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Confira os 10 melhores vistos que permitem aos nômades digitais trabalhar e viajar ao mesmo tempo fora do país de origem. Foto: Reprodução/Getty Images

Os 10 melhores vistos para nômades digitais

Governos de todo o mundo lançaram 91% dos programas de vistos para nômades digitais em prol de atrair profissionais qualificados

A combinação entre internet de alta velocidade e a consolidação do trabalho remoto, intensificada pela pandemia, impulsionou o número de pessoas que optam por viver e trabalhar em outros países, em busca de novas experiências culturais e melhor qualidade de vida. Nos últimos cinco anos, governos de todo o mundo lançaram 91% dos programas de vistos para nômades digitais em vigor atualmente, numa estratégia para atrair profissionais qualificados.

Sobretudo, com mais de 60 países oferecendo vistos para nômades digitais, pode ser difícil decidir o destino ideal. Um novo relatório da GCS (Global Citizen Solutions), consultoria internacional especializada em mobilidade global, pode ajudar a comparar as diferenças entre esses programas e a identificar quais opções melhor se alinham ao seu perfil.

A maioria dos 64 países (66%) oferece um visto de um ano como padrão. Em alguns casos, é possível renová-lo, mas muitas vezes isso exige trocar de categoria de visto ou até sair do país e retornar. Por outro lado, destinos como Taiwan, Colômbia e Noruega são alternativas mais duradouras, com prazos de dois a três anos.

Dos programas avaliados, 58% estão abertos a qualquer nacionalidade, enquanto pouco menos de um quarto é destinado a pessoas de fora da Europa. Cerca de 16% são restritos a passaportes específicos e 3% filtram por profissão.

Para expatriados que buscam converter esses vistos em cidadania, poucos programas levam à residência permanente – com exceções de Espanha, Grécia e República Tcheca. Sobretudo, a maioria oferece apenas residência temporária, embora alguns programas para nômades digitais incluam um caminho para tentar a residência permanente, como Portugal, Itália, Alemanha, Holanda, Noruega, Canadá, Brasil, México, Equador, El Salvador e Uruguai.

Por dentro do ranking

O índice compara países que oferecem vistos para nômades digitais com base em seis fatores principais: procedimento (candidatura online, caminho para a cidadania), cidadania e mobilidade, otimização fiscal, economia (custo de vida, aluguel de coworking, taxas do país), qualidade de vida (saúde, poluição, poder de compra e proficiência em inglês) e tecnologia e inovação (desempenho e qualidade da internet).

A Global Citizen Solutions se baseou em pesquisas acadêmicas, estudos do setor e análises de especialistas. “O ranking identifica as jurisdições mais atraentes para nômades digitais, levando em conta não apenas acessibilidade ou duração do visto, mas o ecossistema completo necessário para um estilo de vida nômade próspero”, diz Patricia Casaburi, CEO da Global Citizen Solutions.

Top 10 vistos para nômades digitais

1. Espanha
2. Países Baixos
3. Uruguai
4. Canadá
5. República Tcheca
6. Portugal
7. França
8. Emirados Árabes Unidos
9. Alemanha
10. Malta

Os melhores vistos para nômades digitais por categoria

1. Qualidade de vida

Oito dos dez principais países no índice com ótima qualidade de vida estão na Europa. Países Baixos, Noruega e Islândia ocupam os três primeiros lugares. Austrália, Alemanha, Estônia, Japão, Espanha, Croácia e República Tcheca completam o top 10.

2. Tecnologia e inovação

A França está em primeiro lugar, seguida por Islândia e Emirados Árabes Unidos. Espanha, Coreia do Sul, Taiwan, Países Baixos, Canadá, Romênia e Tailândia compõem o top 10. Todavia, o visto francês não é chamado de visto de nômade digital, mas oferece um período de um ano, com possibilidade de extensão.

3. Economia

Índia, Equador e Malásia ocupam os três primeiros lugares, com Colômbia, Namíbia, África do Sul, Armênia, Maurício e Sérvia completando o top 10.

