Cozinha Show, em Bonito, e festivais do sobá e da carne, na Capital, a partir deste fim de semana, fazem a alegria dos glutões
Sempre é tempo de se comer bem, não há dúvida. Por isso Cozinha Show, em Bonito, trás uma programação gastronômica do mês de agosto parece que deu uma caprichada e tanto no cardápio dos glutões sul-mato-grossenses.
Dessa forma, coincidência ou não, pelo menos três festivais estarão exaltando as virtudes e delícias da boa mesa durante as próximas semanas. Haja fôlego, e estômago, para acompanhar com a boca tanta coisa gostosa.
Localização do festival
Sendo assim, o festival acontece até domingo (7) no Armazém Cultural (Av. Calógeras, nº 3.065, Centro), em Campo Grande. O evento também recebe o Festival da Carne de MS 2022, com 10 estações de alimentação, workshops, palestras, chefs renomados, estandes de cervejas artesanais e shows de música regional.
Também no domingo (7), na Feira Central, uma espécie de pré-estreia dá partida ao Festival do Sobá, que, de 11 a 14 deste mês, celebra o mais campo-grandense dos pratos japoneses. E nos dias 26 e 27 de agosto (sexta-feira e sábado), a cozinha regional marca presença na 21ª edição do Festival de Inverno de Bonito, que vai abrigar o Cozinha Show.
Por exemplo, o prato: MERGULHO NO IMAGINÁRIO
A temática geral do Cozinha Show, sintetizada pelos organizadores do projeto na expressão “Um Mergulho no Imaginário”, propõe destacar a relação da rica paleta de sabores dos pratos locais com o turismo sustentável, a biodiversidade e o conceito de patrimônio cultural e natural.
Por isso, ”expressar e produzir, inserido não só no contexto de salvaguarda, mas também como atrativo turístico-cultural, o Cozinha Show abordará, nas suas preparações, ingredientes que estão presentes na região e interligados com o patrimônio imaterial e a construção da nossa identidade sul-mato-grossense”, diz Márcia Marinho, curadora do projeto.
Contudo, uma “cozinha show” será montada na Praça da Liberdade, em Bonito, para a realização de oficinas de gastronomia, com o objetivo de trazer luz a um dos patrimônios imateriais do Estado. Então, o evento é gratuito e, para participar, não é necessária inscrição prévia.
Os chefs Edu Rejala, Sylvio Trujillo, Patrícia Ayres Marques, Leonardo Zonitta, Letícia Krause e Paulo Machado vão se revezar no ensino de receitas com a alma sul-mato-grossense.
Por exemplo: mojica de pintado, croquete de peixe, carne oreada em especiarias pantaneiras, mandioca em texturas, plantas alimentícias não convencionais (Pancs) e alho negro, além de iguarias inusitadas, como cheesecake de tereré e brownie da floresta com sorbet de guavira.
“Será um espetáculo protagonizado pelos chefs, convidados a demonstrar para ao público um prato diferente da trivialidade, com ingredientes que fazem parte da identidade cultural”, afirma a curadora.
MOJICA DE TRUJILLO
O chef bonitense Sylvio Trujillo vai apresentar a mojica de pintado. Criador e criatura foram, inclusive, destaque na edição do fim de semana deste Correio B. “É um prato muito tradicional de Mato Grosso do Sul, por conta de ter suas raízes indígenas.
‘Mojica’, em guarani, significa ‘engrossado’. Seria algum cozido no caldo da mandioca para utilizar esse amido proveniente do cozimento da mandioca, para que ele fique um caldo consistente”, explica Trujillo.
“A receita original é basicamente pintado cozido no caldo da mandioca com urucum, pimenta dedo-de-moça, banana da terra e a própria mandioca em seu caldo. O meu prato é uma releitura, cada ingrediente é feito em um processo de cozimento diferente, todos eles utilizando o caldo da mandioca”, diz o chef, que, com a releitura, ficou em primeiro no Enchefs MS deste ano.
Entretanto, a premiação dá a Trujillo, que nasceu em São Paulo, o direito a concorrer à vaga de embaixador da gastronomia do Estado. Morando em Bonito desde 2006, o chef é o atual presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel).
