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Adaptado do romance homônimo do escritor inglês Martin Amis, o filme compartilha com os espectadores o dia a dia tranquilo e feliz da família Höss

A história real que inspirou o filme Zona de Interesse

Dirigidas por Jonathan Glazer, há duas histórias no filme: uma visual e outra sonora

Um dos candidatos ao Oscar 2024, Zona de Interesse é um filme devastador, que conta de forma assustadoramente atual como coexistir com o mal, e como permitir que a vida continue bela e perfeita, desde que quem sofra sejam os “outros”. Na época do filme, a Segunda Guerra Mundial, os outros eram os judeus brutalmente assassinados durante o Holocausto.

Dirigidas por Jonathan Glazer, há duas histórias no filme: uma visual e outra sonora. A sonora começa logo na abertura e revela sons mecânicos, aterradores, do campo de concentração de Auschwitz, na Polônia, onde cerca de 1,5 milhão de pessoas foram executadas. Já a paisagem visual, mostra a casa do outro lado da rua, onde o diretor do campo de extermínio, Rudolf Höss (interpretado por Christian Friedel), vive com sua família.

Assim, colocados dentro do feliz lar nazista, ficamos oprimidos ao ver como aquela família fez de tudo para abafar os sons de gritos desesperados, choros e disparos barulhentos a apenas 100 metros de sua residência. Mas o que mais assusta é que se trata de uma história real, como veremos a seguir.

A alegre família Höss

Quando a família Höss chegou à vila que passou a levar seu nome, um prédio de dois andares com um impecável jardim paisagístico, Rudolf havia sido nomeado comandante de Auschwitz, em maio de 1940. O local era apenas um antigo quartel do exército polonês adaptado pelos nazistas para confinar presos políticos.

Uma espécie de líder disruptivo, o comandante Höss revolucionou a instalação, aperfeiçoando e testando técnicas de extermínio em massa. Que resultaram na construção de quatro grandes câmaras de gás e crematórios nos complexos de Auschwitz I, Auschwitz II e Birkenau.

Com sua visão “empreendedora”, logo Höss promovido e substituído como comandante do campo em 1943. No entanto, sua esposa Hewig (Sandra Hüller no filme) continuou morando na vila, em companhia dos filhos Klaus, Heidetraud, Inge-Brigitt, Hans-Jürgen e Annegret. Em maio de 1944, o antigo comandante retornou a Auschwitz para supervisionar pessoalmente o assassinato de 400 mil judeus húngaros em menos de três meses.

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O dia a dia em Auschwitz

Adaptado do romance homônimo do escritor inglês Martin Amis, o filme compartilha com os espectadores o dia a dia tranquilo e feliz da família Höss. Que aliás, construiu seu paraíso terrestre no jardim à beira do lago. Enquanto a 150 metros, a chaminé do crematório bombeava cinzas e fumaças para que o pai conseguisse bater suas “metas”.

Autodenominada “rainha de Auschwitz”, Hedwig administrava a casa de forma rígida, colocando a organização doméstica acima de tudo, até mesmo do marido. Os filhos tiveram uma infância saudável, entre passeios de barco e brincadeiras na areia. A casa, espaçosa e bem mobiliada, reproduzida fielmente no filme, pelo designer de produção Chris Oddy.

Portanto, para que os personagens do filme reproduzissem a rotina da família Höss, o diretor instalou dez câmeras escondidas em diversos locais da casa, e retirou todas as equipes do set. Assim, os atores entravam e simplesmente existiam, vivendo suas vidas enquanto as câmeras gravavam as cenas, como em um Big Brother.

Levando-nos para dentro da realidade familiar, Glazer propõe uma questão indigesta: há um peso por lucrar com o genocídio?

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Fonte: tecmundo