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Confira tudo sobre as orelhas de abano, característica anatômica que afeta a cantora sertaneja Ana Castela. Foto: Reprodução/Redes Sociais

ORELHAS DE ABANO: Entenda condição que afeta a cantora Ana Castela

Ana Castela desabafou em suas redes sociais e afirmou que sofreu bullying devido a suas orelhas de abano

A cantora Ana Castela confidenciou em suas redes sociais (23) que sofreu muito bullying por suas “orelhas de abano” e que chegou a fazer uma cirurgia para corrigir, mas não foi bem sucedida. Durante a confissão, a cantora brincou: “eu não pedi para nascer assim não, gente!”.

O desabafo aconteceu no camarim de um show em Assis, São Paulo. “A vida inteira eu sofri muito bullying por ter orelhas de abano. Muito bullying. Já fizeram fake para falar da minha orelha”, afirmou nos stories.

A cantora revelou ter feito uma cirurgia de otoplastia, mas as orelhas voltaram ao formato normal. Para resolver a insegurança, ela revelou que chegou a colar as orelhas Super Bonder, mas hoje usa uma espécie de adesivo. “A gente sempre colava com Super Bonder, até que um tempo atrás a gente achou uma colinha, que eu tô usando agora, aliás”, afirmou.

Sobre as orelhas de abano, condição que afeta Ana Castela

Entenda tudo sobre as orelhas de abano, característica anatômica que afeta a cantora Ana Castela.

1 – O que causa a orelha de abano?

Na verdade, a orelha de abano é um processo congênito, e envolve questões genéticas familiares para o paciente apresentar um desenvolvimento que não é considerado anômalo.
Esteticamente ele não é agradável diante da nossa sociedade, mas não é uma anomalia da orelha. A orelha de abado tem um aumento da concha auricular que é a parte de dentro da orelha. Ela tem uma hipertrofia, um aumento da cartilagem de dentro da concha, o que afasta a orelha do osso mastoide e joga ela para frente. Além disso, ela tem uma anti-hélice, que é o “Y” na parte superior. Quando a gente olha uma orelha colada, a gente vê que tem um desenho igual de um “Y” na parte mais para fora da orelha.
Então essas duas características, hipertrofia da concha auricular e um apagamento da anti-hélice, que é esse “Y”, dá uma sensação de uma orelha proeminente, que é um outro nome de orelha em abano, que é o “prominauris”, um nome mais científico. Então isso gira a cartilagem anteriormente e afasta do crânio, dando uma sensação de uma orelha maior, que é uma outra coisa que confunde muito. A orelha em abano não é uma orelha maior em termos de dimensões. Ela é uma orelha mais direcionada para frente, o que dá uma sensação de uma orelha maior.

2 – Quais opções existem para corrigir ou disfarçar?

O tratamento preconizado da orelha abano é um tratamento cirúrgico. É uma cirurgia simples que no adulto a gente consegue fazer até com anestesia local e sedação. Na criança a gente acaba fazendo por uma questão de conforto e de tolerância com uma sedação e local ao nível de centro cirúrgico. Mais por uma questão de segurança e de tolerância da criança.
É uma cirurgia que depende de um cirurgião plástico especialista, porque apesar dela ser simples, a gente acaba desenhando todo esse relevo. A gente faz uma redução da cartilagem da concha, que afasta a orelha do crânio, e a gente faz desenho, esculpe a cartilagem para fazer o Y, de uma maneira que a orelha fique extremamente natural com o mesmo desenho de uma pessoa que não tem orelha de abano.
O acesso à gente faz por trás da orelha através de uma pequena incisão para poder abordar essa cartilagem, e também para que a cicatriz fique escondida atrás da orelha, de uma maneira que depois que ela estiver reposicionada e colada próximo ao crânio, essa cicatriz fique invisível.
Então não tem nenhum corte na parte anterior, você só vê ela desenhada novamente, mais bem reposicionada e o acesso é somente posterior, mas é uma cirurgia segura, rápida e relativamente simples, mas que tem que ter um senso artístico para fazer esse desenho, para esculpir de uma forma natural e que ninguém perceba.

3 – Adesivos ou colas são seguros para uso diário?

