Dados do Serasa mostram que as pessoas estão em busca de mais recursos financeiros
A procura por crédito entre os brasileiros cresceu mais de 11% em maio deste ano, em comparação com o mesmo mês em 2021. Os números são do Indicador de Demanda do Consumidor por Crédito, medido pela Serasa Experian.
De acordo com o levantamento, a maioria dos empréstimos são solicitadas por pessoas que receberão salários entre R$ 5 e R$ 10 mil por mês. O avanço nesta faixa de renda foi de 13%, maior que a média nacional.
Faixa de renda mensal entre R$ 5 e R$ 10 mil é a que mais solicita o recurso financeiro. Maioria dos empréstimos vieram da Região Norte do país.
Nesse contexto, a série histórica, o maior percentual foi registrado em todo o índice se deu em maio de 2021, quando houve um crescimento de 50,8%.
Pesquisa segundo o Serasa Experian
Com isso o economista da Serasa Experian, Luiz Rabi, ressalta, no entanto, que o percentual pode não ser uma representação irreal do histórico do levantamento.
“No mesmo mês, em 2020, houve uma queda de 20,7%, devido ao período de lockdown. Isso invalida essa grande expansão de 50%.
É importante considerar que, com o tombo do ano passado, o que seria um crescimento recorde significa apenas uma leve recuperação”, justifica.
Então na análise por regiões, o Norte do país concentra a maior parcela de pedidos por crédito.
Ao todo, os sete estados nortistas são responsáveis por 17,8% das solicitações de empréstimo neste período.
O economista da Serasa Experian, Luiz Rabi, aponta que os níveis de desemprego podem ser uma das explicações.
“O Norte tem a menor renda per capta do país. Com tudo, a inflação elevada, a população de baixa renda acaba sendo muito afetada”, relembra.
“Com menor renda, é necessário mais crédito para complementar o orçamento mensal.
Apesar disso não ser uma solução recorrente, pois a população pode acabar se endividando”, afirma”, complementa.
Na última divulgação da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), o nível de desemprego entre os estados do Norte, de 11,7%, foi o segundo mais alto do país.
O percentual, além de ser mais elevado do que a média de todos os estados (11,1%), só ficou atrás do Nordeste (14,9%).
Sendo assim, Rabi também chama a atenção para o emprego dessas linhas de crédito em demandas básicas de curto prazo para tentar manter um certo padrão de consumo.
“Os consumidores, mesmo com a alta da taxa de juros, atuo com o modelo de consumo por necessidade e utilizando o crédito para honrar compromissos financeiros”, explica.
Situação financeira em alerta
“Além de complementar o pagamento de itens e serviços prioritários que não puderam ser pagos com o orçamento mensal habitual”, acrescenta.
Pois para o professor de Economia da Fundação Getúlio Vargas (EESP/FGV), Alberto Ajzental, esse cenário é um alerta de que a situação financeira da população que vai atrás do recurso não vai bem.
As pessoas não conseguem fechar os orçamentos mensais e com isso recorrem a empréstimos, então é um crédito péssimo.
Quando o cidadão pede empréstimo, há um alívio no primeiro momento.
No entanto, no mês seguinte, é preciso pagar a o que se pediu emprestado mais os juros, pondera.
“Então, se a matemática já não fechava antes, não vai fechar depois, porque piora a situação.
As pessoas estão recorrem a dinheiro externo para pagar as contas. Vai virar a famosa bola de neve. O que deve ser feito é adequar as despesas às receitas”, enfatiza.
Contudo, o economista ressalta que a concessão de crédito não é uma prática ruim.
“Pelo contrário, quando ele é usa para a compra de imóveis ou veículos, por exemplo, significa que a economia vai bem e as pessoas estão poupando dinheiro.
Isso mostra que elas estão organizadas financeiramente e que vão usar o valor que sobra das contas, no final do mês, para pagar a parcela do financiamento.
Se endividar com um pedido de empréstimo pode ser algo bom, mas não é o caso do país hoje”, conclui.
Fonte: agazetanews