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Presidente dos EUA adiou tarifaço de 50% sobre as exportações brasileiras por sete dias. Decisão de Trump isenta suco de laranja e Embraer Foto: Banco Mundial/Divulgação

Decreto de Trump adia por sete dias implementação de tarifas de 50% sobre o Brasil

Presidente dos EUA adiou tarifaço por sete dias

O presidente dos EUA adiou a implementação do tarifaço de 50% sobre as exportações brasileiras por sete dias, ao mesmo tempo em que isentou muitos produtos da pesada taxa, fazendo com que a moeda do país e as ações de alguns grandes exportadores se valorizassem.

A ordem executiva, assinada (30), afirmou que as tarifas são resposta às políticas brasileiras. O texto declarou que essas ações ameaçam a segurança nacional dos EUA. Ademais, diz que o ex-presidente Jair Bolsonaro foi vítima de “perseguição politicamente motivada”. Bolsonaro está sendo julgado por suposta tentativa de golpe contra Lula.

A decisão de Trump veio com uma longa lista de exceções, incluindo suco de laranja e aeronaves civis e peças que beneficiam a Embraer S.A. A fabricante brasileira de aviões tem trabalhado para explicar o impacto que as tarifas teriam em suas operações nos EUA, onde emprega mais de 2.000 pessoas.

O real brasileiro recuperou perdas de quase 1% e subiu até 0,6% em relação ao dólar, superando a maioria dos pares emergentes após as isenções serem divulgadas.

Ações dos exportadores brasileiros subiram

As ações dos exportadores brasileiros subiram à medida que o mercado avaliava as isenções tarifárias. A Embraer, vista como a mais afetada pela decisão de Trump, subiu até 11,5% em São Paulo, enquanto Weg S.A. e Suzano S.A., que haviam caído com as notícias anteriores, subiram mais de 1,7% cada.

“O mercado já estava precificando a tarifa de 50%, então as isenções são uma surpresa, o que na verdade dilui o impacto das tarifas”, disse Marco Oviedo, estrategista sênior da XP Investimentos. “No futuro, dependerá da resposta do governo brasileiro.”

A lista de isenções, no entanto, não se estendeu a outros grandes produtos brasileiros, apontando para riscos contínuos para o gigante agrícola.

“A comida continua sendo um problema sério, pois café, carne, mangas e todas as frutas terão tarifas”, disse Welber Barral, ex-secretário de comércio exterior do Brasil.

Trump havia inicialmente ameaçado implementar tarifas de 50% sobre todos os produtos brasileiros em 1º de agosto, caso o Supremo Tribunal Federal não suspendesse imediatamente o julgamento contra Bolsonaro, que ele descreveu como uma “caça às bruxas”.

Pouco antes de emitir a ordem executiva atualizada (30), os EUA sancionaram o ministro do Supremo Alexandre de Moraes, que está supervisionando os casos legais de Bolsonaro, sob a Designação Global Magnitsky. Anteriormente, haviam revogado seu visto no início deste mês.

STF e a pressão dos EUA

Apesar da pressão crescente dos EUA, o Supremo Tribunal Federal do Brasil se recusou a recuar. Duas semanas atrás, Moraes ordenou que Bolsonaro usasse uma tornozeleira eletrônica. Ele também impôs restrições adicionais ao uso das redes sociais, citando obstrução da justiça e risco de fuga como motivação.

Lula também aproveitou a disputa com Trump, retratando o presidente dos EUA como uma ameaça à soberania brasileira. O líder de esquerda afirmou que está aberto a negociações, mas não aceitará incursões nos assuntos do seu país.

Após saber da nova ordem de Trump, Lula ligou para o vice-presidente Geraldo Alckmin. Além disso, Alckmin lidera esforços para negociar um acordo com os EUA. Lula também fez contato com outros oficiais, visto que a situação exigia reuniões emergenciais. Segundo duas pessoas familiarizadas, houve preocupação e movimentação imediata, principalmente para reagir rapidamente à decisão.

Desde a semana passada, o governo Lula tem trabalhado em um plano de contingência para mitigar o impacto potencial das tarifas. Com Embraer e suco de laranja excluídos, vê a situação como menos ameaçadora. Ou seja, menos setores-chave precisarão de apoio, segundo um terceiro oficial. Aliás, como os outros, ele pediu anonimato, visto que discutia assuntos internos.

Porém, o governo permanece cauteloso. Ou seja, encara a ordem tarifária, bem como as sanções contra Moraes, como partes de uma campanha mais ampla. Ainda assim, acredita que a pressão pode aumentar à medida que o julgamento de Bolsonaro avança, disse uma das pessoas.

Fonte: Infomoney