Adesivos ou colas não são seguros porque acaba causando feridas, dermatites e machuca realmente essa pele. Então não é incomum, principalmente na população que não tem condição a recorrer à cirurgia, utilizar desses artifícios. E o mais comum que a gente vê, de pacientes que a gente recebe é utilização de colas instantâneas ou fita adesiva, e literalmente eles colam a orelha até o efeito desses produtos acabarem.
Só que isso traz danos sérios à pele até graus de feridas graves e lesões da pele com exposição de cartilagem quando você tem uso crônico desses artifícios. Então não recomendo essa técnica, esses artifícios para posicionar a pele, mas sim realmente buscar o procedimento de correção cirúrgico.
4 – A cirurgia de orelha de abano é simples?
Temos duas formas de corrigir a orelha de abano, e aí vai depender do grau de proeminência, o grau dessa orelha. Existe a otoplastia aberta, que é a cirurgia, e existe a otoplastia fechada, que não tem corte, que não trabalha cartilagem, somente através de pontos pelo lado de fora a gente tenta criar esse relevo do “Y”.
Mas a otoplastia aberta, que seria um procedimento consultório só com pontinhos, sem cisão, sem corte, é reservada para pessoas que têm defeitos de proeminência muito pequenos, ou seja, tem orelha de abano muito sutil, muito levinha. Aí essa técnica pode ser utilizada.
Mas a técnica definitiva que realmente consegue restaurar o relevo e corrigir o problema é a técnica cirúrgica de otoplastia aberta.

5 – Crianças podem fazer o procedimento?

Crianças podem e devem fazer a cirurgia a partir de sete anos de idade. Por que, se possível, fazer na fase em torno de sete, oito anos de idade?
Porque é uma fase pré-escolar que ainda não existe bullying. As crianças ainda não têm maldade de ficar brincando, fazendo brincadeiras e bullying com pessoas que têm, por exemplo, a orelha de abano, que acaba estigmatizando muito a face. Então ela passa uma sensação de uma orelha grande. Meninas têm vergonha de prender o cabelo que a orelha fica para fora. No menino que tem cabelo curto dá essa sensação.
As brincadeiras ao longo da vida em termos de orelha sempre existiu. “Orelha de dumbo”, “orelha de elefante”, “orelha grande”. Esse é um bullying que tradicionalmente existe, e quando a gente opera numa fase pré-escolar, entre sete a oito anos, essa criança ainda não tem essa maldade. Então, ela consegue corrigir essa orelha sem passar por qualquer tipo de constrangimento de bullying.
E a partir de sete anos de idade, a orelha da criança já desenvolveu no seu tamanho e é totalmente possível e seguro fazer a cirurgia sem ter um dano. Mas as pessoas podem falar: “ah, mas a orelha vai continuar crescendo”. Não existe isso. Ela já chega no final do seu desenvolvimento a partir de sete anos. Então, é uma idade pré-escolar que é muito bem indicada e ideal para realizar a cirurgia. Agora com menos de sete anos aí sim essa orelha não sofreu um processo de desenvolvimento completo, o que impede a indicação de cirurgia.

6 – Orelha de abano pode afetar a autoestima?

Afeta completamente, mas normalmente essa autoestima começa a ser abalada na fase escolar e no período da puberdade, com o constrangimento social, a vergonha da menina prender o cabelo, do menino deixar cabelo mais longo para cobrir… porque é uma fase que já começa a ter um pouco de maldade, de brincadeiras mais agressivas e isso abala completamente a autoconfiança e a autoestima.
Na maioria das vezes essas pessoas são mais retraídas por uma vergonha de exposição social, então tem um impacto psicológico e psicossocial muito grande nesses pacientes.
É uma realidade tamanha que hoje, o que a gente vê? Quem tem acesso, acaba que os pais já direcionam de uma forma mais precoce, e quem não tem acesso a uma questão financeira acaba conseguindo fazer essa cirurgia numa vida adulta. Porque já está trabalhando, tendo uma remuneração que consegue juntar para fazer essa cirurgia.
E quando a gente opera o adulto, na grande maioria eles falam o impacto que teve: o impacto de vergonha, de indisposição, de bullying que passou ao longo da vida e como aquilo (cirurgia na orelha) é um sonho tão grande para ele, tamanho peso e contexto que ele tem carregado em sua história.
Então isso tem um impacto muito grande para qualquer pessoa.
Fonte: urb.news/ o dia