Você está visualizando atualmente Antibiótico menos tóxico pode virar realidade graças a pesquisadores brasileiros
Antibiótico com mais segurança, e menos tóxico para a saúde, pode se tornar realidade graças a pesquisadores brasileiros. Foto: Pixabay

Antibiótico menos tóxico pode virar realidade graças a pesquisadores brasileiros

Pesquisadores da USP analisaram funcionamento da gentamicina, antibiótico de uso limitado devido à potencial toxicidade

Pesquisadores brasileiros estão no caminho para tornar um tipo de antibiótico mais seguro e menos tóxico. Contudo, a gentamicina, apesar de sua eficácia no combate a infecções bacterianas, possui limitações devido à sua toxicidade.

A pesquisa, publicada recentemente no ACS Chemical Biology, conseguiu manipular a produção deste medicamento para, futuramente, garantir mais segurança aos pacientes.

Antibiótico menos tóxico e mais seguro está a caminho

O trabalho está sendo desenvolvido por pesquisadores do Laboratório de Biologia Estrutural Aplicada da Universidade de São Paulo (ICB-USP). A saber, para encontrar formas de tornar o antibiótico gentamicina mais seguro e menos tóxico, eles exploraram a formação de seus componentes.

O medicamento já é eficaz em tratamentos tópicos, como pomada para infecções de pele. No entanto, os rins e os ouvidos são os principais órgãos afetados pela toxicidade da gentamicina, o que limita seu uso em muitas terapias.

Como foi trabalho

O professor Márcio Dias, líder do estudo e do Laboratório de Biologia Estrutural Aplicada, explicou à Agência FAPESP como funciona a pesquisa:

  • A gentamicina, um antibiótico de amplo espectro, é produzida pela bactéria Micromonospora purpurea e possui uma complexa estrutura molecular. A separação dessas moléculas para estudo é fundamental para melhorar a qualidade final do antibiótico;
  • Para isso, a pesquisa focou na produção de dois dos cinco componentes da gentamicina, que possuem estruturas semelhantes. A diferença está no rearranjo atômico;
  • Isso porque a enzima GenB2 catalisa o processo, transformando a gentamicina C2 em C2a. Portanto, sem a enzima, não há formação da C2a e, consequentemente, não há medicamento;
  • A equipe estudou a GenB2 e identificou um comportamento exclusivo, atribuído a um aminoácido raro, a cisteína, que não é conservado em outras enzimas dessa classe.

O que isso significa para produção do antibiótico, na prática

A partir do processo descrito, foi possível entender como os componentes que formam o antibiótico funcionam. Contudo, isso abre possibilidades para manipulações a nosso favor, colaborando no desenvolvimento de medicamentos mais seguros e menos tóxicos.

Por exemplo, Dias vê, no futuro, a possibilidade de ajustar a enzima GenB2 para produzir apenas a gentamicina C2 ou C2a, o que causaria menos efeitos adversos nos pacientes.

Fonte: olhar digital