Polônia abate drones russos e aciona Otan em episódio que expõe tensão crescente na região
Varsóvia e seus aliados denunciaram nesta quarta-feira (10) como uma “provocação sem precedentes” a incursão de drones russos no espaço aéreo da Polônia, o que obrigou a Otan a mobilizar suas defesas antiaéreas.
Nem os drones, disparados durante um ataque russo à Ucrânia, nem a derrubada dos aparelhos pelas forças polonesas e da Otan provocaram vítimas. Afirmou o primeiro-ministro da Polônia, Donald Tusk.
Desde o início da invasão russa da Ucrânia em fevereiro de 2022, vários drones e mísseis disparados por Moscou entraram no espaço aéreo de países membros da Otan. Mas é a primeira vez que um país da Organização do Tratado do Atlântico Norte derruba os aparelhos.
Sobretudo, as autoridades da Polônia, país membro da UE e da Otan e apoio crucial da Ucrânia, afirmaram ter identificado em seu espaço aéreo mais de 10 “objetos hostis” na madrugada desta quarta-feira.
“Dezenove violações do espaço aéreo foram identificadas e rastreadas com precisão”, declarou Tusk no Parlamento. O premiê chamou a incursão de “provocação em larga escala”.
Autoridades encontram drones.
O Ministério do Interior da Polônia informou que encontrou sete drones. E os destroços de um projétil de origem desconhecida e que uma casa e um carro danificaram-se no leste do país.
O secretário-geral da Otan, Mark Rutte, declarou que está em curso uma “avaliação completa” do incidente e classificou a incursão, “intencional ou não”, como “absolutamente irresponsável e imprudente”.
“Minha mensagem a (o presidente russo Vladimir) Putin é clara: acabe com a guerra na Ucrânia (…) pare de violar nosso espaço aéreo e saiba que permanecemos vigilantes e defenderemos cada centímetro quadrado do território da Otan”, acrescentou.
O governo dos Países Baixos confirmou ter participado com aviões F-35 na operação que derrubou os drones. Fontes da Otan informaram que baterias alemãs de mísseis Patriot e um avião italiano de vigilância também entraram em ação.
Varsóvia também pediu à Otan para ativar o artigo 4 do tratado fundador da Aliança. Que estabelece que os países membros realizarão consultas quando, no julgamento de qualquer um deles, “a integridade territorial. A independência política ou a segurança de qualquer das partes for ameaçada”.
Um diplomata da Aliança, que organizou nesta quarta-feira uma reunião de embaixadores que já estava prevista. Disse à AFP sob a condição de anonimato que a incursão “não parece o início de algo maior”.
“Parece que foi ou uma forma de testar a Otan, ou o objetivo era atingir alvos na Ucrânia a partir de um ângulo diferente”, declarou.
O Ministério das Relações Exteriores da Polônia convocou o encarregado de negócios russo, Andrei Ordash
O diplomata declarou à agência de notícias RIA Novosti que Varsóvia ainda não apresentou evidências de que os drones abatidos procediam da Rússia.
O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelensky, disse que o que aconteceu na Polônia foi “deliberado”. Segundo ele, ao menos oito drones russos “se dirigiram à Polônia”, ao mesmo tempo, Moscou disparou 458 drones e mísseis contra a Ucrânia, segundo o Exército de Kiev.
Belarus também anunciou que derrubou vários drones em seu território que “haviam perdido a trajetória”, mas não informou se eram procedentes da Rússia ou da Ucrânia.
A incursão de aparelhos não tripulados ocorreu pouco antes dos exercícios militares conjuntos entre Rússia e Belarus. Chamados Zapad-2025 e programados para o período de 12 a 16 de setembro.
Sobretudo, a Polônia anunciou o fechamento de sua fronteira com Belarus a partir de (4). E, anunciou, em resposta aos exercícios Zapad, manobras militares em seu território, com a participação de 30.000 soldados do país e de nações aliadas.
Todavia, a chefe da diplomacia da UE, Kaja Kallas, disse que, segundo “as indicações”, a incursão de drones russos na Polônia foi “intencional”.
Varsóvia tem sido uma das principais fontes de apoio de Kiev desde o início da invasão russa: abriga mais de um milhão de refugiados ucranianos. E é um ponto de trânsito essencial para a ajuda humanitária e militar ocidental à Ucrânia.
Por fim, o recém-eleito presidente da Polônia, (9), o nacionalista Karol Nawrocki, alertou que Putin está disposto a “invadir outros países” após a guerra na Ucrânia.
Fonte: jbr