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Movimentos cobram ampliação nacional da Tarifa Zero. O modelo de transporte gratuito é adotado em 136 municípios de pequeno e médio porte Foto: Ag. Brasil

Em Brasília, movimentos organizam agenda em defesa da tarifa zero

Movimentos cobram ampliação nacional da Tarifa Zero

Representantes de movimentos sociais de 12 estados estão em Brasília esta semana para denunciar a situação do sistema de transporte público e defender a ampliação nacional da tarifa zero. O modelo de transporte gratuito é adotado integralmente em 136 municípios, a maioria de pequeno e médio porte. Em algumas capitais, como Brasília e São Paulo, a gratuidade ocorre apenas aos domingos e feriados.

Caravana pela Tarifa Zero

A Caravana pela Tarifa Zero, de 6 a 10 de outubro, é uma ação nacional articulada por movimentos populares, sindicatos de rodoviários e metroviários, coletivos urbanos e partidos políticos que pedem soluções estruturais para a crise no transporte público.

“Existe uma crise terminal no atual sistema de transporte público, especialmente no modelo de financiamento e de gestão”, aponta Paíque Duques Santarém, do Movimento Passe Livre (MPL) e pesquisador do Observatório das Metrópoles.

A programação da caravana inclui aulas públicas, panfletagens, plenárias com movimentos do Distrito Federal, exibição de um documentário, audiência pública na Câmara dos Deputados e uma reunião na Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República (SRI). O tema da tarifa zero vem ganhando força nas últimas semanas e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou a pedir um estudo amplo sobre o assunto para o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

“Nosso interesse, com essa caravana, é justamente o de construir um espaço permanente de voz dos movimentos sociais para a garantia desse direito”, destaca Paíque.

Resistência

Apesar da expansão sem precedentes da tarifa zero no país, sua ampliação sofre resistência, especialmente nas grandes cidades. Na semana passada, por exemplo, a Câmara Municipal de Belo Horizonte rejeitou uma proposta para implantar a gratuidade total no transporte coletivo da cidade, com previsão de implementação em até quatro anos.

Primeiramente, o projeto previa a criação de uma Taxa de Transporte Público (TTP). Similarmente, ela seria cobrada de empregadores com dez funcionários ou mais. Ademais, a arrecadação de recursos viria por meio de publicidade em ônibus e terminais, juntamente com multas aplicadas a concessionárias. Por último, um fundo municipal seria criado para custear o novo sistema.

É preciso criar entidades nacionais

“No Brasil, a gestão do transporte público é municipalizada e realizada basicamente por empresas privadas.” Contudo, Paíque observa que “a gente entende que é preciso criar entidades nacionais.” Ou seja, é preciso “reorganizar o transporte público como um direito social essencial”, observa Paíque.

No ano passado, uma pesquisa publicada pela Confederação Nacional dos Transportes (CNT) trouxe dados relevantes. Primordialmente, 86,7% da população é favorável ao financiamento público dos transportes. Adicionalmente, 60% apoiam a tarifa zero universal. Entretanto, 21,8% defendem apenas o passe livre para grupos específicos.

Na avaliação do Movimento Passe Livre (MPL), a crise do setor se agrava visto que o modelo exploratório da mobilidade urbana se baseia no lucro. Por conseguinte, isto está sobrecarregando o conjunto dos trabalhadores. Analogamente, eles sofrem diretamente os efeitos dessa redução de custos. As empresas de transporte promovem tais cortes.

“A classe trabalhadora está com salários menores, crescentemente na informalidade e adoecida pelas jornadas precárias. Esse cenário gerou uma redução de 41% no número de passageiros nas últimas décadas. Além de aumentar tarifas, as empresas pioraram os serviços: cortaram linhas, lotaram os veículos, aumentaram o desconforto, reduziram manutenções. Tudo isso pra aumentar seus lucros”, diz a organização em uma carta pública divulgada para impulsionar a mobilização em Brasília.

Fonte: Ag. Brasil