Diário do menino ucraniano relata o sofrimento em Mariupol, cidade devastada pela guerra. Zelensky pede ajuda à ONU
“Guerra. Dia 3 (abril), domingo. Dormi bem, acordei e sorri. Vovó foi buscar água. A propósito, meu aniversário está chegando. Dia 26. Tenho uma ferida nas costas, minha pele está rasgada. Minha irmã tem uma lesão na cabeça. Mamãe teve a carne arrancada do braço e um buraco na perna.” A tinta azul da caneta traduz para o papel as dores da guerra na visão de uma criança e esbarra em desenhos e emoticons de tristeza. O diário do menino ucraniano foi fotografado por Evgeny Sosnovsky, morador de Mariupol, cidade situada no sudeste da Ucrânia devastada pelas forças russas. “Tenho oito anos, minha irmã tem 15 e minha mãe, 38.
“Está na hora de fazer o curativo. (…) Tenho uma amiga, Vika, ela é alegre e é nossa vizinha. É gente boa”, escreveu o menino.
Presidente ucraniano pede ajuda na guerra
Na siderúrgica de Azovstal, foco da resistência imposta pelo comando paramilitar conhecido como Batalhão de Azov, a situação seguia dramática. Aliás o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, apelou ao secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, para salvar os feridos em Azovstal. “As pessoas que se encontram no local, de fato correm risco de vida. Certamente pedimos que nos ajude a salvá-las”, afirmou Zelensky a Guterres por telefone. A princípio ele lembrou ao diplomata português que “as organizações internacionais podem ser eficazes” nesse processo.
Na terça-feira, uma operação do Escritório Humanitário da ONU (Ocha) e da Cruz Vermelha Internacional retirou 101 civis da siderúrgica. Além disso a Rússia anunciou um cessar-fogo unilateral diurno, a partir de hoje, para facilitar o resgate. O Ministério da Defesa declarou que “das 8h às 18h (horário de Moscou) nos dias 5, 6 e 7 de maio um corredor humanitário será aberto no território da usina siderúrgica Azovstal primeiramente para evacuar civis”. “Durante este período, as Forças Armadas russas e as formações da República Popular de Donetsk decretaram um cessar-fogo unilateral de hostilidades”, completou. Entretanto o anúncio coincidiu com “violentos combates” no complexo industrial.