Atentos ao problema, os sindicatos americanos estão começando a pressionar mais por proteções
À medida que as tecnologias se tornam cada vez mais sofisticadas no monitoramento e vigilância, acadêmicos alertam para o fato das empresas, sindicatos e governo dos EUA não estarem agindo o suficiente para proteger os trabalhadores das desvantagens da IA. Monitorar pausas no banheiro, registrar e controlar as ligações no call center muitas vezes dando notas de reprovação por não aderirem ao script ou até checar o que os funcionários estão escrevendo em seus e-mails. Aliás, essas são algumas das ações que um modelo de inteligência artificial é capaz de fazer no ambiente de trabalho, e já preocupam especialistas.
“Os trabalhadores estão sendo constantemente monitorados. E as ferramentas baseadas em IA podem cometer erros que podem se traduzir em cortes salariais injustos ou demissões”. Disse Virginia Doellgast, professora de relações de trabalho em Cornell, ao The Guardian. “Eles muitas vezes não sabem quais ferramentas de monitoramento estão sendo usadas, quais dados estão coletando ou como estes são usados para avaliar seu desempenho”.
Assim atentos ao problema, os sindicatos americanos estão começando a pressionar mais por proteções. É o caso de alguns call centers, onde o Communications Workers of America ganhou não apenas exigências para que os gerentes notifiquem os trabalhadores sempre que gravarem suas chamadas. Como também garantiu só as gravarão para fins de treinamento e melhoria do desempenho dos funcionários e não para avaliar ou disciplinar.
Na Europa, ao contrário dos EUA, a mesma pressão já acontece há anos, frente a algumas das maneiras mais intrusivas que as ferramentas de IA rastreiam e gerenciam trabalhadores. “Essa questão ainda não foi colocada no centro do radar dos sindicatos na América do Norte”. Disse Valerio De Stefano, professor de direito trabalhista da Universidade de York, em Toronto, que escreveu extensivamente sobre o uso da IA no local de trabalho. “Os sindicatos na Europa estão mais conscientes dos usos das tecnologias do ponto de vista da vigilância. Isso não é algo em que os sindicatos na América do Norte tenham se concentrado.”
Monitoramento de Trabalhadores pela IA
Na Alemanha, existem leis que exigem que as empresas notifiquem seus conselhos sobre IA e outras novas tecnologias. A maioria tem conselhos de trabalho, que são comitês de gestão de trabalhadores que abordam desde horários de férias até o ritmo de trabalho e os efeitos da IA. Aliás, empresas como a Deutsche Telekom de telecomunicações, proibiu que algoritmos demitam trabalhadores sem qualquer intervenção humana. Assim como de usar dados coletados por monitoramento para disciplinar ou demitir.
Assim, a AFL-CIO, a principal federação trabalhista dos EUA, criou um instituto de tecnologia para desenvolver conhecimentos e políticas sobre IA. Que planeja treinamentos para educar líderes sobre novas tecnologias.
Já a Câmara de Comércio dos EUA diz que a IA e a análise podem ter benefícios substanciais para os trabalhadores e a produtividade. Assim, fornecendo insights sobre o desempenho e permitindo treinamentos direcionados. Além disso, o monitoramento poderia ajudar a prevenir a violência no local de trabalho. Por exemplo, registrando o comportamento.
“Embora haja benefícios claros” para a IA, disse ao The Guardian Michael Richards, diretor de políticas do centro de engajamento de tecnologia da câmara. “Entendemos que há preocupações legítimas em torno do uso da tecnologia”. Aliás, os empregadores “reconhecem que o envolvimento em um diálogo inclusivo sobre o uso de novas tecnologias é fundamental para promover uma cultura de confiança com os funcionários”, acrescentou.
Fontes: 360news, globo, theguardian, época