Pesquisadores relataram que criaram uma cepa da Escherichia coli, bactéria que come CO2 por energia em vez de compostos orgânicos
Os pesquisadores projetaram uma cepa de E. coli, bactéria que come CO2, ou melhor, consumir dióxido de carbono e transformá-lo em energia. A forma de vida sintética poderia algum dia ajudar a combater as mudanças climáticas.
Mesmo com a crescente conscientização sobre as mudanças climáticas, as emissões globais de gases de efeito estufa ainda estão subindo. E, nos últimos anos, os cientistas trabalharam para aplicar os avanços da biologia sintética. A aplicação dos princípios de engenharia ao estudo da vida orgânica. Isso em direção a alguns dos nossos desafios ambientais mais prementes.
Os pesquisadores esperam, portanto, explorar formas de vida sintéticas para converter dióxido de carbono atmosférico, Ou CO2 em alimentos, combustíveis e produtos químicos orgânicos que os humanos possam usar. Mas muitas tentativas anteriores, como um esforço de 2016 para sintetizar açúcar de CO2 em bactérias, tiveram sucesso limitado.
Bactéria que come CO2 por energia
Em um estudo publicado recente na Cell, pesquisadores do Instituto de Ciência Weizmann, em Israel, relataram que criaram uma cepa da bactéria Escherichia coli, ou E. coli, bactéria que come CO2 por energia em vez de compostos orgânicos como açúcares e gorduras.
E enquanto o estudo vem com uma grande ressalva – o processo atualmente produz mais CO2 do que consome – a equipe de pesquisa espera, portanto, que seu trabalho possa fornecer uma base para fontes de energia neutras em carbono no futuro.
Química Orgânica
De um modo geral, os seres vivos são, contudo, divididos em dois tipos de organismos. Existem autotróficos, como plantas, que criam seus próprios alimentos a partir de materiais inorgânicos, como luz e dióxido de carbono.
E existem heterotróficos, como animais e algumas formas de bactérias. Eles dependem de devorar outros organismos e compostos orgânicos para sobreviver. Os autótrofos compõem, dessa forma, a maior parte da biomassa da Terra – e contribuem para muitas de nossas fontes de alimento e combustível.
Na biologia sintética, os cientistas têm se esforçado para criar heterotróficos, como E. coli, no laboratório. Seu objetivo é produzir uma variedade de bactérias capazes de ingerir substâncias inorgânicas para obter energia.
Em outras palavras, transformar um heterotrófico em um autotrófico com o objetivo de consumir CO2.
A equipe de pesquisa observou, nesse sentido, que queria converter os alimentos da E. coli de açúcar em CO2 para ajudar a criar fontes mais sustentáveis de alimentos e combustível. E, ainda, potencialmente reduzir os impactos do aquecimento global causados pelas emissões de dióxido de carbono.
Bactérias E. Coli
Cortando carbono
No estudo, os cientistas descrevem, portanto, como eles foram capazes de religar os processos metabólicos da bactéria para produzir toda a sua massa a partir de CO2. Entretanto, durante vários meses, eles evoluíram gradualmente a cepa para tornar as bactérias mais dependentes do dióxido de carbono, em vez de açúcares, para o crescimento.
“Ensinar uma bactéria intestinal a fazer truques pelos quais as plantas são conhecidas era um tiro no escuro. Além disso, ver o número relativamente pequeno de alterações genéticas necessárias para fazer essa transição foi surpreendente”, disse Shmuel Gleizer, primeiro autor do estudo e pesquisador do Instituto de Ciência Weizmann.
Fonte: Startup Ignite