Mapeamento ESG: a indústria de pequeno porte que faz grande diferença na sustentabilidade
Mudar de rota para adotar práticas que fazem a diferença na sustentabilidade de produção talvez seja o maior desafio da indústria. Neste sentido, as novas e pequenas manufaturas têm muito a ensinar, mesmo diante das diferentes proporções.
A Angí Chocolate é uma das empresas cujas práticas em sintonia com ações ambientais, sociais e de governança e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas (ONU) podem contribuir para o mapeamento de práticas do Núcleo ESG da Fiems.
Criada em 2017 de forma quase despretensiosa, a empresa é especializada em chocolates utilizando ingredientes regionais, na maior parte, produzidos por comunidades indígenas, quilombolas e ribeirinhas.
Dessa forma, a guavira, a castanha de baru, a bocaiúva estão entre os ingredientes encontrados do Pantanal e Cerrado sul-mato-grossenses e que, combinados com o cacau, deram ao produto sabores inéditos.
De acordo com o analista de sustentabilidade do Núcleo de ESG Pedro Franco, a Angí é um exemplo de como as indústrias podem ser sustentáveis e alinhadas com as práticas ESG independente do tamanho e segmento.
“A empresa tem o claro viés sustentável no setor de alimentos desde o surgimento e tem uma grande variedade de boas práticas para inspirar as outras indústrias em várias áreas”.
Então, a empresa vai além da produção de barras de chocolates, incorporando também subprodutos como o cacau em pó, o nibs e o chá da casca da semente do fruto.
“Essa diversificação não apenas maximiza o aproveitamento do cacau, mas também minimiza o desperdício, o que é fundamental para a sustentabilidade”, explicou.
FIEMS: Indústria sustentabilidade
Ele também destaca as parcerias com organizações não governamentais ligadas ao meio ambiente. Destaca também a empregabilidade feminina e de jovens como pontos importantes no funcionamento da indústria. A Angí também trabalha com embalagens sustentáveis.
Além de papel, o plástico utilizado biodegradável feito com a polpa orgânica do eucalipto. Em até seis meses, a embalagem absorvida pelo meio ambiente em contato com a água.
O chocolate, produto final da Angí, é resultado de um processo comprometido com o meio ambiente e com o bem-estar da sociedade. Mas, tais princípios são parte do seu DNA da indústria, como explica a criadora da marca, Beatriz Branco.
“Esses princípios estão se tornando uma exigência do consumidor. Além disso, o debate mundial, a mídia e os consumidores exercem pressão para que a produção feita de outra forma”, justifica.
Segundo a empresária, é necessário que tais práticas sejam estruturais nas empresas e não apenas algo visando o lucro.
Estruturar-se desta forma, no entanto, tem desafios.
A empresária cita, por exemplo, a dificuldade de adquirir matéria-prima nos últimos anos. Sobretudo, diante das queimadas intensas no Pantanal e Cerrado. Além é lógico, do próprio desequilíbrio climático. E isso acaba mudando o ciclo de disposição dos insumos na natureza. Além disso, temos a escassez de incentivos fiscais. “Os pequenos estão tendo que abrir no facão o mercado da sustentabilidade em Mato Grosso do Sul”, pontuou.
Sendo assim, a prática da fábrica de chocolates vai ajudar a compor o “Banco de Boa Práticas ESG das Indústrias de MS”. A partir dos dados, possível a elaboração de relatórios com as iniciativas, além de gerar ideias que adotadas pelas empresas.
Fonte: Ascom Fiems