Em 2022, já em meio à guerra na Ucrânia, o prêmio teve o conflito como pano de fundo. Os vencedores foram o ativista bielorusso Ales Bialiatski e as organizações de direitos humanos Memorial, da Rússia, e Centro pelas Liberdades Civis, da Ucrânia. Ales Bialitski ganhou o prêmio enquanto estava preso pelo regime de Alexander Lukashenko, por atuar no movimento pró-democracia em Minsk. Em março de 2023, ele foi condenado a 10 anos de prisão.
Em 2021, os vencedores foram os jornalistas Maria Ressa e Dmitri Muratov, por seus esforços para salvaguardar a liberdade de expressão — a filipina é confundadora do Rappler, um site de jornalismo investigativo, enquanto o russo fundou o jornal Novaya Gazeta [Nova Gazeta], que se manteve crítico ao presidente russo, Vladimir Putin, apesar da perseguição à imprensa. Meses após a premiação, em junho de 2022, Muratov anunciou o leilão de sua medalha. Prometendo, contudo, reverter o lucro para o trabalho que o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) faz para ajudar crianças vítimas da guerra na Ucrânia.
2020: Programa Mundial de Alimentos da ONU
O Programa Mundial de Alimentos (PMA) das Nações Unidas recebeu o Prêmio Nobel da Paz de 2020 por seus esforços no combate à fome. E por promover a solidariedade e a cooperação multilateral. Sobretudo, desde 1961, o PMA exerce papel central no combate à insegurança alimentar no planeta. E é, hoje, a principal organização que trabalha pela erradicação da fome.
A Memorial foi fundada em 1987 por ativistas dos direitos humanos na antiga União Soviética, com o objetivo de garantir que “as vítimas da opressão do regime comunista nunca sejam esquecidas”. Seu fundador mais notório é Andrei Sakharov, o pai da bomba de hidrogênio soviética, que mais tarde se tornaria um ativista pelo desarmamento nuclear. Postura que lhe rendeu o Nobel da Paz em 1975. A Memorial foi fechada em 2021, após ser classificada como “agente estrangeiro”, uma tipificação legal que carrega conotações ligadas à espionagem na Rússia. Já a organização ucraniana Centro para as Liberdades Civis tem como objetivo promover os direitos humanos e a democracia na Ucrânia.
2019: Abiy Ahmed
Em 2019 foi a vez do primeiro-ministro etíope Abiy Ahmed, pelo acordo que pôs fim à guerra que seu país travava com a Eritreia. Meses depois, contudo, seu governo entraria em uma guerra civil com grupos separatistas na região de Tigré, no Norte do país. Em um raro movimento, o comitê norueguês criticou o premiado, em 2022, alegando que ele tinha “responsabilidade especial” em acabar com o conflito na região.
2018: Denis Mukwege e Nadia Murad
O Comitê Nobel premiou, em 2018, o ginecologista Denis Mukwege, da República Democrática do Congo. E a iraquiana da minoria yazidi Nadia Murad, que escapou do cativeiro como escrava sexual do Estado Islâmico. Sobretudo, o Comitê reconheceu o engajamento de ambos na luta contra o uso da violência sexual como arma de guerra.
2017: Campanha Internacional de Abolição de Armas Nucleares
Em 2017, a Campanha Internacional para Abolir as Armas Nucleares [ICAN, na sigla em inglês] recebeu o prêmio em função do trabalho de alertar para as “catastróficas consequências humanitárias” decorrentes do uso de arsenal nuclear e pelos esforços em alcançar a proibição desse tipo de armamento.
O ex-presidente colombiano, Juan Manuel Santos, ganhou o Nobel da Paz em 2016 por seus esforços para acabar com o conflito armado de mais de 50 anos no país com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).
2015: Quarteto de Diálogo Nacional da Tunísia
Por fim, em 2015, o vencedor foi o Quarteto de Diálogo Nacional da Tunísia. Por “sua contribuição decisiva para a construção de uma democracia pluralista na Tunísia, na esteira da Revolução de Jasmin de 2011”. O grupo inclui quatro organizações. A União Geral Tunisiana do Trabalho (UGTT, um sindicato), a União Tunisiana da Indústria, do Comércio e do Artesanato (Utica, patronato), a Ordem Nacional dos Advogados da Tunísia (ONAT) e a Liga Tunisiana dos Direitos Humanos (LTDH).