Nem sempre é fácil chegar a um diagnóstico
Sabia que transtornos mentais afetam mais de 10% das crianças brasileiras? Quem tem filho pequeno já deve ter se perguntado em algum momento: “Será que ele é hiperativo?”. Às vezes, parece mesmo que a energia não tem fim! Aliás, a jornalista Ludmila Yuri Hayashi, 35, mãe de Valentina, 5, que o diga.
“Ela não consegue parar para fazer coisas simples do dia a dia. Se está vendo TV, faz contorcionismo ou brinca de massinha. Não tem paciência para esperar. Pergunta mil coisas ao mesmo tempo. Dessa forma, ela come plantando bananeira, cantando… Já na escola, termina a atividade e não consegue esperar os amigos. Fica mexendo com um e com outro”, conta.
Há cerca de um ano, Valentina recebeu o diagnóstico: ansiedade e hiperatividade. “Para ela, é o fim ter de esperar 10 minutos para entrar na terapia”, diz a mãe. Ludmila admite que é difícil controlar a inquietude da filha. “Estou aprendendo. Mas ainda me estresso; é muito difícil. Ainda tenho uma bebê de 2 anos, que é mais tranquila. Mas a Valentina fica cutucando e irrita a irmãzinha. Acredito que é um aprendizado diário e requer muita paciência”, desabafa.
Transtornos mentais na infância
No entanto, no Brasil, apesar das poucas estatísticas sobre a prevalência de transtornos ou distúrbios mentais na infância, não é difícil encontrar casos com o de Valentina. Segundo um estudo de 2014 da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto, em São Paulo, a taxa varia de 7% a 20%. Ou seja, depende da região investigada e da exposição a fatores de risco. Outros estudos revelam que a média é de 10,2% na idade pré-escolar. Porém, mais da metade dos casos estão relacionados a transtornos de déficit de atenção e hiperatividade.
Já no Reino Unido, uma pesquisa recente da Universidade de Michigan revela que 7,7 milhões de crianças americanas de 6 a 17 anos têm pelo menos um distúrbio de saúde mental. Ou seja, uma em cada seis. E o mais preocupante: apenas metade recebe tratamento. “Transtornos de saúde mental são certamente condições estigmatizadas. E podem ser muito debilitantes em termos de crescimento saudável. Especialmente para crianças e adolescentes”, afirma o pesquisador, Daniel Whitney.