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A Força Aérea Brasileira (FAB) doou um avião caça AMX A-1 para a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM)

ENSINO PRÁTICO: FAB doa caça para Universidade Federal de Santa Maria

O caça AMX A-1 será material de estudo para os alunos da universidade

A Força Aérea Brasileira (FAB) doou um avião caça AMX A-1 para a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Um verdadeiro marco entre essas duas instituições. Aliás, a criação, em 2014, do curso de Engenharia Aeroespacial da universidade vem aproximando ainda mais as duas entidades.

A comunidade acadêmica acostumou-se há décadas com o barulho do sobrevoo dos aviões. Assim como, dos helicópteros da Base Aérea de Santa Maria, no Rio Grande do Sul. Pois a instituição é vizinha do campus sede da UFSM.

Como a aeronave em questão já não proporciona mais condições seguras de voo, ela foi “aposentada” pela FAB. E assim sendo, servirá como material de estudo para os alunos da universidade. Esse avião hoje se encontra nas dependências da Base Aérea. Mas em um futuro próximo haverá transferência para o hangar atualmente em construção no campus.

Já o hangar teve um custo estimado de R$ 2,67 milhões. Assim, começou a ser construído em meados de janeiro de 2022, pela empresa Everest Engenharia e Arquitetura. O prédio terá uma área construída de 1.018 metros quadrados. A proposta, dessa forma, é  abrigar não só o caça, como também um avião modelo Bandeirante. Uma aeronave que também foi “aposentada” e cuja doação para a UFSM ainda está em tramitação na FAB.

Os alunos do curso de Engenharia Aeroespacial já tem algo de palpável para observar

A universidade também solicitou para a FAB algumas toneladas de peças e partes de aviões. Essas peças tiveram como destino o descarte no Parque de Material Aeronáutico de São Paulo. Esse pedido inclui a doação de motores, asas, empenagens e trens de pouso. Bem como, instrumentos de cabine, caixas-pretas, antenas e sensores. Há ainda radares, computadores de bordo, transpônderes e sistemas de navegação, o controle e freio. Além de várias outras peças. Dessa forma, parte do material solicitado já está sendo separado no parque para a UFSM.

Em outubro de 2018, houve a visita de uma comitiva da universidade a esse parque. Dessa forma, marcou o início do processo de demanda para a FAB de aeronaves e equipamentos descartados. A comitiva da UFSM foi recebida pelo coronel-aviador Marcos Dias Marschall. Entre eles o reitor Luciano Schuch (então vice-reitor), bem como, pelos professores André Luis da Silva. Também estavam Marcelo Serrano Zanetti. Vale lembrar que André era então coordenador do curso de Engenharia Aeroespacial. Em seguida, nesse cargo continuou o professor Marcos Daniel de Freitas Awruch. Enquanto que Zanetti era coordenador substituto do curso de Engenharia de Telecomunicações e hoje é coordenador da Engenharia de Computação.

Zanetti explica que a doação dos aviões e das peças justifica-se pela necessidade dos alunos do curso de Engenharia Aeroespacial. Sobretudo, para que tenham algo de palpável para observar e montar. Assim como, material para desmontar e fazer experiências. Deste modo, o seu conhecimento sobre o projeto, bem como, de sua construção e funcionamento de aeronaves não ficará restrito a teorias lidas nos livros. Mas, ouvidas em sala de aula e nas simulações por computador.

A Engenharia Aeroespacial é um curso que engloba competências de todas as outras engenharias

O professor enfatiza ainda que a construção do hangar, bem como, a obtenção dos aviões e peças é uma demanda feita em conjunto com o curso de Engenharia de Telecomunicações da UFSM. Afinal são radares, sensores, antenas e sistemas de navegação que vieram da FAB também constituem objetos de estudo.

Desse modo, a análise dos circuitos e dispositivos desses equipamentos vai ajudar os alunos. E assim, eles poderão entender e sedimentar os conhecimentos transmitidos em sala de aula.

O curso de Engenharia de Telecomunicações foi criado também em 2014. Mas atualmente é coordenado pelo professor Natanael Rodrigues Gomes.

Segundo Zanetti, a Engenharia Aeroespacial é um curso que engloba competências de todas as outras engenharias e também de cursos de outras áreas do conhecimento. Por isso, o hangar da UFSM será um espaço que poderá ser aproveitado por vários cursos da universidade. Especialmente para atividades de ensino e pesquisa. Sem contar com o potencial para o emprego em ações de extensão, como visitas de escolas e de interessados por aviação em geral.

Dimensões e compartimentos

O prédio do hangar terá aproximadamente 40 metros de comprimento por 25 metros de largura, e altura de seis metros. Já o pé-direito dessa altura é necessário para que o leme não bata no teto. Também haverá uma porta de 20 metros de comprimento para que os aviões possam entrar e sair do hangar sem a necessidade de retirar as asas.

No entanto, o espaço para o armazenamento dos aviões não vai ocupar o comprimento total do prédio. No canto direito do hangar, haverá um espaço dividido em três dependências. Uma para oficina e banheiros. Outra para sala de aula e uma terceira onde será instalado o túnel de vento aerodinâmico. Afinal, desde 2019, o mesmo se encontra no Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento em Engenharia Elétrica (Nupedee). Localizado no Pavilhão de Laboratórios do Centro de Tecnologia (CTLab).  A estrutura conta com essas três salas e ainda um mezanino. O local terá a possibilidade de abrigar projetos vinculados aos cursos de Engenharia Aeroespacial e Engenharia de Telecomunicações.

Está prevista a construção do Laboratório de Propulsão Aeroespacial atrás do hangar, a cerca de 20 metros de distância, informa o professor Zanetti. Dessa forma, terá como finalidade principal a realização de testes de motores de foguete.

Aviões

Embora sejam aeronaves com características bastante distintas uma da outra, tanto o AMX A-1 quanto o Bandeirante são aviões históricos da Empresa Brasileira de Aeronáutica (Embraer). O primeiro é fruto de um projeto de cooperação com as empresas italianas Aeritalia e Aermacchi. A aeronave voou pela primeira vez em 1984, com velocidade máxima estimada em 1.030 km/h. Trata-se de um caça destinado ao combate aére, bem como, de ataque ao solo e reconhecimento. No caso da aeronave doada para a UFSM, a sua matrícula na FAB é 5655.

Também conhecido pela sigla EMB-110, o Bandeirante é um dos aviões mais importantes da história da aviação brasileira. Por ser a primeira aeronave fabricada pela Embraer. O projeto deste avião bimotor turboélice começou antes mesmo da criação da Embraer. Quando, a mesma foi fundada em 1969. O voo inaugural foi em 1972. Ou seja, a primeira entrega de Bandeirantes para a FAB foi no ano seguinte até 1991 foram produzidos 498 aviões Bandeirantes. Nesse período, a Embraer encerrou a sua fabricação, sobretudo, em diferentes versões. Foram vendidas para vários países, para uso tanto civil como militar. Estima-se que a sua velocidade máxima seja de pouco mais de 400 km/h.

Aviões Bandeirantes e AMX já sobrevoaram o campus sede da UFSM inúmeras vezes. Seja para pousar ou após decolar da Base Aérea. Mas quando o hangar da universidade estiver concluído as duas aeronaves doadas para a UFSM terão o seu local de pouso definitivo. O término da obra está previsto para janeiro de 2023 para cumprir, enfim, a sua última missão. Ou seja, servir como material de ensino, pesquisa e extensão para a comunidade acadêmica.