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Pesquisa Cultura, mapeia vida cultural em Campo Grande. Foto: Reprodução/Fundação Itaú

Pesquisa mapeia vida cultural em Campo Grande

Campo Grande registra baixos índices de acesso e participação na vida cultural, aponta pesquisa inédita

Dados inéditos da pesquisa Cultura nas Capitais revelam que a vida cultural em Campo Grande apresenta índices baixos de acesso: a capital sul-mato-grossense ocupa as últimas posições entre as 27 capitais brasileiras em 8 das 14 atividades pesquisadas e está abaixo da média em todas as atividades, sendo elas: jogos eletrônicos (34%), bibliotecas (15%, junto com Boa Vista), teatro (12%, ao lado de Rio Branco), dança (15%), feiras de livro (9%), saraus (3%) e concertos (2%, junto com Maceió).

A pesquisa Cultura nas Capitais, maior levantamento sobre o tema já produzido no Brasil, revelou (20) esses dados em evento no Museu da Imagem e do Som (MIS). Ao analisar o comportamento dos moradores das 26 capitais e do Distrito Federal.

A pesquisa da JLeiva Cultura & Esporte ouviu 19,5 mil pessoas em todas as capitais brasileiras e conta com patrocínio do Itaú e do Instituto Cultural Vale por meio da Lei Rouanet. Lei Federal de incentivo à Cultura do Ministério da Cultura. Além disso, o projeto também tem a parceria da Fundação Itaú. Todavia, em Campo Grande, foram entrevistadas 600 pessoas, de todas as regiões do município. A pesquisa de campo foi feita pelo Datafolha.

O levantamento avaliou o acesso da população a 14 atividades culturais, considerando se a pessoa participou ao menos uma vez nos 12 meses anteriores à entrevista. Os pesquisadores analisaram: cinema, shows de música. Festas populares. Museus. Teatro. Espetáculos de dança. Circo. Feiras de livro, saraus ou recitais. Concertos de música erudita. Bibliotecas. Leitura de livros, jogos eletrônicos e exposições de arte ou de caráter histórico.

Pesquisa mapeia vida cultural em Campo Grande, a seguir, confira mais detalhes sobre

Em 2014, a JLeiva e o Datafolha haviam feito pesquisa semelhante em Campo Grande. Nesses dez anos, o acesso a praticamente todas as atividades recuou, embora algumas vezes dentro da margem de erro. As quedas mais intensas deram-se em shows (de 51% para 39%), festas populares (de 46% para 30%). Circo (25% para 12%) e cinema (53% para 42%).

“A pesquisa é uma ótima oportunidade para o setor público e os agentes culturais avaliarem os pontos fortes e os muitos desafios a serem enfrentados”, afirma o diretor da pesquisa, João Leiva. “Em algumas capitais, o acesso a certas atividades é baixo em razão da escolaridade menor – a escolaridade é o fator que mais influencia o acesso. Mas em Campo Grande o percentual de pessoas com ensino superior, por exemplo, não é tão diferente da média”, completa Leiva.

Vida cultural em Campo Grande – Preferências musicais

Campo Grande está entre as capitais com mais fãs de sertanejo – o estilo é citado por 64% dos moradores como um dos prediletos: é o segundo maior percentual encontrado na pesquisa. O sertanejo é o ritmo mais ouvido tanto por homens (68%) quanto por mulheres (61%), em todas as faixas de escolaridade e em todas as classes sociais: D/E (63%), C (67%), B (56%) e A (70%).

A pesquisa Cultura nas Capitais revela, no entanto, que o sertanejo não lidera entre as pessoas de 16 a 24 anos: para essa parcela da população, o estilo predileto é o funk, preferido por 54%, contra 50% que citam o sertanejo entre os estilos que mais ouvem.

A capital do Mato Grosso do Sul, no entanto, também se destaca em pagode – 26% citam como um dos estilos que mais ouvem, percentual só menor do que o do Rio de Janeiro, com 28%; na média das capitais, o pagode é preferido por 18% das pessoas.

Campo Grande é também a capital onde mais gente ouve funk

18%, contra média de 11%. Junto com Curitiba e Porto Velho, é também a capital onde mais se ouve música eletrônica – 10% citam esse estilo, contra 6% da média.

“Nosso levantamento deixa claro como os moradores são muito fãs de alguns estilos em particular. O sertanejo se destaca muito – algo que já esperávamos. Mas a força do funk, do pagode e da música eletrônica indicam uma diversidade que vai muito além do estereótipo”, comenta João Leiva.

