O Governo do Brasil tomou a decisão e país vai ingressar no fórum da Opep+, confira
O Governo do Brasil vai aceitar o convite da Organização dos Países Produtores Exportadores de Petróleo (Opep) e ingressar no grupo de aliados do cartel, conhecido como fórum “Opep+”. A decisão foi tomada (18).
Criada em 1960, a Opep reúne hoje 13 grandes países ofertantes de óleo no mundo como Arábia Saudita, Irã, Iraque, Emirados Árabes Unidos e Venezuela.
A sigla “Opep+”, com o símbolo de adição, inclui também os chamados “países aliados” — que não integram a organização propriamente, mas atuam de forma conjunta em algumas políticas internacionais ligadas ao comércio de petróleo e na mediação entre membros e não membros. É nesse grupo que o Brasil decidiu entrar.
Desse modo, o Brasil será o primeiro país a aderir à chamada “carta de cooperação” da Opep — fórum de discussão dentro da estrutura do cartel, do qual participarão os países da Opep e da Opep+.
Governo decide se entra na Opep+
O governo decidiu nesta terça aderir à Agência Internacional de Energia (IEA), à Agência Internacional de Energia Renovável (Irena) e à Opep+.
“Isso gera alguma obrigação vinculante ao Brasil? Não. Literalmente não. Foi lida e relida na reunião do CNPE que é apenas uma carta, um fórum de discussão de estratégias dos países produtores de petróleo”, declarou Silveira.
“O Brasil foi convidado para que nós fizéssemos parte da carta de cooperação. O que fizemos hoje foi exatamente discutir a entrada no Brasil em três organismos internacionais. Autorizamos iniciar o processo de adesão à EIA, isso tá aprovado. A continuação do que foi suspenso no governo anterior, que é a adesão à Agência Internacional para as Energias Renováveis (Irena). Ficou decidido: início da adesão à EIA, Irena e Opep+”, afirmou Silveira.
Desse modo, Silveira deu as declarações após reunião do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) (18)
“É apenas uma carta e fórum de discussão de estratégias dos países produtores de petróleo. Não devemos nos envergonhar de sermos produtores de petróleo”, declarou o ministro.
Ambientalistas criticam
Contudo, para Camila Jardim, representante do Greenpeace Brasil, com o anúncio da adesão à Opep+, o Brasil envia “o sinal errado para o resto do mundo”, sobretudo no ano em que o país sediará a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025 (COP 30), em Belém (PA).
“Em meio a mais uma onda brutal de calor e recordes sucessivos nas altas de temperatura no último ano, o Brasil vai na contramão ao buscar integrar um grupo que funciona como um cartel do petróleo, trabalhando para sustentar preços lucrativos por meio do controle da oferta”, afirmou a especialista em política internacional da ONG.
“Isso coloca o papel de liderança climática do Brasil em risco e, no mundo atual, essa é uma liderança que precisamos muito”, acrescentou Camila Jardim.
Todavia, Pablo Nava, especialista em transição energética do Greenpeace Brasil, afirma que o mundo precisa “de novas estratégias” e não de voltar os olhos a “velhos esquemas” de exploração de petróleo.
“O Brasil não precisa ingressar na OPEP+ para ter sucesso em sua política internacional, em vez disso, poderia aprofundar suas relações com alguns desses países em outros fóruns multilaterais para ampliar os diferentes caminhos e modelos de transição energética, transição produtiva, e economia de baixo carbono, alinhados aos compromissos do Acordo de Paris”, declarou Nava.
Contudo, Suely Araújo, coordenadora de políticas públicas do Observatório do Clima, afirma que o anúncio do governo “expõe o negacionismo” em relação à emergência climática.
“O Brasil também tem insistido em aderir à OPEP+. Onde queremos chegar? Petróleo gera dinheiro, mas para quem e com quais consequências? Produzimos petróleo suficiente para nossa demanda interna. O financiamento da transição energética não justifica essa expansão irresponsável, que só piora o problema que se pretende resolver”, declarou Suely.
‘Também sou ambientalista’, diz ministro
Questionado sobre a repercussão entre ambientalistas da decisão do governo brasileiro de ingressar na Opep+, Alexandre Silveira disse também se considerar um “ambientalista”, e alfinetou:
“Ambientalistas, que têm todo meu respeito. Eu também sou ambientalista, talvez me considere mais ambientalista que eles”, declarou.
“Quero saber o que está por trás disso, de chamar de contradição participar de um fórum para discutir transição energética”, completou Silveira.