Com organização e estratégia, é possível que os brasileiros se livrem das contas atrasadas, saiba como com as dicas do especialista em planejamento financeiro pessoal e gestão patrimonial Erich Stefan Keller
O acúmulo de contas atrasadas é um problema para milhões de brasileiros, gerando estresse e incerteza financeira. Dados do Indicador de Inadimplência de Pessoas Físicas, da Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas e do SPC Brasil, indicam que quase 72 milhões de brasileiros — 42% dos adultos — estão inadimplentes. Esse é o maior índice desde que a pesquisa começou a ser feita, em 2005.
Outro número alarmante é o tempo que as pessoas ficam com as contas atrasadas: dívidas de 3 a 4 anos sem pagamento cresceram quase 40% no último ano.
No entanto, com organização e estratégia, é possível reverter a situação. O especialista em planejamento financeiro pessoal e gestão patrimonial Erich Stefan Keller reuniu dicas práticas para quem quer se livrar das dívidas e retomar o controle da vida financeira.
Primeira medida: organização e clareza
Para sair das dívidas é preciso começar fazendo um levantamento detalhado da situação financeira. “O primeiro passo é listar todas as contas atrasadas”, explica Keller. A lista deve ser abrangente e incluir os seguintes itens:
Valor total devido: considerando juros e multas;
Organização por credor: nome de pessoas e instituições para as quais se está devendo;
Data de vencimento original: vale para todas as dívidas;
Taxas de juros e multas aplicadas: calculados para cada conta.
Entender a real situação das constas atrasadas é importante para ter uma visão clara da dívida total e evitar surpresas futuras.
“Essa anotação minuciosa dá clareza para a pessoa se organizar e não ter nenhuma surpresa, nenhuma conta que esteja pendente fora do radar.”
Erich Keller, especialista em planejamento financeiro pessoal e gestão patrimonial.
O que pagar primeiro?
Após a organização, é hora de elencar prioridades. Nem todas as dívidas têm o mesmo peso ou urgência. Keller sugere a seguinte hierarquia:
1. Contas essenciais: luz, água, gás, aluguel, alimentação e outras despesas básicas de sobrevivência, que não podem ser negligenciadas;
2. Dívidas com risco de corte de serviço ou ação judicial;
3. Empréstimos com garantia: se você deixou o carro como garantia para um empréstimo, por exemplo, é melhor buscar uma quitação do que perder o automóvel;
4. Contas com juros mais altos: “Cartão de crédito e cheque especial corroem rapidamente o orçamento devido a altas taxas de juros praticadas”, reforça Keller.
Hora de negociar
Com as dívidas organizadas e priorizadas, o próximo passo é a negociação com os credores. Isso envolve entrar em contato com as instituições, explicar a situação e buscar alternativas, como parcelamentos, carências ou até mesmo descontos. “Se você toma a iniciativa e se apresenta disposto a pagar, demonstrando que não tem condição de quitar toda a dívida e que precisa de um parcelamento maior, geralmente o credor prefere receber alguma coisa do que ficar a ver navios”, orienta o especialista em finanças.
Prevenindo dívidas futuras
Após quitar suas contas atrasadas, para evitar cair novamente no ciclo das dívidas, a gestão financeira contínua é fundamental. Keller ressalta a importância do fluxo de caixa pessoal nesse contexto.
” É aquela simples e velha receita: anotar e tabelar todas as entradas e saídas, listando os gastos fixos e variáveis. Isso é super importante para identificar se está faltando, para ajustar as contas, ou sobrando para poder fazer investimentos.”
Keller também menciona a regra 50-30-20, uma diretriz para alocação de renda: “Você deixa 50% do que ganha para pagar necessidades básicas, 30% para alguns desejos e 20% para dívidas e emergências futuras”.
O consultor lista outras estratégias complementares para organizar as finanças:
Cortar gastos variáveis não essenciais;
Evitar novas dívidas enquanto se negocia as atuais (a não ser que você tome empréstimo a juros menores para quitar uma dívida com juros altos);
Buscar orientação profissional (incluindo o Procon, em caso de juros abusivos).
Fonte: uol




