A proposta do programa é tentar incentivar o consumo de proteína bovina entre as famílias de menor renda
O projeto “Carne no Prato“, ou o “vale carne”, está em estudos pelo governo do presidente Lula, e a ideia é defendida por pecuaristas visa a criação de um voucher que permita às famílias carentes a compra de carne bovina.
Assim, a proposta entregue em setembro do ano passado pela Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul, a Acrissul, ao Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) e o Ministério do Desenvolvimento Social (MDS).
Desse modo, a proposta do programa é tentar incentivar o consumo de proteína bovina entre as famílias de menor renda. E, assim, tentar reverter a tendência de queda do consumo vista nos últimos anos.
Pecuaristas e o Vale Carne
O plano entregue pela entidade cita a distribuição de um cartão para famílias em situação de extrema pobreza. Que permitiria comprar exclusivamente carne em redes do varejo conveniadas ao programa. Dessa forma, os R$ 35 propostos, diz a Acrissul, permitiram a compra de dois quilos de carne bovina por mês.
Uma consulta no site do supermercado Dia, uma rede popular mostra que o valor permitiria comprar 1,75 kg de costela bovina resfriada (R$ 19,90 o quilo na promoção da semana). Ou 920 gramas de bife ancho (R$ 37,90m na promoção da semana).
No Pão de Açúcar, possível comprar 1,03 kg da carne moída congelada mais barata (R$ 16,98 a bandeja de 500g).
Programa “Carne no Prato“
Um dos argumentos dos pecuaristas sul-mato-grossenses é que o consumo per capta de carne bovina cai há quatro anos seguidos e atingiu 24,2 quilos por habitante. Aliás, o menor patamar desde 2004.
Para a entidade, o programa “beneficiará todos os elos da cadeia produtiva da pecuária bovina. Melhorando a produção, criando emprego na indústria. Assim, aumentando a arrecadação e, na ponta final, beneficiando a população carente que vive em situação de vulnerabilidade, garantindo segurança alimentar”.
Contudo, pelos cálculos da entidade, o programa poderia gerar demanda adicional por 475 mil toneladas de carne bovina. Ou 2,35 milhões de cabeças de gado por ano. Aliás, o número representa 8% do total de animais abatidos pelo Brasil anualmente.
“Para se ter uma ideia, no ano passado, o Mato Grosso do Sul abateu 3,5 milhões de cabeças de gado e o programa demandaria 2,3 milhões de cabeças por ano”. Compara Guilherme Bumlai, presidente da associação.
Procurado, o Ministério do Desenvolvimento Social informou que o tema deveria tratar com o Ministério do Desenvolvimento Agrário.
O Ministério do Desenvolvimento Agrário, por sua vez, informou em nota que “recebe diariamente inúmeras sugestões de diversos setores da sociedade civil de aperfeiçoamento e criação de novas políticas públicas”.
“Neste sentido, o Ministério do Desenvolvimento Agrário recebeu a proposta do ‘Programa Carne no Prato’. Sendo assim, a proposta foi protocolada, está em análise na área técnica do Ministério. E encaminhada para a primeira avaliação pelos demais órgãos competentes”, cita o MDA.
Fonte: cnn