No Recife, iniciativas unem planejamento, tecnologia e solidariedade para evitar que toda essa comida vá para o lixo
O Brasil desperdiça mais de 27 milhões de toneladas de alimentos por ano, e no Recife iniciativas unem planejamento, tecnologia e solidariedade para mudar isso. Então, uma em cada três famílias brasileiras enfrenta algum nível de falta de alimentos.
Contudo, em vez do lixo, é a panela que recebe alimentos com pequenos defeitos que dificilmente o consumidor levaria para casa. Bons para o consumo, eles viram ingrediente para a sopa no Ceasa do Recife.
“Atualmente, atendemos atualmente 50 comunidades. Ou seja, são 5 mil pessoas, e nós produzimos mil quilos de sopa diariamente com a ajuda dos comerciantes e a sobra desse material”, diz o presidente do Ceasa/PE, Bruno Rodrigues.
Por isso, a sopa que mata a fome também combate o desperdício. Mas, um levantamento da ONU mostra que o Brasil desperdiça por ano cerca de 27 milhões de toneladas de alimentos, e 80% desse desperdício acontecem no processo de produção, manuseio, transporte e nas centrais de abastecimento.
Sendo assim, a empreendedora social Úrsula Corona apostou na inovação para ajudar a combater a fome. Ela criou o aplicativo Fome de Tudo, que desde fevereiro deste ano já distribuiu 80 toneladas de alimentos. Por exemplo, uma rede de produtos hortifrutigranjeiros de Pernambuco se cadastrou no aplicativo e agora, três vezes por semana, doa cerca de 120 quilos de alimentos em condições de consumo.
Maior proporção dos que enfrentam insegurança alimentar está no Norte e Nordeste do país; em números absolutos, Sudeste é a região mais atingida, segundo estudo.
Dados regionais
A maior proporção de famílias nessa situação está nas regiões Norte e Nordeste do país. Alagoas é o estado em que os casos de insegurança alimentar grave são mais frequentes, atingindo 36,7% das famílias pesquisadas.
Números absolutos
Apesar de proporcionalmente atingir mais as regiões Norte e Nordeste, a maior concentração de pessoas que passam fome em números absolutos está no Sudeste, região mais populosa do país.
Os dados são puxados principalmente por São Paulo, com 6,8 milhões de pessoas nessa situação, e pelo Rio de Janeiro, com 2,7 milhões.
A pesquisa
Os pesquisadores foram de casa em casa, de novembro do ano passado a abril deste ano. Eles visitaram 12.745 domicílios em 577 cidades, em todos os estados do país e no Distrito Federal.
Renda e endividamento
Além do grande número de atingidos pela fome, os pesquisadores constataram que o problema se agravou após a pandemia, com queda na renda das famílias e aumento do custo de vida.
Segundo o levantamento, as famílias com renda inferior a meio salário-mínimo por pessoa estão mais sujeitas à insegurança alimentar moderada e grave.
Fonte: primeirapagina