Os dados sobre o consumo musical colocam Campo Grande como a capital onde menos gente ouve música por aplicativo – ainda assim, o percentual é expressivo: 75%, contra uma média de 83% entre todas as capitais. Está também entre as capitais onde menos gente ouve música no computador (23%, contra média de 40% nas capitais) e em CD (11%, média de 22%).

Festas juninas: mais populares que o Carnaval

Para as pessoas que disseram ter ido a festas populares nos 12 meses anteriores à pesquisa, os entrevistadores perguntaram se elas foram a festas juninas, desfiles de Carnaval e blocos de Carnaval. Perguntaram também se foram a algum outro tipo de festa popular. 72% das pessoas que participaram de festas populares citaram as festas juninas, enquanto 25% disseram ter ido a desfiles de Carnaval e 22% a blocos de Carnaval.

Os entrevistados citaram 18 manifestações populares das quais participaram, com destaque para “festas religiosas”, “festas do peão”, “festa da linguiça”, “festa da farinha”, “aniversário/festa da cidade” e “evento escolar”.

A pesquisa também perguntou a todos os entrevistados qual é, na avaliação deles, o evento cultural mais importante da cidade onde moram. A resposta era livre – as pessoas poderiam citar qualquer evento. Em Campo Grande, foram mencionados 80 eventos, com destaque para Carnaval, Festival do Sobá, Expogrande, Festa Junina e Cidade do Natal.

Preferências gastronômicas

A capital do Mato Grosso do Sul é onde mais gente cita uma massa como prato símbolo da cidade (19%), o que ocorre em razão do sobá, mencionado por 18% dos entrevistados. Também são populares na cidade o arroz carreteiro (17%) e o churrasco (16%).

Espaços culturais

Os moradores de Campo Grande parecem dar grande importância para espaços abertos ao fazer atividades culturais, já que 20% mencionam parques e praças como os espaços que mais frequentam (a média das capitais é 15%). O espaço mais citado é o Parque das Nações Indígenas (8%), mas há outros 14 parques lembrados pela população. No entanto, o percentual de pessoas que dizem que nunca ou quase nunca vão a espaços culturais é de 43%. Sendo assim, o maior percentual encontrado na pesquisa

Práticas culturais

O estudo Cultura nas Capitais investigou a prática de atividades culturais em Campo Grande: segundo os dados, dança, artesanato e música são as mais citadas. Sendo que 23% dos moradores declararam estar fazendo alguma atividade cultural, contra uma média de 39% nas 27 capitais. Sendo assim, os resultados indicam que 49% da população nunca praticou uma atividade cultural, ainda que de forma amadora: é o pior percentual encontrado na pesquisa.

Metodologia

Os pesquisadores ouviram 19.500 pessoas na edição atual da pesquisa Cultura nas Capitais. Eles entrevistaram moradores de todas as capitais brasileiras – as 26 estaduais e Brasília – com 16 anos ou mais, de todos os níveis socioeconômicos, entre 19 de fevereiro e 22 de maio de 2024. Contudo, as equipes abordaram as pessoas pessoalmente em pontos de fluxo populacional. Ao todo, os pesquisadores atuaram em 1.930 locais (entre 40 e 300 por capital), distribuídos em regiões com diferentes características sociais e econômicas. Todavia, os entrevistados respondiam até 61 perguntas, além das relacionadas a características sociais e econômicas (como escolaridade, cor da pele etc.). O instituto responsável pelo estudo é o Datafolha.

Além da pergunta sobre renda, a pesquisa também adotou oCritério Brasil de Classificação Econômica, um instrumento de segmentação econômica que utiliza o levantamento de características domiciliares (presença e quantidade de alguns itens domiciliares de conforto e grau de escolaridade do chefe de família) para diferenciar a população em classes: A, B, C, D ou E (Fonte: ABEP – Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa).

Sobre a JLeiva Cultura & Esporte

Por fim, consultoria especializada em concepção, planejamento, execução, análise e disseminação de dados e informações sobre o setor cultural no Brasil. Além disso, conduz estudos, mapeamentos e benchmarking para empresas privadas, instituições públicas e organizações sociais com atuação em cultura e esporte — como Fundação Itaú. Fundação Roberto Marinho. Vale. British Council. Vale. Nike. Museu do Amanhã e Instituto Goethe. Desde 2010, realiza pesquisas de hábitos culturais, consolidando-se como referência nessa área.

Fonte: pesquisa cultura