Dois projetos de lei no Brasil tramitam na Câmara dos Deputados para incluir no Sistema Único de Saúde (SUS) testes genéticos. Assim, pode-se detectar o risco desse câncer em mulheres com histórico familiar do mesmo.
Câncer de mama e as formas de tratamento
Segundo o Dr. Jorge Reis Filho, que é diretor de patologia experimental no Memorial Sloan Kettering Cancer Center, esse mapeamento oferecerá às pacientes uma ideia do risco que as filhas delas teriam e também formas de tratamento.
“A esperança e a confiança nas terapias atuais aumentaram muito por causa da genética”, disse Reis..
Além disso, o FDA, órgão equivalente à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) nos Estados Unidos, aprovou o primeiro software que faz um diagnóstico automático.
A princípio, a tecnologia é voltada para o câncer de próstata, mas a expectativa é que em um ano seja usada também para mama e outros tipos de câncer.
Silencioso, furtivo
Apesar das melhorias claras no tratamento, o câncer ainda é responsável por cerca de 17% das mortes em todo o mundo. As razões são múltiplas, mas uma delas salta aos olhos: falta de diagnóstico precoce. Em geral o câncer é um ‘animal’ furtivo, silencioso e cresce sem detectação.
Fica escondido, escamoteado, as vezes por tempo suficiente para se enraizar por um órgão ou se espalhar pelo corpo. É um adversário notável e cheio de força para resistir as terapias mais sofisticadas. Com sorte e tratamento precoce o paciente pode sobreviver por anos, mas se cair na ‘desatenção’ pode novamente ser engolido e entrar para as estatísticas (uma em cada 6 mortes no planeta são causadas pelo câncer).
No ano passado, mais de 2,3 milhões de mulheres em todo o mundo tiveram câncer de mama, o tipo que mais acomete a população feminina e mais mata. Desse modo, ele representa cerca de 24,5% de todos os tipos de neoplasias diagnosticadas, segundo o Inca -Instituto Nacional do Câncer. No Brasil, em 2020, cerca de oito mil casos tiveram relação direta com os fatores comportamentais citados.
Inteligência artificial forte aliada na detecção
A inteligência artificial (IA) deve ser o grande divisor de águas neste século no diagnóstico dos carcinomas mamários. Ela pode aumentar a precisão, economizar tempo e melhorar a sobrevida do paciente. Uma comparação de três sistemas de inteligência artificial disponíveis comercialmente para detecção de câncer de mama descobriu que o melhor deles tem um desempenho tão bom quanto de um radiologista humano.
Os resultados sugerem que os sistemas de IA podem aliviar parte da carga que os programas de rastreamento impõem aos radiologistas. Amostra incluiu 739 mulheres que foram diagnosticadas com câncer de mama menos de 12 meses após o rastreamento, e 8.066 mulheres que não receberam nenhum diagnóstico de câncer mamário em 24 meses. A conclusão sugere que os algoritmos de Inteligência Artificial podem ajudar a corrigir os falsos negativos, principalmente quando usados em esquemas de triagem de leitor único.
O Hospital de Amor de Barretos (SP), por exemplo, elegeu a inteligência artificial como o principal método de prevenção contra o câncer de mama. No sistema implementado em 2020, o radiologista analisa o exame e compara com a avaliação feita pela plataforma de IA. Assim é capaz de identificar a presença de nódulos malignos e demais inconformidades.
Detecção precoce e cura
Caso haja discordância entre o homem e a máquina, entra um segundo radiologista. Em cerca de 85% dos casos, as pacientes que passam pela mamografia descobrem não ter câncer. Assim, um único médico pode avaliar a maioria dos exames, ao invés de dois ou até três profissionais, como antes.
Desse modo, o hospital realiza cerca de 2 mil mamografias por dia e com ajuda do sistema pode chegar a dobrar a quantidade. Segundo o INCA (Instituto Nacional do Câncer) o Brasil deve superar 66 mil novos casos de câncer somente em 2020. Entretanto, a detecção precoce aumenta as chances de cura em 95% dos casos (Sociedade Brasileira de Mastologia).
Outubro Rosa
O Outubro Rosa, mês de conscientização sobre o câncer de mama, Dessa forma, tem o objetivo de reforçar a importância do rastreio para o diagnóstico precoce da doença e, em 2021, esse alerta se faz mais necessário ainda.
Isso porque um levantamento da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) indicou que, em 2020, o número de mamografias realizadas por mulheres entre 50 e 69 anos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) foi de 1,1 milhão – em 2019, foram 1,9 milhão.
O número representa uma redução de 42% nos exames realizados por mulheres nessa faixa etária. Preconiza-se pelo Ministério da Saúde para realização do exame a cada dois anos.
Ft: Saúdebusiness/SBMastologia