tornou a terceira força do Parlamento, atrás apenas dos liberais e do Partido Democrático Constitucional, de oposição.

“O Ishin é um partido que tem tomado a região de Osaka e se destacado como parte importante do bloco conservador”, disse Yoichiro Sato, professor de relações internacionais da Universidade da Ásia-Pacífico. “Eles vão tentar bloquear o plano de Kishida de diminuir a desigualdade entre ricos e pobres.”

(Com agências internacionais)