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No longa, acompanhamos Ballard em uma de suas missões, que o coloca na América Latina para resgatar crianças de cartéis e traficantes perigosos

CRISTÃO: Saiba por que o filme Sound of Freedom é o mais polêmico do ano

 Trouxemos aqui as principais polêmicas sobre Sound of Freedom, confira

Ninguém, nem mesmo o maior dos preditores, poderia adivinhar que um filme cristão Sound of Freedom,  rebaixado pela Disney apareceria firme e forte junto aos longas do ano no topo das bilheterias.

Um thriller baseado em uma história real sobre tráfico humano tem chamado a atenção dos americanos e da imprensa, mas não somente pelos números surpreendentes. No meio do hit inesperado surgiram várias polêmicas envolvendo a veracidade da história, os números inflados nas bilheterias e seus principais apoiadores.

 Trouxemos aqui as principais polêmicas sobre Sound of Freedom, confira:

O que é Sound of Freedom?

Escrito e dirigido por Alejandro Monteverde (de Little Boy e Bella), o filme Sound of Freedom conta a história real de Tim Ballard, interpretado por Jim Caviezel (A Paixão de Cristo), um ex-agente especial do Departamento de Segurança Interna do governo americano (também conhecido como Homeland, retratado na série homônima estrelada por Claire Danes). Ele larga o posto para “fazer justiça com as próprias mãos” e tentar acabar com o tráfico sexual de pessoas.

No longa, acompanhamos Ballard em uma de suas missões, que o coloca na América Latina para resgatar crianças de cartéis e traficantes perigosos.

A chegada da produção aos cinemas também não foi um passeio pelo parque. Filmada em 2018, ela ficou 5 anos na gaveta até ver a luz do dia. Financiado por um grupo mexicano, inicialmente, o longa-metragem seria distribuído pela subsidiária latino-americana da 20th Century Fox. Mas quando o estúdio foi adquirido pela Disney, a casa do Mickey Mouse decidiu engavetar o projeto – já filmado.

No entanto, um de seus produtores, Eduardo Verástegui (que tem um papel no filme, por sinal) conseguiu readquirir os direitos do longa e o ofereceu à Angel Studios, pequena distribuidora de produções cristãs, como The Chosen, série que segue a vida de Jesus Cristo, que aceitou.

Então isso significa que o filme é baseado em fatos?

Bom, este, na verdade, é o primeiro ponto da teia de polêmicas que envolve a produção. E antes de mais nada, vale ressaltar que, como o filme ainda não foi lançado no Brasil, não podemos opinar sobre a veracidade dos acontecimentos em tela. O que podemos é listar fatos, reportagens e entrevistas sobre a produção.

O filme, sim, tem como personagem principal Tim Ballard, um ex-agente da Homeland que fundou a Operation Underground Railroad (OUR), organização sem fins lucrativos anti-tráfico sexual, que existe de verdade.

No entanto, ao longo dos anos, Ballard e a própria OUR contestadas por alguns de seus relatos. Uma investigação feita pela VICE News, em 2020, por exemplo, apontou a dificuldade em comprovar as façanhas da entidade, “sempre descritas como heroicas e excitantes“, como diz o artigo.

“Ballard disse repetidamente que a OUR desempenhou um papel central em um grande caso de combate ao tráfico humano no estado de Nova York e insinuou que ajudou a resgatar uma vítima desse caso, quando, na realidade, de acordo com transcrições judiciais e outros registros analisados pela VICE World News, a vítima corajosamente escapou do seu traficante por conta própria”, atestou a publicação.

Mas seu enredo, que envolve o sequestro de dois irmãos atraídos para uma sessão de fotos em Honduras e de lá são raptados, não tem base na realidade embora os créditos de abertura do longa digam o contrário. Conforme relatado pelos jornalistas investigativos do American Crime Journal (via. The Independent), Ballard exagerou detalhes sobre a história mostrada nas telonas.

Exageros

Em entrevista ao canal The Victory Channel, ele se defendeu: “Algumas coisas são definitivamente exageradas. [Jim Caviezel] me faz parecer muito mais legal do que sou, por exemplo”. Continuou: “Mas algumas coisas foram subnotificadas. Como o fato de não termos resgatado 54 crianças na operação na ilha [retratada no filme].”

