ONU: Estudo que analisa 159 países diz que alta dos preços empurrou 71 mi de pessoas para a pobreza no mundo em três meses
A disparada dos preços dos alimentos, bem como, da energia em todo planeta empurrou pois 71 milhões de pessoas de países de baixa renda à pobreza extrema. Isso, desde março, afirma um relatório do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) publicado esta semana (7).
Mas o PNUD aponta no documento que a aceleração da pobreza “é consideravelmente mais rápida que o choque da pandemia de Covid-19“. Nesse sentido, atribui parte do aumento dos preços à guerra na Ucrânia, responsabilidade que a Rússia nega. “As transferências de dinheiro direcionadas para as famílias são mais equitativas e mais rentáveis que os subsídios gerais à energia”, menciona o relatório.
Ao mesmo tempo, o documento considera que os países precisarão de apoio do sistema multilateral para as famílias conseguirem “chegar ao fim do mês”.
“Enquanto as taxas de juros aumentam em resposta à alta da inflação, existe o risco de desencadear uma nova onda de pobreza induzida pela recessão. Pois, dessa forma, exacerbará ainda mais a crise, acelerando e aprofundando a pobreza no mundo”, alerta o PNUD.
Situação é pior nos Bálcãs e na África
O estudo analisa 159 países. As nações que enfrentam a situação mais crítica estão nos Bálcãs, na região do mar Cáspio e na África Subsaariana, em particular no Sahel.
“Aumentos de preços sem precedentes significam que, para muitas pessoas em todo o mundo, a comida que eles podiam comprar ontem não é mais possível hoje”. É o que afirma o diretor do PNUD, Achim Steiner. “Esta crise do custo de vida está empurrando milhões de pessoas à pobreza. E até mesmo à fome a uma velocidade vertiginosa. Pois, com isso, a ameaça de problemas sociais cresce a cada dia”, alertou.
Entre os países que enfrentam as consequências mais dramáticas de alta de preços estão Armênia, Uzbequistão, Burkina Faso e Gana. Bem como, Quênia, Ruanda, Sudão e Haiti. Além disso, Paquistão, Sri Lanka, Etiópia e Mali. E, por último, Nigéria, Serra Leoa, Tanzânia e Iêmen.
Padrões internacionais
Instituições internacionais como as Nações Unidas, o Banco Mundial ou o Fundo Monetário Internacional estabelecem limites para pobreza: em países de baixa renda é onde o poder de compra por pessoa e por dia não passa de US$ 1,90. Nos países de renda média-baixa, esse valor sobe para US$ 3,20. E, nos países de renda média-alta, é fixado em US$ 5,50.
Segundo o relatório, a atual crise gerada pela alta no custo de vida pode levar mais 51 milhões de pessoas para a extrema pobreza. E, além disso, 20 milhões de pessoas à pobreza. O que elevaria o total mundial da população em situação precária para pouco mais de 1,7 bilhão de pessoas.