O aumento da disponibilidade interna de lácteos é o que explica a continuação do movimento de desvalorização do leite ao produtor em agosto. Mas, a maior oferta, por sua vez, se deve ao aumento da captação, às importações ainda elevadas e ao consumo muito sensível ao preço.
O Índice de Captação Leiteira (ICAP-L) do Cepea subiu 3,2% de julho para agosto, sustentado pela retração nos custos neste ano frente aos elevados patamares de 2022.
Contudo, é importante destacar que, ao contrário dos meses anteriores, os custos de produção não caíram em agosto.
Custo Operacional Efetivo
A pesquisa do Cepea mostra leve alta de 0,25% no Custo Operacional Efetivo (COE) da pecuária leiteira na “Média Brasil”, puxada pelas valorizações dos concentrados e dos adubos e corretivos.
Além disso, desde julho, a retração no preço do leite supera a desvalorização do milho, diminuindo, portanto, o poder de compra do pecuarista frente a esse importante insumo.
Por isso, esse cenário desperta preocupações para o setor, tendo em vista que a progressiva perda na margem do produtor pode diminuir os investimentos na atividade neste curto prazo.
O movimento baixista no valor ao produtor se ancora também na manutenção das importações, que cresceram 6,1% de julho para agosto, somando 196 milhões de litros em equivalente leite. Mas, os preços mais competitivos dos lácteos estrangeiros têm pressionado as cotações ao longo da cadeia produtiva.
Sendo assim, a pesquisa do Cepea mostra que as médias de preços do UHT, da muçarela e do leite em pó negociados entre laticínios e canais de distribuição no estado de São Paulo em agosto caíram 5,27%, 2,97% e 2,85%, respectivamente, em relação a julho.
Vale observar que, na comparação com o mesmo período do ano passado, os preços caíram quase 30%, em termos reais.
Fonte: conexaoagro