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26% da área de plantação soja do país fica na Mata Atlântica, expandiu por 7,9 milhões de hectares entre 1985 e 2020

Plantação de soja no Brasil já representa área maior que a Itália

Soja ocupa 36 milhões de hectares, equivalente a 4,3% do território nacional

Áreas de plantação soja e milho triplicaram no país. A plantação de soja já ocupam uma área maior que a Itália e comparável à de países como República do Congo, Vietnã ou Malásia. Lavouras como de café e citrus também tiveram um crescimento semelhante, segundo o estudo, de 2,7 vezes.

Além disso, ás áreas de silvicultura — estas que consistem numa ideia de desenvolvimento mais sustentável — quintuplicaram. Os dados foram revelados (20) pela ONG MapBiomas.

O estudo concluiu que a área total de agricultura mapeada no Brasil passou de 19 milhões de hectares em 1985 para 55 milhões de hectares em 2020. Um crescimento expressivo, de 189%. Desse total, destaca-se a soja, que sozinha ocupa 36 milhões de hectares. Equivalente, portanto, a 4,3% do território nacional. Metade dela é cultivada no Cerrado brasileiro, onde a commodity avançou sobre 16,8 milhões de hectares desde os anos 1980 — uma conhecida ameaça à rica paisagem original .

Crescimento da plantação soja

Na Amazônia, por sua vez, a análise conclui que o crescimento da plantação soja se deu a partir do início dos anos 2000. E somou, nesse sentido, 5,2 milhões de hectares. Lá, o recente avanço sobre vegetação nativa pode ser observado no lavrado – área com características de cerrado que existe dentro do bioma no estado de Roraima.

Outros 26% da área de plantação soja do país ficam na Mata Atlântica, onde a soja se expandiu por 7,9 milhões de hectares entre 1985 e 2020.

É no cerrado, aliás, que o estudo afirma que quase metade de toda a agricultura do Brasil está concentrada: 42%. No período de 35 anos levado em consideração no estudo, o cerrado brasileiro teve um crescimento de 464% na atividade agrícola.

Amazônia e Mata Atlântica

Para Moisés Salgado, coordenador técnico do Mapbiomas e de tecnologia do Agrosatélite, que participou da pesquisa, é preciso foco na conservação das áreas nativas, que ainda não foram exploradas, sobretudo no cerrado.

“De forma geral, o que se percebe em todos os biomas é que não há necessidade de converter vegetação natural em áreas lavráveis porque já há muita terra aberta com aptidão agrícola e o Cerrado não é exceção”, comentou.

Com exceção da Amazônia e Mata Atlântica, os demais biomas possuem poucas unidades de conservação demarcadas, o que dificulta o trabalho de recuperação das paisagens. Isso reforça a necessidade de conservação das áreas de vegetação nativas restantes, especialmente do Cerrado, que já perdeu metade de sua cobertura original.

Bioma de maior crescimento da agricultura

O estudo pondera, portanto, que outros levantamentos apontam que o cerrado, bioma de maior crescimento da agricultura. E, ainda, tem maior área dedicada à atividade, é também um dos mais frágeis às alterações do regime pluviométrico. Estão, como resultado, causadas pelo desmatamento na Amazônia.

Os dados mostram, sobretudo, que o cerrado é também uma das regiões de maior risco climático. No último relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima ( IPCC, sigla em inglês), da Organização das Nações Unidas (ONU), há previsão de uma redução de 20% das precipitações na área central do Brasil, com um aumento de 4 graus a 5 graus da temperatura, cenário que os pesquisadores acreditam que ainda irá comprometer as atuais atividades agrícolas na região.

Fonte: biznews -udop