Mariângela Hungria, pesquisadora da Embrapa, participará na quinta-feira (23) da cerimônia que abrirá a premiação do Nobel da Agricultura
A pesquisadora da Embrapa Soja, Mariângela Hungria, laureada no Prêmio Mundial de Alimentação – World Food Prize, distinção conhecida como o “Nobel da Agricultura”, participará da cerimônia oficial de premiação na quinta-feira (23). A distinção, concedida pela Fundação World Food Prize, celebra o impacto de suas pesquisas e a contribuição ao desenvolvimento de insumos biológicos para a agricultura brasileira. Contudo, a cerimônia será em Des Moines (EUA) às 21h (horário de Brasília) e poderá ser acompanhada pelo site da Fundação WFP.
Hungria ressaltou o caráter coletivo da conquista e o papel da pesquisa pública no avanço dos bioinsumos no país. Destacando 40 anos de investimentos da empresa pública. “A Embrapa acreditou e investiu por quatro décadas nas minhas pesquisas com biológicos. Mesmo no início, quando ninguém acreditava que os biológicos atingiriam a extensão atual. Hoje, o sonho se tornou realidade, o Brasil desponta como líder mundial no uso de bioinsumos na agricultura”, declarou em nota.
Segundo ela, a demanda global por alimentos com sustentabilidade exige reduzir poluição do solo e da água. Além de mitigar emissões, alinhando a produção a conceitos como Saúde Única (One Health), Governança Ambiental, Social e Corporativa (ESG) e agricultura regenerativa, com a meta de “produzir mais com menos”.
A presidente da Embrapa, Silvia Massruhá, afirmou que o reconhecimento reforça o papel da ciência brasileira na construção de uma agricultura mais sustentável. “A trajetória da doutora Mariângela Hungria expressa o compromisso da pesquisa pública com a inovação e o avanço do conhecimento em benefício da sociedade. Que esse reconhecimento sirva de inspiração para que outras mulheres sigam seus sonhos e encontrem na ciência um caminho de transformação”, afirmou a presidente.
Trajetória
Com mais de 40 anos de atuação, a engenheira agrônoma Mariângela Hungria é responsável pelo desenvolvimento de mais de 30 tecnologias que impulsionaram o uso de microrganismos na agricultura. Entre elas, destacam-se a inoculação da soja com Bradyrhizobium, que aumenta em média 8% a produtividade sem fertilizantes nitrogenados, e a coinoculação com Azospirillum brasilense, já presente em cerca de 35% das áreas cultivadas de soja no país. Contudo, em 2024, essas práticas resultaram em economia de US$ 25 bilhões e evitaram a emissão de mais de 230 milhões de toneladas de CO₂ equivalentes.
Por outro lado, a pesquisadora também liderou avanços em outras culturas, como feijão, milho, trigo e pastagens. Com tecnologias que permitem reduzir em até 25% o uso de fertilizantes nitrogenados, gerando ganhos econômicos e ambientais significativos.
Sobre o World Food Prize
Por fim, idealizado por Norman E. Borlaug e concedido anualmente desde 1986, o prêmio reconhece personalidades que contribuem para a qualidade e a disponibilidade de alimentos no mundo. Sobretudo, entre os brasileiros já agraciados estão Edson Lobato e Alysson Paulinelli (2006, com A. Colin McClung) e Luiz Inácio Lula da Silva (2011), reconhecidos por avanços no Cerrado e no combate à fome, respectivamente.
Fonte: agro estadão




