Confira 5 táticas de argumentação que os narcisistas costumam utilizar no dia a dia, para manipular as pessoas
Narcisistas tendem a superestimar enormemente a precisão de suas próprias crenças. Eles se tornam defensivos, ou até combativos, quando confrontados com pontos de vista que não se alinham com os seus. Como explica um estudo de 2023 publicado na Frontiers in Psychology, isso acontece porque narcisistas geralmente demonstram níveis muito baixos de humildade intelectual. Como resultado, os narcisistas dependem fortemente de táticas de argumentação manipuladoras que servem para proteger sua autoimagem inflada.
À primeira vista, essas táticas podem parecer inteligentes ou até logicamente válidas. Mas, na realidade, elas têm mais a ver com controle do que com lógica.
Um estudo de 2024, publicado na Memory & Cognition, também observa que indivíduos dispostos a essas falácias argumentativas têm uma alta probabilidade de aceitar e propagar informações que confirmam suas crenças pré-existentes.
Narcisistas exploram esse viés cognitivo até o limite da paciência alheia: eles moldam seus argumentos de forma a se alinharem com os medos ou inseguranças das vítimas, ou então para defender sua autoimagem distorcida.
Por isso, são especialistas em criar teias de raciocínios falhos que soam convincentes, mas que, sob qualquer análise real, desmoronam completamente. Em outras palavras, muitas das táticas argumentativas preferidas por narcisistas estão repletas de erros, projetados para desviar a culpa e desestabilizar conversas. Assim, eles se mantêm no controle.
Aqui estão cinco táticas lógicas de argumentação que narcisistas usam com frequência, e, porque continuam recorrendo a elas:
1. Ad Hominem
A falácia ad hominem ocorre quando alguém escolhe atacar a pessoa que está argumentando, em vez de lidar com o argumento em si. Recusam-se a abordar a questão levantada e, em vez disso, desacreditam o interlocutor, focando em seus traços pessoais, emoções ou comportamentos passados, encerrando assim a discussão por completo.
Exemplo: você confronta um narcisista sobre um comportamento manipulador, e ele responde:
“Você só está dizendo isso porque é inseguro(a) e amargo(a).”
Em vez de responder às suas preocupações legítimas, ele ataca você. Assim, suas críticas são vistas como “irracionais”.
Narcisistas recorrem frequentemente a ataques ad hominem porque evitam, a qualquer custo, lidar com fatos que ameacem sua autoimagem. Ao transformar a discussão em uma crítica ao acusador, eles desviam o foco e fazem a vítima se sentir mal por levantar questões, garantindo assim sua posição de controle.
2. Falsa Dicotomia
A falácia da falsa dicotomia acontece quando alguém apresenta duas opções extremas como se fossem as únicas possíveis, ignorando a existência de nuance ou meio-termo. Isso bloqueia qualquer discussão significativa e prende a vítima num impasse total.
Exemplo: você critica algo que o narcisista disse ou fez, e ele responde:
“Ou você está do meu lado, ou é contra mim.”
Eles tratam qualquer desacordo como hostilidade absoluta.
Mas relacionamentos saudáveis exigem compromisso, e discussões produtivas pedem a consideração de múltiplos pontos de vista. O narcisista, no entanto, reduz tudo a dois extremos para se beneficiar.
Esse tipo de manipulação força você a escolher entre submissão total ou rejeição, impedindo o pensamento crítico e até despertando culpa, como se discordar fosse sinônimo de traição.
3. Espantalho (Straw Man)
“Espantalho” é uma falácia em que a pessoa distorce o argumento do outro, tornando-o mais fácil de atacar, refutar ou ignorar. Em vez de responder aos pontos reais, ela exagera ou deturpa o argumento.
Exemplo: você expressa de forma calma que está desconfortável com um comportamento do narcisista, e ele retruca:
“Ah, então agora eu sou a pior pessoa do mundo? Nunca faço nada certo, né?”
Com essa dramatização, ele transforma sua crítica em um ataque extremo, que você nunca fez de fato, e faz você entrar em modo de defesa.
Essa tática é usada para redirecionar a conversa e garantir que a atenção se volte aos sentimentos do narcisista, não às ações dele. Assim, suas preocupações são minimizadas e manipuladas para parecerem ridículas ou sem base.
4. Cortina de Fumaça (Red Herring)
No cenário em questão, a tática é definida como: Uma cortina de fumaça introduz um assunto totalmente diferente para desviar a conversa do problema real, impedindo a responsabilização pelas ações.
Exemplo: ao ser confrontado por um comportamento emocionalmente agressivo, o narcisista diz:
“Ah, e você? Lembra quando esqueceu meu aniversário no ano passado?”
De repente, a conversa muda completamente. Agora, ele é a vítima e você está na defensiva.
Narcisistas usam essa tática quando se sentem desconfortáveis ou ameaçados. Ao desviar o foco para qualquer outro assunto, evitam encarar suas próprias atitudes e mantêm o controle da narrativa.
5. Apelo à Hipocrisia (Tu Quoque)
Essa falácia acontece quando o narcisista responde a uma crítica apontando que o acusador já cometeu erro semelhante. Em vez de discutir se seu comportamento foi certo ou errado, ele redireciona a discussão para as falhas do outro.
Exemplo: você confronta o narcisista por ter mentido, e ele rebate com:
“Ah, e você? Nunca mentiu na vida?”
A mentira dele deixa de ser o foco. Agora, o tema são seus erros.
Ele sugere que, para criticá-lo, você teria que ser “perfeito”.
Esse tipo de argumento é eficaz porque parece válido em momentos de tensão. Mas, no fundo, é apenas mais uma forma de evitar responsabilidade. O narcisista cria uma falsa equivalência, onde ninguém tem moral para questioná-lo e onde ele nunca precisa admitir que agiu mal.
Fonte: forbes