Economia global mostra resiliência diante das medidas de Trump, mas analistas alertam para riscos futuros
Durante os primeiros oito meses do novo mandato do presidente Donald Trump, a economia global enfrentou choques como tarifas mais altas, tensões sobre a independência do Federal Reserve e sinais de maior intervenção estatal nos Estados Unidos.
Apesar das incertezas, os mercados de ações e títulos responderam de forma estável, enquanto o crescimento global segue em expansão. O temor de inflação também não se confirmou, em contraste com previsões de recessão que marcaram o início do mandato.
Segundo o BNP Paribas, fatores como condições financeiras favoráveis, balanços robustos de famílias e empresas, além de ganhos de produtividade ligados à inteligência artificial e preços mais baixos de energia, explicam a resiliência.
Tarifas mais moderadas do que o esperado
O receio de uma guerra comercial global não se concretizou. Os EUA firmaram acordos parciais com parceiros da Europa e da Ásia, e as tarifas acabaram sendo mais limitadas do que o inicialmente projetado, com custos divididos entre exportadores, importadores e consumidores.
Ao mesmo tempo, as tentativas de Trump de interferir na liderança do Federal Reserve não alteraram a condução da política monetária. O rendimento dos Treasuries de 10 anos caiu de 4,6% para cerca de 4,1% desde janeiro, indicando que os investidores ainda confiam no mercado americano.
O Fed cortou os juros em 0,25 ponto percentual nesta semana, reforçando a visão de que a inflação está sob controle. Contudo, o presidente do banco central, Jerome Powell, minimizou o impacto das pressões da Casa Branca em entrevista coletiva, após a decisão.
Crescimento e riscos
Na Europa, o Banco Central Europeu revisou para cima a projeção de crescimento deste ano, de 0,9% para 1,2%, citando resiliência da demanda interna.
A Alemanha prepara um pacote fiscal com investimentos em infraestrutura e defesa, que pode elevar o PIB a partir de 2026. Espanha e Itália também apresentaram revisões positivas, enquanto a China manteve sua taxa de juros inalterada diante de exportações firmes e recuperação do mercado acionário.
Mercados emergentes como Brasil, México e Índia vêm se beneficiando de um dólar mais fraco. No caso indiano, cortes de impostos buscam estimular a demanda doméstica para compensar efeitos das tarifas norte-americanas.
Apesar da resistência atual, analistas disseram ao Yahoo que os impactos tarifários podem aparecer de forma mais lenta. Todavia, o Banco do Japão e gestores de fundos internacionais chamam atenção para desequilíbrios no mercado de trabalho dos EUA, enfraquecimento do setor imobiliário e concentração do crescimento em setores ligados a inteligência artificial.
Fonte: exame