A UFMS liderará a inauguração da Unidade da Rota Bioceânica em Porto Murtinho às 8h da manhã deste sábado (17), o evento reunirá autoridades do Estado de MS para uma visita ao local
Neste sábado, dia 17 de maio, às 8h, será realizada a inauguração da Unidade Experimental de Pesquisa da Rota Bioceânica, em Porto Murtinho, liderada pela UFMS. O Dia de Campo irá reunir autoridades do Estado para visita no local, com a apresentação das diferentes espécies de plantas testadas no campo e suas adaptações ao clima e solo. Seguido por uma palestra técnica e visita às obras da Ponte Bioceânica.
A reitora Camila Ítavo celebrará a importância estratégica das parcerias da UFMS para colaborar com o desenvolvimento de Mato Grosso do Sul e estará presente na inauguração. “Essa iniciativa orgulha a todos nós e exemplifica o potencial da ciência que aplica-se a desafios práticos ambientais, sociais e econômicos.” […] O projeto pioneiro que iremos inaugurar se alinha com o objetivo da UFMS de incentivar a sustentabilidade e a proteção do nosso bioma Pantanal. Mas sem perder de vista o desenvolvimento econômico da nossa região. Muito pautado pela produção agropecuária e que ganha novos contornos com a implantação da Rota Bioceânica”, ressalta.
Para o pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação, Fabrício Frazílio, a Unidade Experimental de Pesquisa da Rota Bioceânica insere a Universidade no centro de um corredor de desenvolvimento com grande potencial agrícola, logístico e ambiental. “A unidade, instalada em Porto Murtinho, amplia significativamente a capacidade da UFMS de gerar conhecimento aplicado em solos desafiadores, como os Planossolos Nátricos Órticos. Que possuem alta fertilidade natural, mas requerem técnicas específicas de manejo para viabilizar seu uso agrícola. Esse polo de pesquisa contribui diretamente para a expansão das linhas de pesquisa em irrigação. Conservação do solo. agricultura de precisão e genética vegetal, além de fortalecer a interação entre ensino, pesquisa e extensão no contexto do desenvolvimento regional”, explica.
Unidade Experimental de Pesquisa da Rota Bioceânica será coordenada pela UFMS, veja mais detalhes a seguir sobre
Sobretudo, o diretor do Câmpus da UFMS de Chapadão do Sul (CPCS), Kleber Gastaldi, explica que a Unidade está participando da formação da unidade de pesquisa desde o início, por meio da coordenação do professor Ricardo Gava. “O CPCS, sendo o campo referência da UFMS em Ciências Agrárias, se sente muito orgulhoso e recompensado também por poder fazer parte desse processo e entender que, com o avanço da Rota Bioceânica. O desenvolvimento agrícola daquela região ali tende a ser muito favorecido. A UFMS, por meio do Câmpus de Chapadão do Sul, executará trabalhos que fortalecem os pilares da universidade pública — ensino, pesquisa, extensão, desenvolvimento regional, qualidade de vida e geração de renda. E trarão benefícios diretos para a região de Porto Murtinho”, comenta.
O professor do CPCS Ricardo Gava explica que a percepção do potencial de estudos da região de Porto Murtinho, inserida na Rota Bioceânica e com o Pantanal em seu território, resulta na Unidade Experimental de Pesquisa. Ele afirma: “A lei deve preservar os 58,3% do território de Porto Murtinho que pertencem ao Pantanal, enquanto os outros 41,7% podem ser usados para gerar emprego e renda com uma agricultura sustentável. Áreas predominantemente de pastagem degradada podem, através de práticas como a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), não apenas melhorar a qualidade de vida das famílias que ali vivem, mas também contribuir para a preservação do Pantanal, uma vez que o melhor aproveitamento econômico dessas áreas barra o interesse em tentativas de avançar para o bioma”.
Como surgiu a ideia de criar uma nova unidade da Rota Biocêanica
A ideia da unidade surgiu em 2022, quando o deputado estadual Paulo Corrêa organizou uma reunião junto à Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc); a Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso do Sul (Fundect); Sebrae/MS; a Prefeitura de Porto Murtinho; Sindicato Rural de Porto Murtinho e a gestão da UFMS para organizar a criação. “Me designaram para coordenar o projeto de criação da Unidade Experimental de Pesquisa e Inovação Tecnológica de Porto Murtinho. Com os avanços da Rota Bioceânica e com Porto Murtinho figurando como ‘Portal da Rota Bioceânica’, rapidamente o projeto foi batizado de Primeira Unidade Experimental de Pesquisa da Rota Bioceânica”, conta o professor.
