A edição 2021 da pesquisa “A Mente do Agricultor Brasileiro na Era Digital” traz insights valiosos sobre a evolução do comportamento da digitalização da agricultura brasileira. Abordou, portanto, tópicos como o crescimento do nível de adoção de canais digitais no processo de compras necessárias à operação e no processo de comercialização de produtos. Além disso, inclui-se o uso de tecnologias de precisão nas operações agrícolas. McKinsey & Company lançou a edição deste ano durante o evento organizado em pelo Insper Agro Global e pelo Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri),
Seja para realizar transações comerciais, se relacionar com fornecedores ou realizar operações mais complexas, o uso de canais e plataformas digitais cresceu bastante. E, assim, está cada vez mais presente na jornada de decisão dos agricultores de todas as regiões do país, nas diferentes culturas agrícolas.
Crescimento da digitalização da agricultura é observado principalmente na jornada de compra de insumos agrícolas
Os agricultores brasileiros estão à frente de seus pares americanos e europeus na preferência por canais digitais para compras agrícolas. No Brasil, a preferência por esses canais passou de 36% para 46% dos produtores nos últimos 12 meses. Trata-se de um aumento de 10 pontos percentuais. Nos Estados Unidos e Europa, ao longo desse mesmo período, por exemplo, o crescimento desse índice foi de 7 pontos percentuais.
Nos Estados Unidos, o número atual de preferência por canais digitais para compras está em 31%, e é ainda menor na Europa, que fica no patamar de 22% (Figura 1). O crescimento da preferência por canais digitais é observado principalmente na jornada de compra de insumos agrícolas, seguido pela compra de peças de reposição e maquinário.
Esse crescimento se sustenta principalmente no uso intenso do WhatsApp e no avanço acelerado de marketplaces agrícolas. O estudo mostra que o lançamento e desenvolvimento de marketplaces agrícolas no Brasil é uma realidade em expansão, apesar do mercado ainda ser bastante fragmentado, sem a presença um competidor dominante.
Digitalização da agricultura também na representatividade dos gastos totais
Os canais digitais ganharam popularidade não apenas no número de agricultores usuários, mas também na representatividade dos gastos totais do agricultor nestes canais.
No último ano, a participação média de gastos realizados em ambiente online cresceu quase 40%, subindo de 21% para 29% dos gastos totais. Esse processo foi impulsionado principalmente pela compra de sementes, fertilizantes e produtos de proteção e nutrição vegetal. Destaque para a cultura do algodão, onde aproximadamente 60% dos valores comprados já são feitos através dos canais digitais.
O estudo nos mostra ainda que interações digitais são relevantes em todas as etapas da jornada de compra do agricultor brasileiro. Cerca de 40% dos agricultores entrevistados já preferem o uso dos veículos digitais ao longo de todas as etapas dessa jornada. E o nível de adoção digital é maior na pesquisa por produtos e serviços. Ou seja, no processo de cotação para compra destes e no processo de recompra. Atinge-se etapas entre 60% e 70% de preferência.
No processo de comercialização também vemos a evolução do nível de adoção de ferramentas e canais digitais: 50% dos agricultores brasileiros estão dispostos a vender metade ou mais de sua produção por meio de canais digitais. Essa tendência pode ser observada entre todos os perfis de agricultores.
Quanto ao canal utilizado para transações digitais, o WhatsApp ainda é o principal, conforme mostra a Figura 2. Marketplaces agrícolas digitais estão emergindo e conquistando espaço, ainda sem um vencedor claro. A experiência digital do usuário é apontada por 62% dos agricultores como principal fator para escolha da plataforma, havendo ainda oportunidade para substancial melhoria neste quesito. Espera-se para os próximos anos uma maior penetração e consolidação dessas plataformas para o varejo agrícola, atraindo inclusive empresas de fora desse setor.
Ft: agriforum