Algumas ferramentas das redes sociais e da legislação brasileira podem ajudar a lidar com a situação
Cyberbullying é a violência realizada com o uso de tecnologias da informação em ambientes digitais. Essa prática, portanto, tem como intuito ofender, humilhar ou ainda envergonhar e intimidar a vítima da ação. Até 2018, de acordo com dados do instituto Ipsos, o Brasil aparecia em segundo lugar no ranking de países com maior número de casos de cyberbullying contra crianças e adolescentes. Ficava atrás apenas da Índia.
Além do bullying virtual, outra prática recorrente na internet e que pode ser grande ameaça a crianças, adolescentes e mulheres em geral é o cyberstalking (ou, em português, perseguição virtual), em que um indivíduo ou grupo de indivíduos utiliza a tecnologia para perseguir alguém.
As duas práticas podem ter impacto na autoestima, autoconfiança e até mesmo na segurança das vítimas. E, portanto, estão previstas em lei com penas variadas, que vão de multas a reclusão. Veja, a seguir, cinco dicas para se proteger de cyberbullying e perseguição online.
Não responda aos ataques cyberbullying
O cyberbullying consiste em ataques recorrentes realizados por meio de dispositivos eletrônicos. Embora ocorra no ambiente virtual, essa prática se assemelha ainda assim ao bullying realizado na vida “real”. Por isso, quando percebem que suas provocações têm efeitos na vítima, é possível que os agressores enxerguem nessa reação um estímulo. E, desse modo, invistam cada vez mais na agressão.
Embora não responder a essas intimidações pareça um conselho óbvio e difícil de seguir, essa é uma das melhores maneiras de desestimular os chamados bullies (quem pratica bullying). Isso porque a indiferença pode fazer com que eles desistam de seus alvos. Além disso, outra razão importante para não responder às provocações é evitar incorrer na mesma prática do agressor, Ou seja, proferindo ofensas e propagando informações caluniosas como vingança.
Salve evidências
Diferentemente de outras formas de intimidação e perseguição, o cyberbullying e o cyberstalking costumam deixar rastros pela forma e pelo meio em que são praticados. Felizmente, esses registros podem ser utilizados posteriormente a favor da vítima. De acordo com a advogada do Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio de Janeiro, Janaína Costa, “em qualquer um dos casos, é importante que vítima, a partir do momento em que se sentir constrangida ou ameaçada, comece a fazer registros de todo o tipo de contato indesejado por parte do perseguidor”.
Peça ajuda a amigos, parentes e profissionais
Os ataques sofridos podem acionar gatilhos e desencadear reações inesperadas. Por isso, é importante contar com o acolhimento de amigos e parentes para conseguir superar o trauma. Sempre que se sentir atingido por uma agressão, mais do que apenas buscar auxílio na lei, é importante pedir ajuda a pessoas de confiança para não precisar lidar com a pressão sozinho.
De acordo com o Unicef, obter ajuda em grupos de confiança, além de ser importante para ajudar a elucidar e resolver o problema, também serve para fortalecer a vítima dos ataques e da perseguição. Além disso, esse auxílio pode ser útil para conscientizar a vítima de que há mais pessoas que se importam com seu bem-estar do que o contrário.
Segundo a psicóloga Blenda Oliveira, no caso de vítimas crianças e adolescentes, é preciso que desde cedo eles sejam estimulados pelos pais ou responsáveis a conversar sobre os problemas. “A gente precisa, portanto, incentivar as crianças e adolescentes. Sempre que elas tiverem problemas. Não só de cyberbullying, que elas peçam ajuda. Seja a um pai ou a um professor”, diz a especialista. Isso porque, além de precisar entender como diferenciar essas agressões online de uma simples brincadeira, a criança ou adolescente precisa sentir que há um espaço de confiança para se abrir.
É possível também procurar ajuda profissional para lidar com o problema. A ONG SaferNet Brasil, por exemplo, oferece um serviço de orientação que pode ser acessado pela página Helpline. Esse endereço é, portanto, especializado em crimes e violações dos Direitos Humanos na Internet. E, dessa maneira, garante o sigilo e o anonimato ao usuário. A plataforma ainda esclarece dúvidas gerais sobre segurança na Internet. Como, por exemplo, dicas de como prevenir abusos, intimidação, humilhação e extorsões.
Entre em contato com o suporte das redes sociais
As redes sociais costumam ser ambientes muito explorados para ataques de cyberbullying e cyberstalking. Como por exemplo, ex-namorados ou grupos de bullies criando até mesmo contas fake para agredir e perseguir suas vítimas. Por isso, essas plataformas colocam à disposição mecanismos próprios para denunciar práticas de intimidação.