Crescimento do aluguel transforma o Brasil e redefine a forma de morar, com 77,3 milhões de domicílios em 2024, a porcentagem de imóveis alugados saltou de 18,4% para 23%
O crescimento do aluguel no Brasil está redesenhando a forma de morar. Em 2024, o país tinha 77,3 milhões de domicílios, alta de 1,7% em um ano e de 15,9% desde 2016, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Nesse período, os imóveis quitados caíram de 66,8% para 61,6%, enquanto os alugados subiram de 18,4% para 23%, somando 17,8 milhões de unidades. O avanço foi de 45,4% em oito anos. Todavia, quase metade ocorreu entre 2022 e 2024, quando a Selic tornou o financiamento mais caro do que o aluguel. Por outro lado, os imóveis em financiamento permaneceram estáveis em 6%.
Juros, renda e o crescimento do aluguel no Brasil
Para analistas do IBGE, a expansão do aluguel sugere concentração da posse imobiliária em grupos menores. Todavia, o especialista em finanças Pedro Brandão, CEO da CredÁgil, destaca que o crescimento do aluguel no Brasil é um retrato da fragilidade do crédito.
“Os juros elevados tiram das famílias a capacidade de financiar imóveis e, ao mesmo tempo, incentivam investidores a comprar para alugar. Essa inversão do sonho da casa própria para a realidade do aluguel compromete a formação de patrimônio no longo prazo”, avalia Brandão.
Regiões desiguais no Brasil
O Sudeste reúne 43,1% dos domicílios e lidera em imóveis alugados (25,4%). Por outro lado, o Norte (70%) e o Nordeste (69,6%) preservam mais imóveis quitados. Contudo, a verticalização acelera: os apartamentos cresceram 29,8% entre 2016 e 2024, quase o dobro das casas, reforçando o crescimento do aluguel no Brasil nas áreas mais densas.
Condições de infraestrutura e consumo nos lares brasileiros (2024)
- Água encanada: presente em 86,3% dos lares
• Cidades: 93,4%
• Áreas rurais: apenas 31,7% - Esgotamento sanitário: disponível em 70,4% das residências
• Sudeste: 90,2%
• Nordeste: 51,1%
• Norte: 31,2% - Destino do lixo no campo: metade das famílias rurais (50,5%) ainda queima resíduos por falta de coleta.
- Bens mais comuns nos domicílios:
• Geladeira: 98,3%
• Máquina de lavar: 70,4%
• Automóvel: 48,8%
• Motocicleta: 25,7% (supera carros no Norte e Nordeste)
A alta do aluguel no Brasil revela mais do que uma mudança no modo de morar:
- Reflexo das limitações do crédito;
- Concentração patrimonial;
- Desigualdade regional.
Por fim, esse avanço consolida o aluguel como tendência estrutural no país, impondo desafios para famílias, investidores e para o desenho das políticas públicas de habitação nos próximos anos.
Fonte: IBGE