Vale notar que, após o gigantesco sucesso do filme, Ballard saiu da OUR, como reportou a Vice. Mas, segundo a própria entidade, a saída aconteceu antes do lançamento da produção. “O fundador, Tim Ballard, recentemente se afastou da Operação Underground Railroad antes do lançamento do filme Sound of Freedom”, comunicou o grupo à publicação.

O emaranhado de histórias complicadas e controversas, entretanto, está longe de terminar por aqui.

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Por que o filme Sound of Freedom é tão polêmico?

Além da contestação de que se trate de uma história real, Sound of Freedom está sendo apontado por muitas publicações como um veículo para teóricos da conspiração e apoiadores da QAnon.

O QAnon é uma teoria da conspiração de extrema-direita que alega existir uma elite global, formada por adoradores de Satanás, canibais e pedófilos, que sequestra crianças para beber seu sangue. Foram eles responsáveis pelo Ataque ao Capitólio em 2021, por também acreditarem que essa mesma rede de tráfico sexual de crianças estava conspirando contra o Donald Trump durante o seu mandato como presidente dos Estados Unidos Trump, que, aliás, realizou uma exibição especial do filme, segundo o The Guardian.

Outros veículos conservadores, como a Fox News, também têm dado espaço para os membros da produção defenderem o título. À emissora, Verástegui disse que Sound of Freedom não é apenas um filme, mas, sim, “um movimento”.

Por outro lado, publicações diversas têm conectado o longa ao QAnon  embora não haja menção direta no filme. O The Guardian descreveu Sound of Freedom como o “thriller QAnon que está seduzindo a América”. Já a Rolling Stone, bem menos elogiosa, disse que a produção era “filme de super-herói para pais com vermes no cérebro”.

Em entrevista à Fox News, o astro Jim Caviezel foi bem categórico e rechaçou os veículos da “grande mídia” que estão falando mal da produção: “Eles estão cagando nas calças. Tremendo de medo. É porque o público está ouvindo seus corações, exatamente o que este filme sugere que se faça”.

Caviezel, aliás, tem um histórico com a QAnon. Em 2021, o ator viralizou durante um discurso na For God & Country: Patriot Double Down, evento ligado à teoria, endossando sua filiação aos apoiadores e defendendo a teoria.

O que explica o impressionante sucesso de Sound of Freedom nas bilheterias?

Produzido em 2018 com um orçamento modesto de US$14 milhões, atualmente, Sound of Freedom já arrecadou US$124,4 mi. Números impressionantes, praticamente dez vezes o valor de produção.

Mas segundo DailyDot, a história de sucesso não é bem assim. O site reportou que, embora os ingressos estejam vendidos, as sessões estão muitas vezes vazias, mostrando registros de usuários no Twitter e no TikTok.

Para muitos, o fato é inusitado e estranho, como se alguém estivesse comprando muitos ingressos para fazer o filme parecer um hit, visto que a falta de marketing e a distribuição de um pequeno estúdio não poderia produzir um título forte o suficiente para ficar a par de Barbie ou Indiana Jones nas bilheterias.

Quem defende o filme, no entanto, diz que o grande vilão dessa história é, na verdade, a AMC Theaters, rede de cinema norte-americana. Que estaria exibindo o longa com o ar-condicionado desligado e expulsando o público, por exemplo.

Por conta disso, o próprio CEO da AMC, Adam Aron, teve de se pronunciar. Pelo Twitter, ele escreveu: “Infelizmente, os teóricos da conspiração são tão prevalentes nos Estados Unidos. Tanta informação errônea  espalhada. Mais de UM MILHÃO de pessoas assistiram a Sound of Freedom nos cinemas da AMC. Mais do que em qualquer outra cadeia de cinemas do planeta. No entanto, as pessoas afirmam falsamente o contrário. É tão bizarro”.

O filme já tem data de lançamento no Brasil?

Com Jim Caviezel, Mira Sorvino (Poderosa Afrodite) e Bill Camp (12 Anos de Escravidão) no elenco, atualmente, Sound of Freedom está em cartaz apenas nos Estados Unidos. No Brasil, o longa ainda não conta com previsão de estreia.

Fonte: omelete