4. Benefícios fiscais

Mais uma vez, os Emirados Árabes Unidos lideram, seguidos pelas Seychelles, Bahamas, Santa Lúcia e Bermudas. Curaçao, Belize, Anguilla, Barbados e Dominica completam um top 10 majoritariamente caribenho.

5. Cidadania e mobilidade

Muitos dos melhores índices de cidadania e mobilidade estão na Europa — Espanha, República Tcheca, Grécia, Países Baixos e Portugal. Alemanha, Letônia, Itália, Uruguai e Canadá completam o top 10.

6. Procedimentos

No quesito de procedimentos, Seychelles, Santa Lúcia e Montenegro ocupam os três primeiros lugares, com Bermudas e Canadá no top cinco. Por outro lado, no top 10, ainda aparecem Armênia, Albânia, Equador, Curaçao e Austrália.

A diversidade de vistos de nômade digital evidencia que esse fenômeno veio para ficar. “O nomadismo digital evoluiu de uma escolha de estilo de vida de nicho para um motor econômico”, diz Laura Madrid Sartoretto, líder de pesquisa da Global Citizen Solutions.

Tributação para nômades digitais

A tributação está entre os principais desafios do nomadismo digital, além de motivo de hostilidade local. Residentes temporários usam serviços locais, muitas vezes conseguem pagar mais por alimentos e aluguel em novas comunidades por meio de uma espécie de arbitragem econômica, e assim elevam os preços para os locais, saindo do país antes de pagar qualquer tipo de imposto.

Alguns países oferecem taxas fiscais preferenciais para nômades digitais, como forma de atrair talento global. Entre esses 64 vistos, 20% dos países oferecem um ambiente fiscal em que nômades digitais pagam zero imposto, enquanto 53% seguem políticas de tributação mundial. Alguns países introduziram vantagens fiscais específicas para nômades digitais — como o regime de imigrantes da Espanha, o alívio de renda estrangeira de quatro anos da Indonésia e as regras de remessa da Irlanda.

A questão tributária é um dos pontos mais complexos para nômades digitais, que frequentemente transitam entre diferentes regimes fiscais e enfrentam dificuldades para entender onde e como devem pagar impostos.

Esse também é um dos principais fatores de hostilidade local. Residentes temporários utilizam serviços públicos, ajudam a inflacionar preços em setores como moradia e alimentação e, muitas vezes, deixam o país antes de contribuir com a arrecadação de impostos.

Para atrair talentos globais, alguns governos oferecem regimes tributários mais favoráveis aos nômades digitais. Entre os 64 vistos mapeados, 20% garantem isenção total de impostos, enquanto 53% seguem o modelo de tributação mundial. Há ainda países que criaram benefícios fiscais específicos para essa categoria, como o regime para imigrantes da Espanha, o alívio de renda estrangeira de quatro anos da Indonésia e as regras de remessa da Irlanda.

Políticas de imigração

Muitos países estão usando os vistos para nômades digitais em alinhamento com suas políticas de imigração, e não apenas como vistos de turismo. A tendência do chamado “slomadismo” identificada pela GCS, que combina “viagens lentas” e nomadismo, está em ascensão: países buscam atrair talentos — e, cada vez mais, também suas famílias —, incentivando-os a permanecer no país, integrar-se às comunidades e estabelecer-se a longo prazo. A pesquisa mostra que 79% dos nômades digitais ganham mais de US$ 50 mil (R$ 266 mil) por ano (com base na definição da GCS) e que a renda média chega a US$ 124,4 mil (R$ 661 mil).

Por fim, alguns desses vistos de nômade digital podem servir como um trampolim para a cidadania em outros países, fazendo parte de uma espécie de “arbitragem de passaportes” global. Cidadãos com passaporte do chamado “Norte Global”, como define a GCS, geralmente têm mais facilidade para obter vistos em outros países do que cidadãos do “Global Sul”. No entanto, uma vez que alguém possui um visto de um país da América Latina e mantém residência por dois anos, é possível, por exemplo, solicitar um passaporte espanhol. Todavia, esse é mais um motivo pelo qual programas de “passaporte dourado” em países como a Argentina são tão vantajosos.

Fonte: forbes