A Esplanada ocupa 14 hectares na parte elevada da Cidade Antiga de Jerusalém
Visitada nesta terça-feira (3) pelo novo ministro da Segurança Nacional de Israel e figura da extrema direita, Itamar Ben Gvir, a Esplanada das Mesquitas é um local ultrassensível localizado na Cidade Velha de Jerusalém.
Terceiro local mais sagrado do Islã – depois da Grande Mesquita de Meca e da Mesquita do Profeta de Medina, na Arábia Saudita- e o mais sagrado do judaísmo, a Esplanada das Mesquitas, chamada de Monte do Templo pelos judeus, é um barril de pólvora, onde o menor incidente pode provocar distúrbios.
Dessa forma, a Esplanada ocupa 14 hectares na parte elevada da Cidade Antiga de Jerusalém. Então, fica na parte leste da cidade, setor palestino ocupado e anexado por Israel em 1967, e que os palestinos desejam transformar na capital do Estado a que aspiram.
Chamado pelos muçulmanos de Al-Haram al-Sharif (Nobre Santuário), o lugar abriga o Domo da Rocha e a Mesquita de Al-Aqsa (A Distante), santuário mais afastado que, segundo a tradição muçulmana, o profeta Maomé teria visitado.
O Domo da Rocha se eleva acima do lugar, onde o profeta teria ascendido ao céu
A construção teve início no século VII, após a tomada de Jerusalém pelo califa Omar. Mas, está construída sobre o local do templo judaico destruído pelos romanos no ano 70, que tem como único vestígio o Muro das Lamentações.
Israel afirma que não deseja modificar o “status quo” herdado do conflito de 1967. Por isso, as normas tácitas autorizam os muçulmanos a visitarem a Esplanada a qualquer hora do dia e da noite. No entanto, os judeus podem entrar em horários determinados, mas sem a possibilidade de rezar.
Com frequência, porém, ultranacionalistas judeus provocam incidentes, ao rezarem na Esplanada depois de entrarem no local como simples visitantes.
Isto cria tensões com fiéis muçulmanos, que temem que Israel modifique as normas que regulamentam o acesso à Esplanada das Mesquitas. O complexo é administrado pela Jordânia em coordenação com as autoridades palestinas.
Sendo assim, a polícia israelense controla os visitantes não muçulmanos que entram na Esplanada das Mesquitas pelo Portal do Magreb.
O local é cenário de tensão
Em 1996, uma decisão israelense de abrir uma nova entrada ao oeste da Esplanada provocou distúrbios que deixaram 80 mortos em três dias.
Entretanto, 28 de setembro de 2000, a visita à esplanada de Ariel Sharon, então líder da oposição de direita israelense, foi considerada uma provocação pelos palestinos.
No dia seguinte, os violentos confrontos entre palestinos e policiais israelenses deixaram sete mortos a tiros entre os manifestantes, deflagrando o início da Segunda Intifada.
Em julho 2017, dois palestinos morreram em confrontos com as forças de segurança israelenses. Mas, já em agosto de 2019, os choques entre policiais israelenses e fiéis na Esplanada das Mesquitas deixaram dezenas de feridos. Isso ocorreu durante importantes celebrações judaica e muçulmana.
Sendo assim, em 2021, durante o Ramadã, manifestações noturnas em Jerusalém e tumultos que se espalharam até a Esplanada deflagraram 11 dias de guerra entre o movimento islâmico palestino Hamas, no poder na Faixa de Gaza, e o Exército israelense.
Confrontos eclodiram várias vezes na primavera de 2022, causando centenas de mortos entre os palestinos dentro e ao redor da esplanada.
Fonte: opovo