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O modelo de pecuária extensiva da Embrapa está fadado a desaparecer, segundo o adjunto do Centro de Pesquisa Embrapa Pecuária Sudeste.

NOVAS TÉCNICAS: Pecuária intensiva e sustentável é o futuro, mostra Embrapa

Carne neutra de emissões exigirá tecnologia e pecuária intensiva e sustentável no Brasil

Segundo a Embrapa o modelo de pecuária intensiva não cabe no prato do futuro. “Nos próximos anos, a intensificação das pastagens trará mais sustentabilidade e a tão sonhada carne neutra de emissões de gases de efeito estufa”.

A afirmação é de André Luiz Monteiro, chefe adjunto do Centro de Pesquisa Embrapa Pecuária Sudeste. Mas, Monteiro fez apresentação na ANUFOOD Brasil 2023, que aconteceu entre os dias 11 e 13 de abril em São Paulo.

O modelo de pecuária extensiva da Embrapa está fadado a desaparecer em breve, segundo ele. “Pode demorar quatro, cinco ou 10 anos, mas com certeza não é o modelo de produção de carne do futuro”, enfatizou. Para Monteiro, a intensificação da pecuária, bem como o uso mais eficiente da pastagem, trará oportunidades de crescimento para o setor.

Por isso, no Brasil, pelos seus cálculos, há 150 milhões de hectares de pasto produzindo carne e leite, o que dá muito espaço para aumentar a produção sem necessitar “abrir um hectare a mais de pasto”.

Mas o que está por de trás do modelo intensivo? Para Monteiro, uma mistura de tecnologia, ciência e uso de técnicas que já eram conhecidas e que fazem todo sentido no solo brasileiro, como os sistemas de interação lavoura-pecuária-floresta (ILPF).

O uso de gramíneas e sistemas de forragem próprios também podem apoiar o sequestro de carbono da atmosfera, o que apoia ainda mais a neutralidade das emissões – e também o sequestro do metano emitido. “O Brasil tem um clima único, que permite trabalhar com lavoura e árvores no mesmo lugar”, apontou.

Menos emissões

Intensificar o sistema significa também usar técnicas de melhoramento genético e de manejo do pasto. Os resultados práticos já podem ser vistos em redução de emissões.

De acordo com dados da Embrapa, as práticas de melhoramento genético, por exemplo, podem reduzir em até 38% as emissões de GEE do gado. Já o pastejo contínuo e manejado tem potencial de reduzir em 22% esse indicador.

O pastejo racionado e manejado, por sua vez, tem capacidade de reduzir as emissões de GEE em 35%, e os ajustes da alimentação podem diminuir em 37% as emissões provenientes do gado. ”Isso porque não contabilizadas as reduções de emissões etéreas de metano, e nem o potencial de captura de carbono das raízes e folhas de árvores e plantas no sistema ILPF”, afirma Monteiro.

A rastreabilidade da cadeia, um passo importantíssimo para esse sistema, também ficou de fora das contas e ela tem um potencial para trazer melhorias contínuas para o mercado.

Com estas ações, é possível chegar ao equilíbrio entre as emissões e o capturado de carbono no ar. Quando se fala numa produção do tamanho da brasileira, esses tipos de alterações tendem a ter um impacto gigantesco. “Não se trata de uma ciência que vai ser lançada ainda, de uma tecnologia nova. Isso tudo já está sendo usado hoje em dia no gado. E tende a ser ainda mais desenvolvido nos próximos anos”, disse Monteiro.

Transformação em grupo da pecuária intensiva sustentável

Há 10 anos, o uso de tecnologia era pequeno, voltado para poucos produtores. Hoje, já são 18 milhões de hectares que usam sistemas com algum modelo de integração com a floresta. E está crescendo cada vez mais, de acordo com o especialista da Embrapa Pecuária Sudeste.

Esse tipo de sistema de produção é o futuro, onde há recursos mais baratos, o produtor consegue diversificar a renda e também emitir menos.

Mesmo assim, as transformações não são simples, e exigem um esforço contínuo e coordenado do mercado e da sociedade. “É um desafio global, que exige um esforço global. Precisam mudar sistemas de produção, mexer com a dieta, com a forma que o animal é produzido”, concluiu Monteiro.

Fonte: pratodoamanha