O deputado estadual Paulo Corrêa destacou a importância estratégica do projeto para o crescimento econômico e o desenvolvimento do Estado
“Porto Murtinho tem um potencial extraordinário para se tornar um polo de diversificação agrícola, gerando emprego, renda e desenvolvimento regional. Estamos investindo em pesquisa para transformar áreas subutilizadas em campos produtivos, alinhando sustentabilidade e crescimento econômico. Essa iniciativa pode abrir novas oportunidades para o agronegócio e consolidar Mato Grosso do Sul como um líder em agricultura inovadora”, pontuou.
As primeiras reuniões técnicas, realizadas também em 2022, levaram a equipe de pesquisadores da UFMS, produtores e autoridades a cruzar a fronteira com o Paraguai a fim de conhecer as práticas desenvolvidas no país.“As visitas também ocorreram do lado paraguaio que já faz integração lavoura-pecuária há mais tempo e com bons resultados. Assim, estabelecemos uma união em prol do desenvolvimento sustentável da região. Fortalecendo as ações da Rota Bioceânica também do ponto de vista da pesquisa agronômica e pecuária”.
Desde então, as autoridades realizaram reuniões e definiram o local para a Unidade. A equipe preparou o solo e plantou a primeira safra no final de 2023. Atualmente, o local já apresenta formação de culturas. Em 2023, a Fundect e a UFMS assinaram um termo para investir financeiramente no local e desenvolver o projeto por um ano. Após a apresentação dos resultados preliminares ao secretário da Semadesc, Jaime Verruck, renovaram o termo por mais um ano
Unidade Experimental de Pesquisa da Rota Bioceânica será coordenada pela UFMS em Porto Murtinho – Recuperação de áreas
Sobretudo, Porto Murtinho é o segundo maior município de Mato Grosso do Sul, com 1.773.091 hectares. Na região, a pecuária extensiva predomina, o que afeta as pastagens. Segundo o professor, é importante estudar o potencial de crescimento do local respeitando o meio ambiente e a preservação do Pantanal. “A área que sobra, sem ser Pantanal, é de 739.479 hectares. Apenas como título de comparação, é maior do que do município inteiro de Maracaju ou ainda duas vezes maior que Chapadão do Sul”, compara Gava.
Outro ponto de estudo é o impacto da temperatura no solo e no cultivo, que usa de comparação as pesquisas realizadas no CPCS.
“Diante do cenário de variações climáticas sempre imprevisíveis, um dos fatores que mais merece atenção está relacionado às altas temperaturas. […] A temperatura basicamente está diretamente ligada a altitude topográfica. Porto Murtinho é uma das regiões mais baixas de nosso Estado, com altitudes que chegam a menos de 100 metros. E, com isso, suas temperaturas chegam frequentemente a superar os 50ºC. Já Chapadão do Sul está no divisor topográfico mais alto do Estado com altitudes que aproximam-se dos 900 metros e tem temperaturas mais amenas”.
Nesse cenário, o foco é estudar as diferentes espécies de plantas e suas adaptações climáticas. “Estudar diferentes espécies de plantas em duas regiões de clima completamente diferentes gera conhecimento científico e desenvolvimento tecnológico para ambas as regiões. Enquanto Chapadão do Sul contribui com conhecimento em ILPF para a região de Porto Murtinho, os conhecimentos adquiridos em Porto Murtinho auxiliam a região mais alta do Estado a antever possíveis aumentos de temperatura no que diz respeito à adaptação de novos cultivares”, contou.
“Os impactos esperados e que já são observados vão desde sociais e econômicos. Como de abertura de mentalidade para uma nova fronteira de produção que antes parecia um tanto esquecida. Onde chega o investimento em ensino. Pesquisa. Tecnologia e inovação. O desenvolvimento acontece e, por consequência, traz junto o empreendedorismo que gera emprego e renda para as famílias terem melhoria real na qualidade de vida através do desenvolvimento das regiões que habitam”, pontua Gava.
O projeto também colabora diretamente na formação de profissionais com a participação de estudantes de graduação e pós-graduação
“[Eles] estão participando ativamente da manutenção e avaliações e logo estarão atuando no mercado de trabalho. Como também pesquisadores, consultores e produtores do Brasil e também do Paraguai que tem visitado a unidade de pesquisa para compartilhamento de conhecimento e informações”.
“Gostaria de agradecer ao Governo de Mato Grosso do Sul e as instituições envolvidas por acreditarem no desenvolvimento sustentável de nosso Estado através do incentivo econômico do ensino. Pesquisa. Inovação que geram tecnologia e estimulam o empreendedorismo”, finaliza.
Rota Bioceânica
Por fim, a Rota de Integração Latino-Americana será um corredor rodoviário com extensão de 2.396 quilômetros para integrar o Brasil, Paraguai, Argentina e Chile. Todavia, ainda, irá ligar os dois maiores oceanos do planeta. Atlântico e Pacífico. Pelos portos de Antofagasta e Iquique, no Chile, passando por Paraguai e Argentina.