CARIBÉU DE MACHADO
O chef Paulo Machado escolheu um prato bastante representativo do cardápio pantaneiro de inverno, o caribéu.
“A gente não tem invernos rigorosos como em outras partes do mundo, mas tem aquele friozinho gostoso que exige um ensopado, um prato mais resistente, que nos dá conforto ao comer. Resolvi fazer uma releitura do caribéu. Mas, trago a mandioca em duas texturas diferentes, uma mais pastosa e outra mais crocante. Uma mandioca com duas formas de cocção, cozida e salteada”, afirma.
“E junto a isso, no prato, eu coloco a carne oreada em especiarias. Dessa forma, é uma técnica que é patrimônio da cidade de Aquidauana, um processo de cura da carne bovina pantaneira, que é uma carne de animais que pastam, criados no campo, com um sabor mais forte, mais intenso, muito mais saboroso do que a de animais que ficam confinados”, detalha Machado.
“Coloquei alho, pimenta desidratada, cebola desidratada e um toque de cominho, fazendo referência à ascendência árabe da nossa gastronomia. Coloco essa carne oreada com ponto menos sobre essas texturas de mandioca e ainda coroo tudo isso com uma redução de alho negro e pimenta. E decoro esse prato com plantas alimentícias não convencionais. Serralha, dente-de-leão, caruru e algumas outras folhinhas e flores que eu encontrar pelo caminho quando estiver em Bonito”, afirma o chef.
Contudo, um profundo conhecedor da gastronomia latino-americana, Machado é autor do livro “Cozinha Pantaneira”, colunista da rádio CBN e mora em Barcelona. Desenvolve projetos em diversos países e, em 2015, venceu o Prêmio Dólmã de melhor chef na categoria nacional.
FARRA DA CARNE
Mas, já o mote geral da segunda edição do Festival da Carne MS, neste fim de semana, no Armazém Cultural, com entrada franca, é a celebração dos 123 anos de Campo Grande. Atenção para os horários: das 18h às 22h (dias 5 e 6) e das 11h às 17h (dia 7).
“Contamos com importantes parceiros, que oferecerão ao público produtos da mais alta qualidade e sabor. Mais que um evento gastronômico, o Festival da Carne tem o objetivo de fortalecer a economia e a nossa gastronomia regional, que é tão rica em sabores”, explica Henrique Corrêa, que divide a organização do evento com Márcia Marinho.
Então, alguns chefs do Cozinha Show de Bonito também estarão na farra da carne do Armazém.
“A carne orgânica com terroir pantaneiro será destaque em estações comandadas por chefs reconhecidos internacionalmente e que representam nossa gastronomia tradicional, como Paulo Machado, Bruna Lopes e Silvio Trujillo, que apresentarão pratos pantaneiros para o público saborear e se deliciar neste grande encontro das comunidades sul-mato-grossenses”, afirma Eduardo Cruzeta.
Ele preside a Associação Pantaneira de Pecuária Orgânica e Sustentável (ABPO), que terá uma estação no festival com pratos típicos da cultura regional. Então, nesse evento, Silvio Trujillo vai preparar, com seu toque especial, o locro, prato do cardápio fronteiriço feito à base de canjica de milho amarela e carne.
SHOWS
Por isso, ao embalar a comilança, o Festival da Carne contará com shows de música regional. Confira as atrações: Folk4 e Zezinho e Banda (sexta), Vai Quem Qué e Muchileiros (sábado) e Grupo Tradição e Filho dos Livres (domingo).
Quem vai pilotar o som durante os intervalos é o DJ Chico. Patrocinado pelo Senar/MS, o evento tem correalização da Abrasel, da Prefeitura Municipal de Campo Grande, da Fecomércio e do Sesc.
SOBÁ
No Festival do Sobá, de 11 a 14 de agosto, na Feira Central, com uma prévia neste domingo, um dos destaques, uma vez mais, é o módulo do Cozinha Show.
Muito mais que oferecer apenas a conhecida iguaria de Okinawa, o evento vai apresentar, por exemplo, as delícias criadas com base na cozinha oriental do cardápio de chefs como Felipe Kawamura (Sakura). Uma vasta programação cultural promete deixar o festival ainda mais animado.
Fonte: Correio do estado